Drone no setor elétrico: substituição de pessoal e ganho de tempo | Bai Yu inhua/Eyevine/Glow Images
Flávia Furlan
Publicado em 26 de abril de 2018 às 05h39.
Última atualização em 26 de abril de 2018 às 05h39.
TECNOLOGIA X PRODUTIVIDADE
Tecnologias que nem existiam ou eram caras demais há uma década estão elevando a produtividade nas empresas hoje. Um estudo da consultoria americana BCG mediu o impacto de diferentes avanços tecnológicos nas empresas de energia e descobriu como elas estão economizando tempo e dinheiro. Inovações como drones, realidade aumentada e inteligência artificial estão digitalizando as operações de distribuidoras e geradoras — companhias nas quais, em geral, mais da metade da força de trabalho é composta de empregados de campo, que representam cerca de 40% da folha de pagamentos.
Segundo o BCG, empresas desse setor podem economizar 50% do tempo nas atividades externas com o apoio de novas tecnologias. Um exemplo é o uso de drones para vistoria e manutenção de redes elétricas. Já o uso da realidade aumentada para assistência técnica remota gera uma oportunidade de economizar 25% no tempo da solução de falhas de equipamento — reduzindo também o prazo de resposta das companhias em caso de queda de energia.
Na prática, as novas tecnologias estão permitindo às empresas investir em times técnicos enxutos, mas altamente especializados. E ainda ajudam a resolver um problema causado pelo envelhecimento da população, especialmente nos Estados Unidos e nos países da Europa: como falta gente com capacitação, as novas tecnologias substituem os técnicos que se aposentam. As conclusões do trabalho do BCG podem ser aplicadas a outros setores que têm uso intensivo de mão de obra, como telecomunicações e transportes.
CONSUMO
A crise econômica está ficando para trás, mas seus efeitos vão demorar a desaparecer. Um deles está no consumo: o brasileiro ficará mais comedido pelo menos até 2022. Um estudo conduzido pela consultoria britânica Euromonitor mostrou que as vendas de produtos mais caros deverão crescer a uma taxa menor nos próximos anos ou até cair, enquanto as de artigos mais baratos deverão ter um avanço significativo.
O destaque fica com os produtos de cuidado com animais de estimação, cujas vendas deverão crescer 64% no período de 2014 a 2022. Os produtos eletrônicos — em geral, mais caros — deverão ter queda de 9%. “A profundidade da recessão econômica deixou marcas no brasileiro que tornaram seu consumo mais cuidadoso, um hábito que se manterá no médio prazo”, diz Elton Morimitsu, analista de pesquisa da Euromonitor.
GLOBALIZAÇÃO
O EFEITO DAS BARREIRAS
A onda protecionista global pode gerar um efeito indesejado: a fragmentação digital, que ocorre quando há restrições à circulação de dados, produtos, serviços e profissionais de tecnologia entre os países. O número de leis para controlar o uso de dados cresceu de 324, em 2010, para 1 263, em 2016, entre os membros do G20, que agrega países desenvolvidos e emergentes. “Essas leis são criadas para trazer privacidade ou promover a segurança”, diz Armen Ovanessoff, diretor da consultoria Accenture Research para a América Latina. “Mas elas podem ter consequências negativas não intencionais.”
Um estudo da Accenture, com 402 diretores de tecnologia de empresas com faturamento anual acima de 250 milhões de dólares de Alemanha, Brasil, Coreia do Sul, China, Estados Unidos, Índia, Japão e Reino Unido, mostra que, para 86% deles, o aumento de barreiras à globalização trará problemas como elevação de custos, maior complexidade operacional e comprometimento de planos de crescimento digital dos negócios. Para eles, a chance de suas empresas terem de sair de um mercado, postergar ou abandonar os planos de entrar em um novo país, por causa das barreiras, é de 74% nos próximos três anos.
INFRAESTRUTURA
A SAÍDA PELO NORTE
O volume de grãos exportados pelos portos do chamado Arco Norte do país vai mais do que dobrar na próxima década, segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Bain. Os dados mostram que, em 2016, os portos do Norte e do Nordeste do país escoaram 35 milhões de toneladas, mas deverão alcançar 74 milhões de toneladas exportadas em 2025. O maior avanço será dos portos de Vila do Conde e Santarém, ambos no Pará, cuja exportação deverá crescer 23 milhões de toneladas. Apesar do avanço, a maior parte das exportações de graõs ainda será feita pelos portos das regiões Sul e Sudeste do país em 2025.
ENERGIA RENOVÁVEL
OS QUERIDINHOS DOS INVESTIDORES
Está difícil desbancar a China, mas o Brasil está colado nela quando o assunto é o destino preferido dos investidores de energia renovável. O dado consta de estudo realizado pela consultoria KPMG com 200 executivos de empresas da Ásia, da Europa, do Oriente Médio, da África e das Américas, todas com investimentos diretos no setor de energia renovável. O resultado mostrou que 35% das empresas estão propensas a investir na China nos próximos 12 meses, enquanto 33% disseram que o destino será o Brasil.
Quando o assunto são as fusões e as aquisições no setor de energia, no entanto, o Brasil come poeira: 40% disseram que estão de olho na China, ante apenas 8% no Brasil. “A China atrai por sua boa situação financeira e pela estratégia de investir fortemente em energia renovável até 2020”, diz Franceli- Jodas, sócia do setor de energia da KPMG.
INTERNET
NO VÁCUO DA OI
Um grupo chamado de “operadoras competitivas” de telecomunicações ganhou esse nome porque, apesar de formado por empresas menores e novatas, consegue concorrer num mercado dominado por gigantes. Pois bem, essas operadoras têm mostrado que juntas podem ter um impacto significativo. Dados da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços em Telecomunicações, elaborados em parceria com a consultoria Teleco, mostram que as operadoras competitivas responderam por oito em cada dez novas vendas de banda larga fixa em 2017.
Com o avanço, neste ano o grupo desbancou a posição da Oi, que está toda enrolada num processo de recuperação judicial. Juntas, as operadoras competitivas, que somam 3.500 empresas, alcançaram 22% de participação de mercado, ante 21% da Oi. Há quatro anos, as competitivas tinham apenas 12% do mercado de banda larga fixa no país, e a Oi, 27%. A liderança é da operadora Claro, com 31% de participação, seguida da Vivo, com 26%.
ENSINO PROFISSIONAL
QUER PAGAR QUANTO?
Metade dos brasileiros está disposta a investir até 499 reais por mês num curso de qualificação para o mercado de trabalho, como um segundo idioma ou a programação de softwares. É o que diz uma pesquisa da Instructure, desenvolvedora americana de softwares para educação profissional, com 500 entrevistas feitas em fevereiro com adultos de todas as regiões brasileiras. Por esse valor, os entrevistados esperam que os cursos ofereçam uma gama de recursos digitais para complementar o aprendizado em sala de aula, como conteúdos online e videoconferência com os professores.
Com Reportagem de Fabiane Stefano e Leo Branco