Bernie Sanders: o sistema de saúde universal proposto por ele durante a campanha entrou no debate público graças ao coronavírus (Brittany Greeson/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2020 às 05h00.
Última atualização em 26 de março de 2020 às 07h19.
Quando a edição anterior da revista EXAME foi às bancas com a manchete “O vírus que devorou 2020”, o número de contaminados pelo coronavírus era de 120.000 pessoas, a maioria delas na China. Duas semanas depois, quando foi concluída esta nova edição da EXAME, com novo logotipo, novo projeto gráfico e novas seções, o número de casos passava de 380.000 — com mais de 300.000 fora da China. O Brasil já tem 2.000 casos, num ritmo de contágio que, segundo o Ministério da Saúde, deve continuar crescendo por meses.
A pandemia reforça a fragilidade do sistema de saúde e a dificuldade do poder público de se organizar para responder rapidamente a uma grave crise. Mas também tem o poder de, subitamente, forçar as melhores mentes do planeta a repensar a economia e o desenvolvimento social. Nesta edição mostramos que propostas até semanas atrás tidas como radicais nos Estados Unidos, como um sistema de saúde universal, passam a ser discutidas até em alas mais liberais do Partido Republicano.
Mérito do senador Bernie Sanders, um socialista de 78 anos que deve perder a corrida pela indicação democrata, mas, graças à covid-19, manterá muitas de suas ideias vivas na campanha. Outra reportagem mostra como empresas e governos mundo afora tentam evitar um cataclismo no sistema de saúde — e também na economia. É uma crise que demanda uma análise desapaixonada e sem ideologias. Reduzir juros, ampliar programas sociais e reforçar políticas anticíclicas são medidas que podem exigir deixar a austeridade de lado por um tempo — mas por quanto tempo?
E como achatar a curva de contágio sem fazer a curva de desemprego explodir? São temas tratados a partir da pág. 56. A reportagem de capa mostra como as implicações da pandemia, de um jeito trágico, anteciparam hábitos que levariam anos para ganhar escala em áreas como trabalho, lazer e educação. Em algumas funções, trabalhar de casa pode aumentar a produtividade. Mas a falta de interação pode matar a capacidade da sociedade de inovar, como aponta o economista Edward Glaeser em entrevista.
Numa das novidades desta nova EXAME, numa grande entrevista quinzenal, Salim Ismail, um dos fundadores da Singularity University, explica como as instituições podem ser menos reticentes à inovação — e assim acelerar até a cura de doenças. A pandemia do coronavírus é uma tragédia humana, econômica e social, mas pode fazer com que comunidades, cidades e países se fortaleçam. Aprender com as grandes crises e com os desafios do dia a dia é uma das missões desta nova EXAME. Boa leitura.