Eduardo Fischer, CEO da MRV&CO: a alfabetização nos canteiros de obra oferece ferramentas para o trabalhador crescer (Gabriel Araújo/Divulgação)
Publicado em 26 de junho de 2025 às 06h00.
Última atualização em 26 de junho de 2025 às 11h20.
Consistência no longo prazo. É assim que Eduardo Fischer, CEO da incorporadora MRV&CO, resume a abordagem ESG da empresa. O próprio ciclo de negócios dá pistas da perspectiva temporal: entre a compra dos terrenos e a entrega das chaves, os projetos levam de cinco a oito anos.
De acordo com dados do Indicador de Analfabetismo Funcional 2025, três em cada dez brasileiros são analfabetos funcionais. E a construção civil concentra significativa parcela da população que faz parte dessa estatística. “Esse é um problema violento, porque limitar a linguagem de uma pessoa também impacta sua capacidade de crescer. Faltam ferramentas para além das próprias mãos e músculos”, analisa Fischer.
Uma realidade que levou a empresa a criar, em 2015, o programa Escola Nota 10, integrando ensino e trabalho nos canteiros de obra. O objetivo é proporcionar educação básica aos funcionários das construções, que não raro chegam ao trabalho sem ter concluído nenhum nível de formação. E a iniciativa contempla ainda educação financeira e segurança do trabalho.
As aulas ocorrem durante o expediente, incorporadas à rotina de trabalho. Para ampliar o alcance do projeto, a MRV firmou parcerias com governos municipais e organizações como a Alicerce Educação, empresa de impacto social que fornece estrutura acadêmica. Ao longo desses dez anos, mais de 5.000 alunos se formaram no Escola Nota 10, sendo 279 deles só em 2024.
O foco em inclusão também resultou no programa Elas Transformam, voltado para mulheres em vulnerabilidade, que são capacitadas para atuar na construção civil, área predominantemente masculina. As 180 horas de aulas práticas e teóricas passam por conhecimentos de manutenção predial, eletricidade, revestimento e pintura. Mais de 400 mulheres já receberam essa formação, com taxa de empregabilidade de 78% no primeiro ano após a conclusão.
O resultado moveu ponteiros internos. Atualmente, a corporação conta com mais de 50% de mulheres na liderança. Nos canteiros, a presença ainda é menor, mas registra expressivos 27% de engenheiras. “Percebemos que as equipes se tornam mais femininas a partir do momento em que uma mulher se torna chefe. É quando ela sobe na carreira e traz consigo auxiliares, assistentes e estagiárias”, explica o CEO.
Na agenda ambiental, a corporação tem buscado alternativas para tornar duas principais matérias-primas, concreto e aço, menos poluentes até 2030. O esforço revisa a cadeia de fornecimento na redução de emissões de carbono. A empresa passou a realizar estudos de vulnerabilidade climática referentes aos empreendimentos, analisando possíveis impactos dos negócios partindo da elevação do nível do mar, inundações e deslizamentos de terra.
Para 2025, a MRV pretende ampliar a escala dos projetos, especialmente na área social. “Falamos que estamos na indústria maravilhosa, já que a demanda é maior que a oferta o ano inteiro. O que gera muitas oportunidades e nos confere maior responsabilidade de promover impacto social”, conclui Fischer.
Em 2024, a gestora de shoppings Allos anunciou, durante sua participação na COP29, no Azerbaijão, a antecipação do cumprimento das metas ambientais dos quatro shoppings localizados na região da Bacia Amazônica, que neste ano receberá a COP30, em Belém. Mas o ano registrou muitos outros marcos da agenda ESG da companhia. A gestora de shoppings alcançou 84% de energia renovável e capacitou 17.000 lojistas em gestão de resíduos.
Por meio de compostagem e logística reversa, 62% dos resíduos foram recuperados, correspondendo a 48.386 toneladas desviadas de aterros. Na esfera social, investiu 11,5 milhões de reais em mais de 2.000 iniciativas sociais que alcançaram 700.000 pessoas. Primeira do setor a integrar o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 em 2023, a empresa estabelece para 2025 a neutralidade de carbono dos shoppings em Belém e Manaus, consolidando impacto significativo na região amazônica.
A incorporadora Tegra destaca em sua estratégia ESG o plano Cidades Regenerativas 2030, que orienta oportunidades de geração de valor sustentável com pessoas no centro das decisões. A construtora estabeleceu a meta de impactar 2,4 milhões de pessoas até 2030, por meio de ações em educação, cultura, capacitação e voluntariado.
Até o final da década, a empresa espera também zerar o balanço líquido de emissões, reduzindo 50% nos escopos 1 e 2 e 15% no escopo 3, além de compensar 110% das emissões residuais. Na economia circular, devem ser aportados recursos da ordem de 30 milhões de reais para desenvolvimento de soluções. Outra grande aposta para 2025 é o Tegra Maker, programa interno de incentivo à inovação e desenvolvimento de projetos de grande potencial transformador.