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No mundo, quem anda de veículo elétrico, provavelmente anda de moto

Frota global de veículos de duas e três rodas é mais de dez vezes superior à dos carros de passeio

Corrida elétrica: para cada automóvel elétrico de passeio fabricado no mundo, há mais de dez motos elétricas (Lit Motors/Divulgação)

Corrida elétrica: para cada automóvel elétrico de passeio fabricado no mundo, há mais de dez motos elétricas (Lit Motors/Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 25 de janeiro de 2024 às 06h00.

O avanço dos carros elétricos domina o noticiário dos últimos anos, mas outra categoria de veículos, a de duas rodas, é que vem fazendo uma ultrapassagem silenciosa: para cada automóvel elétrico de passeio fabricado no mundo, há mais de dez motos elétricas.

Segundo dados da BloombergNEF, a frota global de veículos elétricos de duas e três rodas, excluindo bicicletas, já supera 280 milhões de veículos, enquanto os carros de passageiros somam quase 30 milhões. A frota de elétricos pesados, como ônibus e caminhões, soma 1,5 milhão. A maioria dos veículos, em todas as categorias, está na China.

O relatório da Bloomberg, porém, faz um alerta. “Há um risco crescente de que a transição não seja igualitária e que muitas economias percam os benefícios de uma melhor qualidade do ar e de novos investimentos”, aponta o estudo Electric Vehicle Outlook.

No Brasil, a venda de carros elétricos é mais lenta, mas atingiu recorde em 2023, com quase 94.000 emplacamentos, alta de 91% sobre o ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Entre os pesados, a venda de caminhões novos caiu de 667 unidades em 2022 para 242 no ano passado. Já os ônibus foram de nove para 65 no mesmo período. A ABVE não tem dados atualizados do mercado de duas rodas, em um sinal de como o avanço dessa categoria ainda gera pouco interesse. De acordo com dados do IBGE, de 2022, o Brasil tem 25,7 milhões de motos e 60,4 milhões de carros.]

“A mobilidade elétrica no Brasil sobre duas rodas ainda não cresceu, mas tem uma oportunidade interessante por causa da demanda por motos de baixa cilindrada. A moto é muito usada para trabalhos por aplicativo”, diz Ricardo Bastos, presidente da ABVE.

Para 2024, o mercado brasileiro terá duas grandes mudanças: a volta do imposto de importação, desde 1o de janeiro, e o início do programa Mover Auto. Com a nova taxa, um modelo Volvo EX30, por exemplo, passou a custar 229.950 reais, 10.000 reais a mais. Apesar do encarecimento, a ABVE espera que as vendas subam 60% em 2024, para 150.000 unidades. Já o Mover Auto, sancionado pelo presidente Lula em dezembro, trará mudanças nos incentivos fiscais, para estimular a produção nacional.

Montadoras chinesas como BYD e GWM anunciaram fábricas no Brasil e a expectativa é que os primeiros elétricos feitos aqui sejam lançados a partir de 2025. Atualmente, o país só produz híbridos, da Toyota e Caoa Chery. Fora do Brasil, o avanço será mais forte, especialmente na China e Europa. Com isso, as vendas globais de elétricos devem atingir 26,6 milhões em 2026, ante 6,6 milhões em 2021, projeta a BloombergNEF. A aceleração silenciosa dos elétricos ainda tem muita estrada pela frente.   


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