Revista Exame

Magazine Luiza reduz emissões com transporte marítimo e amplia rota de veículos elétricos

Varejista captou US$ 130 milhões do IFC, braço de investimentos do Banco Mundial, que conta com metas ambientais rigorosas

Ana Luiza Herzog, diretora de reputação e sustentabilidade do Magalu: a maior vendedora de eletrônicos do país tem o papel de dobrar a logística reversa desses materiais (Leandro Fonseca /Exame)

Ana Luiza Herzog, diretora de reputação e sustentabilidade do Magalu: a maior vendedora de eletrônicos do país tem o papel de dobrar a logística reversa desses materiais (Leandro Fonseca /Exame)

Publicado em 26 de junho de 2025 às 06h00.

Com 21 centros de distribuição operando no país, o varejista Magazine Luiza enfrenta um problema matemático comum a tantos setores: como crescer sem aumentar proporcionalmente as emissões de carbono? A resposta do Magalu, reconhecida como melhor empresa na agenda ESG em sua categoria, passou por tecnologia, mudanças na logística e parcerias financeiras inéditas.

Com a maior parte das emissões vindo da movimentação de produtos entre fornecedores, centros de distribuição e clientes finais, em 2024 a empresa desenvolveu uma ferramenta de inteligência artificial para monitorar emissões em tempo real e acompanhar a pegada de carbono por meio de relatórios mensais. Adicionalmente, ampliou a frota de veículos elétricos para mais de 50 caminhões, com investimento de 9 milhões de reais distribuídos em três anos. A mudança mais significativa, no entanto, foi a adoção da cabotagem. O transporte marítimo reduziu em 70% as emissões nas transferências entre centros de distribuição.

“Os recursos, sejam de investimentos, sejam de pessoas, não são abundantes”, reflete Ana Luiza Herzog, diretora de reputação e sustentabilidade.

Para equalizar mais essa questão, após quase dois anos de negociações a varejista captou, em abril deste ano, 130 milhões de dólares com o IFC, braço de investimentos do Banco Mundial. A operação tem cinco anos de prazo, com metas ambientais obrigatórias. Os recursos devem bancar sobretudo a expansão tecnológica da companhia.

Conforme o comunicado do Magazine Luiza na época, a operação tem prazo de cinco anos e dois de carência. Para pagar menos taxas de juro, o Magalu se comprometeu na negociação a aumentar a coleta de equipamentos eletrônicos em 25% até 2026, o que resultaria em 85 toneladas. E, até 2028, promete chegar a 144 toneladas. A ambiciosa meta duplica o já expressivo volume recolhido em 2024. 

“Quando você faz a reversa e traz esses produtos para o processo produtivo novamente, é um processo chamado ‘mineração urbana’ — você está diminuindo a necessidade dessa atividade tradicional, que é intensiva em energia”, explica a diretora de reputação e sustentabilidade. Como maior vendedor de eletrônicos do país, o Magalu lida com o descarte de produtos desde 2021, quando passou a manter pontos de coleta em suas lojas. Hoje são 525 unidades equipadas para receber aparelhos usados. No ano passado, foram recolhidas 70 toneladas de lixo eletrônico, um crescimento de 300% em comparação a 2023.

Para alcançar os números previstos para os próximos três anos, instalará novos pontos de coleta em suas 1.245 lojas até dezembro. Em Franca, onde a empresa nasceu, um projeto-piloto envolveu 64 escolas em competição de coleta, resultando em 32 toneladas recolhidas.

A empresa mantém programa de combate à violência contra mulheres desde 2017, criado após um caso de feminicídio interno. Já atendeu mais de 1.300 funcionárias. Também trabalha com metas de contratação de pessoas negras para cargos de liderança. “Esse é o único indicador que tem benefícios atrelados, mas temos outros a perseguir, como a melhoria da matriz de riscos climáticos”, diz a diretora sobre as métricas do financiamento verde.

DESTAQUE DO SETOR

Leroy Merlin

São 45 lojas no Brasil e a meta de ser a mais completa e sustentável plataforma do lar até 2030. Para alcançar esse objetivo, a rede de lojas de materiais de construção Leroy Merlin criou em 2024 um sistema que classifica seus 80.000 itens por critérios de sustentabilidade. Ainda em fase de testes, a ferramenta já catalogou cerca de 6.000 produtos com atributos ecológicos — desde madeira de reflorestamento até materiais de fontes renováveis.

Na gestão de resíduos, atingiu 76,4% de desvio de aterro, próximo da meta de 80% até 2025. Destaca-se o projeto Areia Circular, que transformou 14.000 quilos de resíduos cerâmicos, evitando o descarte de 1.750 pisos e gerando 150 empregos. Paralelamente, a iniciativa Leroy Merlin Recicla coletou 84 toneladas de material reciclável. Na frente social, uma parceria entre a companhia e o Espro capacitou 320 jovens em vulnerabilidade, resultando em 22,8% de empregabilidade e 44% de aumento na renda familiar.

Mercado Livre

O Mercado Livre, companhia de varejo eletrônico, processou 51,5 bilhões de dólares em vendas durante 2024, consolidando sua posição como principal plataforma de e-commerce latino-americana. A empresa impacta diretamente cerca de 1 milhão de varejistas brasileiros que dependem da plataforma como fonte primária de receita. No segmento logístico, a empresa opera 3.603 veículos elétricos regionalmente, concentrando 2.241 unidades no Brasil.

Essa frota viabilizou a distribuição de 70 milhões de encomendas com redução significativa nas emissões de carbono. Com a iniciativa Biomas a um clique, ativa desde 2020, comercializa produtos da sociobiodiversidade, registrando 70.000 itens vendidos no último ano. O programa beneficiou mais de 36.000 produtores, conectando conservação ambiental e geração de renda em biomas latino-americanos.

Acompanhe tudo sobre:1276

Mais de Revista Exame

Estagnado há 4 décadas, Japão vê novo obstáculo com tarifas de Trump

Um bilhão para casar: o mundo do bilionário casamento indiano

Einstein reduz 60% das emissões com energia eólica e engaja 3 mil fornecedores em ESG

Avião e feijão: Brasil e Índia podem aumentar parcerias em defesa e no agro, diz embaixador