Maria Claudia Souza, diretora-sênior de assuntos corporativos na Mondelēz: “Pequenos produtores são peça-chave na agricultura sustentável” (Leandro Fonseca /Exame)
Publicado em 26 de junho de 2025 às 06h00.
Na fabricante de alimentos Mondelēz, a abordagem de responsabilidade socioambiental é feita com base principalmente em agricultura regenerativa, redução de impacto ambiental e fortalecimento de comunidades locais. No último ano, partindo de uma jornada mais firme desde 2018, a companhia alcançou redução de 37% nas emissões na manufatura e 12% na cadeia de valor global.
Entre as iniciativas que se destacam está a destinação de recursos milionários em pesquisa e inovação para desenvolver embalagens mais sustentáveis, respondendo a uma das principais demandas ambientais do setor. O objetivo neste momento é avançar na economia circular, chegando a 98% de embalagens recicláveis até o fim de 2025. Simultaneamente, a companhia busca reduzir o uso de plástico virgem nas embalagens em 5% e a utilização de plásticos rígidos virgens em 25%.
Na área de ingredientes e agricultura, o Brasil ocupa uma posição de destaque entre as operações da organização, impulsionado sobretudo pela biodiversidade e pelas condições propícias para produção de chocolate.
Maria Claudia Souza, diretora-sênior de assuntos corporativos e governamentais da Mondelēz Brasil, afirma que, “embora o Brasil tenha dimensões continentais, o modelo produtivo de sucesso e terras cultiváveis conferem ao país um enorme potencial de ser um grande produtor mundial”.
Não por acaso, o cuidado territorial norteia a visão de negócios, materializando-se em iniciativas como Cocoa Life, projeto global que busca garantir a sustentabilidade no plantio, na colheita e na gestão do cacau. Desde 2012, a Mondelēz aportou mais de 1 bilhão de dólares na iniciativa, com foco na capacitação para técnicas de manejo e aumento da produtividade. “Desenvolvemos pequenos produtores para a aplicação de um modelo que possibilite o crescimento do cacau com outros cultivos, contribuindo para o reflorestamento de espaços antes degradados”, explica Souza.
Mais de 1.900 produtores brasileiros estão inscritos no Cocoa Life. A assistência resultou em incremento médio de 40% na produção e aumento de 35% na renda familiar dos participantes. A meta para o final de 2025 é que 100% do cacau utilizado nas marcas de chocolate seja produzido por intermédio desse programa.
Na agenda climática, a companhia busca atingir a neutralidade de carbono até 2050, implementando ações e tecnologias inovadoras na cadeia logística. A priorização do transporte marítimo para locomoção de insumos e produtos diversifica a matriz de transporte, tornando-a mais eficiente e reduzindo o impacto ambiental.
A refrigeração dos produtos com caminhões com placas “acumuladoras de frio” mantém temperatura constante e dispensa fontes de energia poluentes, operando com energia elétrica e solar. “Somos a primeira companhia do mundo a desenvolver a tecnologia e utilizá-la para refrigeração com temperaturas positivas em veículo de grande porte”, celebra Souza. Onze caminhões já utilizam essa inovação, com projeção de expansão para 50 veículos até 2026.
Desde 2012, mais de 2.000 hectares degradados foram transformados em florestas, com capacidade de absorver aproximadamente 150.000 toneladas de carbono — um resultado da Carbon Booster, iniciativa de plantio de mudas nativas para sequestrar o CO₂ da atmosfera. “Nosso objetivo é assegurar que cada árvore plantada realmente contribua para a regeneração ambiental e o combate às mudanças climáticas”, conclui a executiva.
Em quatro anos, a indústria alimentícia Danone reduziu em 48% as emissões de CO₂ na fabricação de leite, garantindo que um quinto da produção seja de baixo carbono. Para além do impacto ambiental, suas iniciativas reverberaram socialmente. Um dos exemplos mais relevantes é a Jornada Flora, programa de agricultura regenerativa que aumentou em 14% a renda de produtores.
No último ano, a companhia também atingiu 52% de mulheres na liderança, superando a meta para 2025. E expandiu seu programa para carreiras negras, atingindo 17% de pretos e pardos na liderança. Com compromissos claros que passam por todos os pilares ESG, para 2025, entre todas as ações em curso, a grande expectativa é reduzir o teor de açúcar em produtos infantis e melhorar em 30% a eficiência energética.
Clima, circularidade, gestão de água, agricultura sustentável, geração de renda e mobilidade social, fortalecimento do poder de consumo e da base econômica do país: quase nada escapa à estratégia de sustentabilidade da fabricante de bebidas Ambev.
Entre os resultados alcançados, a companhia destaca o fato de já operar com 100% de energia renovável em todas as unidades desde 2024. Nos últimos anos também investiu fortemente no apoio a startups e novos negócios, somando mais de 20 milhões de reais em aportes em projetos de inclusão produtiva. Nesse sentido, o destaque é o hub Bora, que já impactou mais de 500.000 pessoas. Agora, a meta é alcançar emissões zero até 2040 e incluir 5 milhões de brasileiros até 2032.