Revista Exame

Mineração, metalurgia e siderurgia

CBA, AVB e Gerdau são destaques na categoria Mineração, metalurgia e siderurgia no Melhores do ESG 2023

Leandro Faria, gerente-geral de sustentabilidade da CBA: “Nossas emissões de carbono são menores do que a média global no setor” (Leandro Fonseca/Exame)

Leandro Faria, gerente-geral de sustentabilidade da CBA: “Nossas emissões de carbono são menores do que a média global no setor” (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 14 de junho de 2023 às 06h00.

CBA

Na Companhia Brasileira de Alumínio, a CBA, todos os investimentos são alinhados com conceitos ESG e pautados por uma estratégia que considera dez alavancas, sendo cinco no pilar ambiental, duas no social e três em governança. Essas alavancas são desdobradas em 15 programas, que englobam 33 objetivos. “Os projetos de modernização e ampliação da capacidade produtiva levam em conta esses critérios para, por exemplo, reduzir nossas emissões de carbono”, diz Luciano Alves, presidente da CBA. Como resultado, a companhia cortou em 26% suas emissões de 2019 a 2022, pretendendo chegar a 40% até 2030.

“Hoje, estamos bem posicionados em relação às emissões. A média mundial de geração de gases de efeito estufa para a produção de alumínio líquido é de 12,6 toneladas de carbono emitido por tonelada produzida, enquanto na CBA o índice é de 3,03. Isso é possível por meio de matriz energética renovável, uso de biomassa e eficiência da operação”, diz Lean­dro Faria, gerente-geral de sustentabilidade da CBA.   

Outra decisão no rumo da sustentabilidade é aumentar o conteúdo reciclado nos produtos. “O produto reciclado tem algo em torno de 0,5 tonelada de carbono a cada tonelada de alumínio”, diz Faria. Por isso, a CBA realizou a aquisição da Alux. “Entre as metas para 2030 está ampliar para 80% o volume de reciclagem de alumínio com sucata industrial e de obsolescência na Metalex.” O executivo lembra também que a CBA é uma das fundadoras do Legado das Águas e proprietária e mantenedora integral do Legado Verdes do Cerrado, ­áreas de floresta nativa preservada geridas pela Reservas Votorantim. As duas organizações emitiram juntas o primeiro crédito de carbono do cerrado a partir de florestas conservadas. A área certificada tem 11.500 hectares e capacidade de emissões médias anuais de 50.000 créditos de carbono. Na primeira emissão, foram gerados 316.000 créditos, referentes ao período de 2017 a 2021.  

Para impactar mais a cadeia, a CBA iniciou, em 2021, a implementação do Programa Suprimentos Sustentável. Na primeira etapa, focada nos fornecedores prioritários, foram estabelecidos os critérios ESG. Em seguida, os demais fornecedores passaram pelo mesmo processo. “Temos mais de 4.000 fornecedores. É importante ressaltar que essa metodologia não visa excluir uma empresa, e sim melhorar a qualidade do trabalho de todos”, afirma Luciano Alves. Em relação à diversidade e inclusão de funcionários, ao fim de 2022 a CBA registrou 21% de mulheres na liderança — mais do que o dobro de cinco anos atrás. “O setor é tradicionalmente mais masculino, mas estamos mudando esse cenário e temos como meta ter 25% de liderança feminina até 2025. Também olhamos para outros temas de diversidade, como étnico-racial e LGBTQIA+”, finaliza Alves.

Marina Filippe 


AVB

Em 2022, a Aço Verde do Brasil (AVB) foi apontada pela World Steel Association como a empresa do setor com o menor indicador mundial de emissões de carbono por tonelada de aço bruto produzido de 2018 a 2021. 

A siderúrgica manteve o valor de seu inventário anual de gases de efeito estufa (GEE) de 2021 de 0,02 tonelada de carbono emitido por tonelada de aço produzido (tCO2 e/t aço). Segundo a entidade, a média mundial é de 1,89 tCO2 e/t aço. 

Neste ano, a AVB vai dar um importante passo para uma empresa que atua no setor siderúrgico: avançar no projeto de geração zero de resíduo. Para isso, será inaugurada uma unidade de briquetes a frio, como são chamados os blocos compactos de alta densidade feitos de resíduos gerados na produção do aço. Na unidade de produção, 100% dos resíduos sólidos serão utilizados nos altos-fornos. 

O material até agora não tinha empregabilidade. Como ganho, além de evitar o descarte de material, a AVB vai diminuir o uso de minério de ferro e de biocarbono em até 10%, além de permitir o reaproveitamento de 100% dos resíduos sólidos gerados na usina.

Paula Pacheco


Gerdau

No ano passado, a Gerdau se tornou a maior recicladora de sucata ferrosa da América Latina. A empresa transforma, por ano, mais de 11 milhões de toneladas de sucata em aço novo, o que responde por 71% da produção total da siderúrgica. Mais do que a liderança, a conquista representa um diferencial no competitivo mercado de aço. A reciclagem evita a emissão de 1,5 tonelada de carbono por tonelada de aço produzido. Com isso, as emissões médias da Gerdau são de 0,9 tonelada, enquanto a média global do setor é mais do que o dobro, 1,89 tonelada. A meta é diminuir esse valor para 0,83, em sete anos. 

O aço de baixo carbono da companhia virou pop. Neste ano, a Gerdau será a fornecedora de 300 toneladas de aço reciclado para o festival de música The Town, que acontece em setembro em São Paulo. Os insumos serão usados para moldar estruturas fixas e temporárias, incluindo equipamentos de entretenimento e fundação de edificações e infraestrutura do Autódromo de Interlagos, onde serão montados os palcos. 

“No ano passado tivemos uma parceria com o Rock in Rio, quando as estruturas tinham 73% de aço reciclado. Agora, no The Town, chegamos aos 100%”, diz Gustavo Werneck, CEO da Gerdau. Além do aço de baixo carbono, a Gerdau e o The Town anunciam o compromisso de impactar positivamente cerca de 1.000 pessoas de 290 famílias moradoras da Favela do Haiti, em São Paulo, por meio do programa Favela 3D da ONG Gerando Falcões.

Rodrigo Caetano 

Acompanhe tudo sobre:Revista EXAME

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda