Gustavo Werneck, CEO da Gerdau: “Operamos melhor, com mais resultado, e geramos mais dinheiro ao darmos atenção ao ESG” (Leandro Fonseca /Exame)
Publicado em 26 de junho de 2025 às 06h00.
Conforme estatísticas, a indústria siderúrgica mundial responde por até 9% das emissões globais de carbono. Não por acaso, a Gerdau, destaque máximo do setor, empenhou tantos esforços em uma estratégia ESG que combina economia circular com inovação tecnológica, redefinindo os padrões ambientais da metalurgia brasileira.
A empresa produz, atualmente, aço com 70% de reciclagem de sucata, processo que reintroduz anualmente 11 milhões de toneladas de resíduos metálicos no ciclo produtivo, consolidando sua posição entre as maiores recicladoras da América Latina. A operação ainda gera impacto social direto, envolvendo mais de 1 milhão de pessoas na cadeia de reciclagem, de catadores a separadores e processadores. “Considerando o ecossistema envolvido, beneficiamos cerca de 1 milhão de pessoas”, diz Gustavo Werneck, CEO da companhia.
O modelo circular também conferiu à Gerdau o posto de fabricante de aço mais limpo em relação à média nacional. Enquanto o setor emite cerca de 2 toneladas de CO² por tonelada de aço produzido, a Gerdau registra apenas 0,84 tonelada. E a pegada de carbono é 58% inferior em relação aos demais produtores.
Um marco em 2024 foi a inauguração de um parque solar em Arinos, Minas Gerais, em parceria com a Newave. Viabilizada por um investimento de 1,5 bilhão de reais, a unidade tem capacidade instalada de 420 MWp.
Werneck projeta que a companhia alcançará 50% de autoprodução de energia de baixa emissão. “Isso nos posiciona privilegiadamente na geração de pegada de carbono. E já estamos avaliando a viabilidade de novos investimentos similares ao de Arinos”, detalha.
Na frente social, a atuação da siderúrgica fez diferença para a recuperação do Rio Grande do Sul, estado natal da companhia. Após as enchentes que atingiram mais de 80% dos municípios em 2024, a Gerdau aportou mais de 50 milhões de reais para a recuperação de casas e móveis dos seus mais de 250 funcionários que perderam tudo. E apoiou a construção de moradias temporárias, reconstrução de pontes e resgate de comunidades isoladas.
Para o CEO, priorizar impacto social e sustentabilidade na estratégia do negócio gerou mais do que benefícios reputacionais. “A Gerdau opera melhor, gera mais resultados e ganha mais dinheiro dando atenção a esses temas. Os consumidores estão cada vez mais exigentes com o que consomem, então cuidar de ESG não é só fazer o bem: é parte da nossa competitividade.”
Em 2025, a companhia marcará presença na COP30, com foco no legado para as populações amazônicas e nas oportunidades amplificadas com os holofotes voltados para o Brasil. “É uma oportunidade ímpar para mostrar o que o país já tem e produz, destacando o aspecto ambiental como um fator de competitividade brasileira”, acredita Werneck.
Entre 2022 e 2026, a siderúrgica ArcelorMittal estabeleceu como meta investir 25 bilhões de reais no setor de aço. A companhia busca 100% de energia renovável nas operações até 2030, o que deve ser viabilizado em partes, com parcerias de 5,8 bilhões de reais com a Casa dos Ventos e a Atlas. As fontes eólica e solar deverão reduzir emissões em 200.000 toneladas de CO2 anuais. A companhia possui certificação ResponsibleSteel, que reconhece a produção responsável de aço, mas ainda quer reduzir 25% das emissões globais de carbono nos próximos cinco anos.
Para avançar na descarbonização, aposta em tecnologias e inovações, que incluem desenvolvimento de aço a partir de hidrogênio verde, estimulando a transformação do setor siderúrgico com impacto ambiental reduzido. Por meio da Fundação ArcelorMittal, destinou mais de 45 milhões de reais para projetos de educação, cultura e esporte. E, até 2030, a empresa quer 25% de mulheres na liderança.
Em 2024, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) comemorou a implementação do uso de filtros-prensa em uma de suas barragens, reduzindo assim os riscos relacionados à umidade. Foram investidos 520 milhões de reais nessa tecnologia. Adicionalmente, o transporte da bauxita por meio de ferrovias contribuiu para a redução de 40% nas emissões, além de aumentar a capacidade de transporte do minério.
A empresa captou 425 milhões de reais em empréstimos vinculados a metas de redução de emissões, com 45% da dívida bruta ligada a financiamentos sustentáveis, uma estratégia que orienta os investimentos na ampliação da capacidade de processamento e modernização de operações.
Para 2025, estão previstos 750 milhões de reais para modernização das Salas Fornos, projeto que visa reduzir emissões, diminuir o consumo de água e aumentar a eficiência energética. A companhia também expandirá sua capacidade de reciclagem, com o novo Centro de Processamento em São José do Rio Preto, para 5.000 toneladas anuais.