Navio com carregamento de contêineres: as barreiras tarifárias trazem prejuízos econômicos para os países no médio prazo | Dan Barnes/Getty Images
Filipe Serrano
Publicado em 11 de abril de 2019 às 05h08.
Última atualização em 25 de julho de 2019 às 14h55.
Seja nos Estados Unidos, seja no Brasil, quando um segmento da indústria se vê ameaçado pela concorrência estrangeira, os políticos são pressionados pelas empresas e pelos trabalhadores a proteger seus mercados e a aumentar as tarifas de importação. A medida é cheia de boas intenções, afinal o objetivo é defender os empregos e a economia doméstica. Mas o que se vê é que, no final, os consumidores é que saem prejudicados, porque acabam pagando mais por produtos que são, geralmente, de pior qualidade. Um estudo recente de economistas do Fundo Monetário Internacional e da Universidade da Califórnia em Berkeley dá uma dimensão dos prejuízos econômicos provocados por esse protecionismo.
Analisando os dados de 151 países de 1963 a 2014, os economistas concluíram que o aumento de tarifas de importação diminui o crescimento da economia, faz o país perder produtividade, eleva o desemprego e agrava a desigualdade social. Um exemplo: o aumento de 1 ponto percentual nas tarifas de importação leva a uma redução de 0,4% do PIB em cinco anos, segundo o cálculo dos economistas. No momento em que os Estados Unidos e a China negociam um acordo comercial, não faltam razões econômicas para encerrar a disputa tarifária que marcou a relação entre as potências nos últimos 12 meses. Empresas e consumidores agradeceriam.
ÁFRICA
Embora o número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza tenha caído nas últimas décadas, a miséria ainda continua elevada em países africanos. Dos 422 milhões de pessoas que vivem em condição de miséria no mundo, 70% estão na África. Mas há sinais de avanços. Segundo a consultoria austríaca World Data, especializada em análise de dados socioeconômicos, pela primeira vez o número de pessoas abaixo da linha de pobreza deve começar a diminuir na África a partir deste ano. Se o ritmo previsto se concretizar, 45 milhões de pessoas deverão sair da extrema pobreza até 2030.
ARGENTINA
Faltando pouco mais de seis meses para as eleições na Argentina, o presidente Mauricio Macri enfrenta um dilema dos grandes. Por um lado, seu governo precisa dar continuidade a um severo ajuste fiscal iniciado no ano passado para tentar colocar as contas públicas em ordem e manter controlada a alta taxa de inflação do país. Por outro, suas medidas — duras, porém corretas — vêm tendo um custo pesado para a população. Com a economia em recessão e o desemprego em alta, o número de pessoas consideradas pobres cresceu. E elas já não podem mais contar com os subsídios das tarifas de energia que antes eram bancados pelo governo.
Por essas e outras razões, a popularidade do governo Macri deslizou. Apenas 23% da população aprova sua gestão. Segundo um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que analisa a situação da economia argentina, as eleições serão um teste para as políticas de ajuste adotadas no governo Macri. Um dos pontos mais problemáticos é que a Argentina já enfrenta um déficit fiscal há quase oito anos, e equilibrar os gastos públicos é mais do que urgente para garantir o crescimento sólido no futuro.