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Ágil e transparente: como a tecnologia blockchain pode reduzir tempo e dinheiro

Usada por um número cada vez maior de empresas, a tecnologia tem potencial de reduzir os custos com burocracia e tornar as transações mais eficientes

Obra Data Flux, de Ryoji Ikeda: com o blockchain, os dados ficam armazenados em um sistema seguro e confiável (SOPA Images/Getty Images)

Obra Data Flux, de Ryoji Ikeda: com o blockchain, os dados ficam armazenados em um sistema seguro e confiável (SOPA Images/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 11 de março de 2021 às 05h26.

A tecnologia blockchain não é apenas a rede pela qual circulam moedas como o bitcoin, e seu uso não é restrito às pessoas que investem nesse mercado. Trata-se, na verdade, de uma tecnologia inovadora, com potencial para modificar modelos de negócios e promover inovação em mercados distintos. 

Como utilizam bancos de dados digitais compartilhados, sincronizados e espalhados geo­graficamente, as redes em block­chain oferecem uma maneira segura e transparente de manter um registro digital auditável. Por causa dessa característica, a tecnologia é eficaz para, por exemplo, fazer o rastreamento de cadeias de produção, manter o registro do histórico de transferências e da troca de documentos, entre outros usos.

“O block­chain garante transparência imediata e abrangente. Como as transações adicionadas ao block­chain têm registro de data e hora e não podem ser facilmente adulteradas, elas são rastreadas facilmente”, diz Emmanuelle Ganne, analista da Organização Mundial do Comércio. Num relatório recente, ela afirmou que o uso da tecnologia blockchain pode remover barreiras e gerar mais de 1 trilhão de dólares em negociações comerciais ao longo da próxima década.

Um exemplo dos benefícios do blockchain para as empresas são as transações do comércio internacional, que envolvem complexidades legais, documentações e altos custos. Para citar apenas um caso, a remessa de produtos refrigerados da África para a Europa requer mais de 200 interações entre 30 agências diferentes. Apenas o processo de financiamento, desde sua aprovação até a emissão da carta de crédito, pode levar de sete a dez dias. A tecnologia blockchain pode reduzir drasticamente o tempo, a quantidade de trocas de dados e, consequentemente, os custos da operação.

“Há aumento nos níveis de confiança devido à capacidade da tecnologia de fornecer um registro compartilhado, totalmente rastreável, com carimbo de data e hora. E a tecnologia permite ainda que processos sejam executados automaticamente via contratos inteligentes, melhorando a eficiência e a produtividade”, diz Tatiana Revoredo, especialista em blockchain e colunista da EXAME.

No ano passado, um acordo de exportação de máquinas entre Japão e Austrália permitiu que todos os trâmites comerciais fossem realizados em uma plataforma baseada em blockchain. O tempo de processamento caiu de vários dias para apenas 2 horas. E houve redução no custo de mão de obra e de despacho de documentos. 

(Arte/Exame)

Diversas empresas já fazem uso da tecnologia com objetivos que nada têm a ver com o bitcoin ou outras criptomoedas. Uma delas é o varejista americano Walmart, que criou um sistema para rastrear a cadeia de produção de alimentos vendidos em suas lojas nos Estados Unidos. A sul-coreana Samsung desenvolve diversos projetos em blockchain para governos, hospitais, portos e aeroportos. A petroleira saudita Aramco usa a tecnologia para rastrear a cadeia de suprimentos do petróleo.

A fabricante de aeronaves Boeing é outra que já se rendeu à tecnologia, por meio do desenvolvimento do sistema ­SkyGrid, que usa blockchain para o controle de tráfego aéreo. Já o supermercado Carrefour adotou o blockchain para rastrear a linha de produção de 30 tipos de produtos, como ovos, salmão e queijo. Os exemplos são muitos e incluem ainda empresas como as montadoras BMW, Ford, GM, Hyundai e Honda, que recentemente criaram um sistema em blockchain para combater fraudes na venda de carros usados. 

Uma amostra do interesse no uso corporativo da tecnologia vem do Valor Capital Group, empresa de capital de risco que já investiu em empresas como Stone e Gympass. O grupo investe em startups de blockchain e pretende abrir um fundo exclusivo para esse mercado ainda em 2021. Esses e outros investidores estão de olho em um mercado que pode movimentar 1,75 trilhão de dólares até 2030, segundo estimativa da consultoria PwC. Ainda é cedo para avaliar o real impacto do blockchain no mundo dos negócios, mas é fato que essa tecnologia veio para ficar, e que seu potencial de inovação não pode mais ser ignorado.  

(Arte/Exame)

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