Fábrica da Ford no ABC: vendida para um fundo imobiliário (Danilo M Yoshioka/FuturaPress)
Marília Almeida
Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 05h42.
Última atualização em 11 de fevereiro de 2021 às 13h50.
Os fundos imobiliários (FIIs) atingiram em 2020 a marca de 1 milhão de investidores pessoa física. Mas os FIIs também se provaram uma opção atraente para empresas. Os fundos chamaram a atenção de grandes empresas como Pão de Açúcar, que vendeu 39 imóveis por 1,18 bilhão de reais ao fundo da TRX; e a Ford, que vendeu sua fábrica em São Bernardo do Campo por 557 milhões de reais para um FII do BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME), a construtora São José e investidores do Credit Suisse.
Razões não faltaram. Por um lado, as companhias puderam reforçar a liquidez em meio à crise; por outro, tiraram proveito da baixa taxa de juro para travar valores menores de aluguel por períodos longos, de até 15 anos, muitas vezes nos locais dos quais eram donos antes da venda. “Algumas empresas perceberam que tinham muito dinheiro investido em imóveis, mas precisavam de investimentos para reforçar sua operação”, diz Gabriel Barbosa, diretor da TRX.
O maior negócio foi a aquisição da torre de escritórios EZ Tower, em São Paulo, por 1,2 bilhão de reais por um fundo do BTG. “O mercado está crescendo e, à medida que atrai investidores, abre espaço para aquisições. Aproveitamos para comprar bons ativos pouco replicáveis, pensando nos próximos 15 anos”, diz Michel Wurman, sócio responsável pela área imobiliária do BTG.
O volume de aquisições já igualou o total em 2019. Uma diferença é que os negócios se tornaram maiores e mais coordenados, analisa Arthur Vieira de Moraes, professor na EXAME Academy. “O negócio pode ser atraente para empreendedores. É uma venda de patrimônio que não implica venda de ações, diluição de participação dos acionistas e consequente perda de poder político”, diz. São reflexos de um mercado em franco desenvolvimento.