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Bens de Capital e Eletroeletrônicos: Empresa WEG teve lucro líquido de quase R$ 1 Bilhão

Conheça as empresas que estão fazendo a diferença no setor

Fabricante teve lucro líquido bem acima do esperado pelos analistas.  (Catarina Bessell/Exame)

Fabricante teve lucro líquido bem acima do esperado pelos analistas.  (Catarina Bessell/Exame)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 24 de junho de 2022 às 06h00.

WEG

É possível que não exista uma empresa brasileira mais bem posicionada do que a WEG para captar as oportunidades da transição energética. Fundada em 1961, a companhia fabrica baterias, sistemas e componentes elétricos, produtos voltados, principalmente, para a eficiência energética. A alta nos custos da energia, que levou a conta de luz para as alturas, além do risco recente de apagão enfrentado pelo Brasil por causa da falta de chuvas, fez o resultado da WEG disparar. No primeiro trimestre deste ano, a fabricante teve lucro líquido de 943,9 milhões de reais, bem acima do esperado pelos analistas. 

Uma das principais frentes da WEG são os equipamentos para geração, distribuição e transmissão de energia. O segmento dobrou de tamanho, graças ao avanço da energia solar distribuída, que compreende os painéis solares instalados em telhados de casas e comércios. A WEG é pioneira no fornecimento de soluções em energia fotovoltaica para o mercado nacional e tem 2 gigawatts de equipamentos fotovoltaicos distribuídos e 500 megawatts em usinas construídas. 

A eletrificação dos transportes é outra tendência viabilizada pela WEG. Em maio deste ano, a empresa integrou dois movimentos importantes da indústria. Ela vai fornecer a infraestrutura de recarga dos caminhões elétricos da fabricante de bebidas Ambev, que terá a maior frota eletrificada do Brasil, com 250 veículos. A empresa também fechou uma parceria com a montadora Renault para fornecer estações de recarga para o Kwid E-Tech Electric, até o momento o carro elétrico mais barato do mercado brasileiro. Quem comprar o carro poderá também adquirir os equipamentos de recarga da WEG diretamente na concessionária. 

As parcerias para a mobilidade elétrica anunciadas neste ano ainda incluem a BMW e o grupo Stellantis (Fiat, Chrysler e Citroën). “Somos uma empresa ESG por essência”, afirma Hilton José da Veiga Faria, diretor de RH e sustentabilidade da WEG. Além do desenvolvimento de equipamentos fundamentais para a transição energética, a fabricante se preocupa com a circularidade de seus produtos. Ela mantém um programa de troca de motores, por exemplo, que oferece desconto aos clientes, desde que adquiram um equipamento mais eficiente. Dessa forma, recolhe motores usados e ainda reduz o consumo de energia dos clientes. 

Mas de nada adianta esse desenvolvimento tecnológico se o relacionamento com as comunidades não acompanha o padrão. “Não existe empresa saudável em uma comunidade doente”, diz Faria. A WEG opera 46 parques fabris em 12 países. Essa dimensão faz com que a empresa trate sua política de investimentos sociais como estratégica. Outra preocupação é com o bem-estar dos funcionários. A WEG distribui 12,5% do lucro para seus empregados, que em 2021 receberam quatro salários a mais no ano. A empresa também mantém escolas profissionalizantes que já formaram 4.500 pessoas contratadas. “Temos casos de três gerações da mesma família que passaram pela nossa escola”, orgulha-se Faria. 


Randon

Historicamente, o grupo gaúcho Randon, de Caxias do Sul, um dos principais fabricantes de implementos rodoviários da América Latina, foi conhecido por sua preocupação com a comunidade. É uma empresa com valores e cultura fortes, preocupada com a sociedade na qual está inserida. Faltava organizar esse modelo de atuação em torno dos princípios ESG, o que foi feito no ano passado, quando a Randon anunciou seus cinco pilares de sustentabilidade. 

A agenda ESG da Randon está organizada em torno dos temas condução ética e responsável, compromisso com o meio ambiente, excelência e segurança como um valor, inovação sustentável e prosperidade para todos. Para cada dimensão foram definidas metas e compromissos públicos. Na área ambiental, por exemplo, a companhia quer reduzir em 40% suas emissões de gases de efeito estufa até 2030. Também quer zerar a disposição de resíduos em aterros até 2025 e zerar o lançamento de efluentes — a Randon já trata todos os efluentes, mas agora vai buscar reaproveitar 100% deles.

Outros compromissos públicos incluem duplicar o número de mulheres em cargos de liderança até 2025 (atualmente, elas representam 11% da liderança), zerar os acidentes graves em suas fábricas e ampliar a receita gerada por novos produtos e inovação. Para isso, a Randon lançou, há dois anos, seu braço de venture capital, a Randon Ventures, que nasceu com 15 milhões de reais para investir em startups.


Tupy

Em abril deste ano, a siderúrgica Tupy anunciou a compra da fabricante de motores e geradores MWM. O valor da aquisição foi de 865 milhões de reais. A união tem tudo para ser perfeita. As duas empresas estão no caminho para descarbonizar seus negócios.

Multinacional brasileira com 80 anos de mercado, a Tupy se especializou em estruturas complexas de ferro fundido, usado em setores como transporte, máquinas agrícolas, infraestrutura e geração de energia. Já a MWM produz motores de outras marcas sob contrato e geradores. O que está acontecendo nesses mercados é um movimento para substituir os combustíveis fósseis, em especial o diesel, por fontes renováveis. 

“Essa transação está alinhada tanto à estratégia de crescimento dos negócios atuais quanto à promoção de soluções viáveis para contribuir com a descarbonização, um dos desafios de nossos clientes”, afirmou Fernando Cestari de Rizzo, CEO da Tupy, no último relatório de sustentabilidade. “Como a Tupy, a MWM dedica-se à pesquisa e ao desenvolvimento pensando em um futuro multicombustível.”

Um dos destaques dessa união é a área de geradores a biometano. Essa é uma solução eficiente para locais onde não há distribuição de gás natural, mas há disponibilidade de biomassa, como rejeitos do agronegócio ou urbanos. Aterros sanitários, por exemplo, podem aproveitar o metano gerado pela decomposição de resíduos orgânicos para gerar energia, num processo completamente circular.

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