Revista Exame

O novo home office: como empresas estão reinventando o convívio digital

Ferramentas que facilitam a cooperação digital e estratégias que melhoram o bem-estar dos funcionários são os novos pilares da produtividade

Escritório da Salesforce em São Francisco: modos de trabalhar e de conexão reimaginados (Divulgação/Divulgação)

Escritório da Salesforce em São Francisco: modos de trabalhar e de conexão reimaginados (Divulgação/Divulgação)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 26 de abril de 2023 às 06h00.

A esta altura do campeonato, nem todos lembram exatamente como eram os dias de trabalho antes da pandemia. A turma que é só elogios para o home office se diz bem mais produtiva e equilibrada trabalhando longe dos demais colegas. Os que têm filhos puderam estreitar os laços com eles, profissionais recém-formados se viram autorizados a morar em cidades mais em conta — dando adeus aos preços cobrados nos grandes centros urbanos —, e muita gente se viu livre para dar mais atenção ao próprio bem-estar. 

Apesar das vantagens, o trabalho remoto já não tem a força de antes. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), 57,5% das empresas brasileiras permitiram ou impuseram o home office, de forma parcial ou total, em 2021. No ano passado, esse índice despencou para 32,7%. Dois anos atrás, por exemplo, 72,4% das companhias do setor industrial deram ok para as rotinas flexíveis — em 2022, só 49%. 

De maneira geral, a quantidade de profissionais com direito a pelo menos um dia de trabalho remoto baixou de 55,5%, em 2021, para 34,1%, em 2022. E não foram poucas as lideranças que se posicionaram quase como Elon Musk em relação ao tema. De acordo com a CNBC, o bilionário teria escrito um e-mail para os funcionários de sua montadora, no ano passado, dizendo o seguinte: “Qualquer pessoa que queira trabalhar remotamente deve estar no escritório por no mínimo 40 horas semanais ou sair da Tesla”. Alegando “tempos difíceis à frente”, Musk também proibiu o home office no Twitter, a menos que seja aprovado por ele.

Polêmicas à parte, o trabalho remoto não traz só vantagens. De acordo com um estudo recente da Deloitte, os colaboradores trabalham cerca de 3 horas a mais por dia, em média, do que antes da pandemia. Quem exerce atividades que não podem ser desempenhadas à distância, obviamente, não teve suas rotinas afetadas. Mas nem a turma que torceu o nariz para o home office desde o primeiro minuto — pela dificuldade de se concentrar com os filhos em casa, por exemplo —, e voltou para o trabalho presencial assim que pôde, saiu incólume. 

Ao longo da pandemia, afinal, o trabalho se digitalizou ainda mais. E o resultado é que mesmo quem vai para o escritório dia sim, dia também não costuma estar a salvo de mensagens, e-mails e chamadas de vídeo em horários de lazer. 

Por outro lado, tanto as jornadas remotas como as híbridas fazem com que inúmeros colegas simplesmente não se conheçam — ou se conheçam muito pouco ou não se conheçam mais. “Os últimos dois anos nos desafiaram a reimaginar não apenas como trabalhamos mas também como nos conectamos — e o que significa construir uma cultura em um mundo totalmente digital e com gente trabalhando de qualquer lugar”, declarou Brent Hyder, presidente e chief people officer da Salesforce. 

Líder mundial em soluções de gestão de relacionamento com clientes (CRM), a big tech contratou dezenas de milhares de funcionários remotamente desde o início da pandemia. E muitos ainda não conheceram pessoalmente seus chefes diretos ou os colegas com os quais interagem diariamente. A situação dos colaboradores mais antigos não é muito diferente: muitos não tiveram oportunidade de trocar um aperto de mão ou um abraço desde que a covid-19 virou o mundo do avesso. 

Trailblazer Ranch: novidade na Califórnia é usada para imersão dos colaboradores (Divulgação/Divulgação)

Não à toa, a última pesquisa de satisfação de funcionários da Salesforce constatou que o que eles mais querem, atualmente, é encontrar maneiras de se conectar. “Precisamos trazer de volta, e já, a espontaneidade e a alegria que resultam dos encontros presenciais”, defende Hyder. 

Para tentar resolver o problema, a companhia tirou do papel o Trailblazer Ranch.­ Trata-se de uma espécie de retiro que se vale das instalações do 1440 Multiversity, um espaço de eventos com direito a hospedagem. Com o dobro do tamanho do Parque do Povo, em São Paulo, o empreendimento situa-se em Redwoods of Scotts Valley, na Califórnia, Estados Unidos. A 64 quilômetros do Vale do Silício, é conhecido por oferecer experiências de aprendizagem imersivas com foco em bem-estar.

Desde março, o endereço é utilizado pela Salesforce para a integração de novos colaboradores, treinamentos e cursos de capacitação. No meio-tempo, eles são convidados a participar de atividades como ioga, meditação, caminhadas guiadas e aulas de gastronomia. Em parceria com o 1440 Multiversity, a companhia quer desenvolver novos programas de engajamento de funcionários.

Nas palavras da big tech, o Trailblazer Ranch “é um novo e empolgante local de encontro onde os funcionários podem estabelecer relacionamentos de confiança com seus colegas, aprender uns com os outros, se inspirar, crescer em suas carreiras, receber treinamento e retribuir à comunidade em um ambiente divertido e seguro”. A novidade também ambiciona estimular a conexão, a colaboração e o clima amistoso entre os funcionários. 

A companhia não tem dúvida de que as rotinas de trabalho flexíveis vieram para ficar e de que os espaços físicos servem a um propósito diferente do que serviam há dois anos. “Mas também sabemos que precisamos alinhar nossa empresa à nossa cultura e nos reunir com segurança, pessoalmente”, afirmou o mesmo executivo da Salesforce. “A cultura é nossa maior vantagem competitiva — envolve nosso pessoal, impulsiona a criação de nossos produtos e ajuda nossos clientes a terem sucesso.” 

A espécie de retiro na Califórnia também é fruto da preocupação da companhia com o bem-estar dos funcionários. “Estamos incentivando os colaboradores a se afastarem de suas telas depois de anos de chamadas no Zoom”, declarou Hyder. “O Trailblazer Ranch é uma oportunidade para eles se desconectarem da tecnologia e se conectarem uns com os outros.” De acordo com a Deloitte, 80% dos funcionários do mundo corporativo consideram o bem-estar deles importante ou muito importante para o sucesso de suas organizações. 

Ferramentas que facilitam a cooperação digital são outro diferencial cada vez mais evidente. De acordo com a oitava edição do relatório State of Marketing, que se debruça sobre as principais tendências do setor para 2023, as equipes da área estão apostando boa parte das fichas em tecnologias de colaboração. São cruciais, afinal, para evitar a dispersão de funcionários geograficamente espalhados. 

Ainda segundo o estudo, elaborado pela Salesforce, os profissionais de marketing estão fazendo uso, em média, de quatro ferramentas do tipo. A videoconferência, por exemplo, é utilizada por 46% dos colaboradores da área, enquanto 45% recorrem a aplicativos de mensagens instantâneas ou de bate-papo. Só 38% recorrem ao bom e velho telefone; 41% gravam mensagens de voz; 42% compartilham documentos; e 43% seguem redigindo e-mails.

A verdade é que a velocidade e a facilidade de colaboração podem salvar, ou afundar, o sucesso de uma equipe de mar­keting — e sobretudo no atual contexto, marcado por incertezas econômicas e novas tecnologias que se sobrepõem num ritmo frenético. E ainda há o aumento das expectativas dos clientes, os novos desafios em relação à gestão de dados e o advento de indicadores de desempenho mais precisos. 

Tudo isso para dizer que a vida dos departamentos de marketing já foi mais fácil. De acordo com o relatório da Salesforce, 69% dos profissionais da área dizem que colaborar com suas equipes agora está mais difícil do que antes da pandemia. É de concluir que a rápida mudança para o contexto da colaboração virtual não tem sido fácil. 

Uma das maiores empresas de energia solar do Brasil, a Mori soube revolucionar seu departamento de marketing para adequá-lo aos novos tempos como poucas. Em funcionamento desde 2012, a companhia se dedica principalmente à construção e à operação de usinas de energia que se valem de placas fotovoltaicas. As que já saíram do papel evitam a emissão de 215.635 toneladas de dióxido de carbono a cada ano, o que equivale ao cultivo de 1,3 milhão de árvores. 

O modelo de negócios da Mori é baseado, principalmente, em assinaturas. Os interessados contratam, de maneira 100% digital, a quantidade de energia solar, em quilowatt-hora, que desejam por mês — em residências, os gastos partem de 200 reais mensais. Daí a necessidade de uma solução de gestão de relacionamento com clientes (CRM) escalável e flexível. As jornadas digitais dos consumidores, afinal, precisam ser personalizadas. E a companhia também necessitava de uma interface mais amigável e de fácil utilização para sua equipe comercial. 

Brent Hyder: CPO da Salesforce defende a volta dos encontros presenciais entre equipes (Divulgação/Divulgação)

A Mori bateu o martelo em quatro soluções da Salesforce — Sales Cloud, Service Cloud, Engagement Customer e Marketing Cloud —, que passaram a fazer parte do dia a dia das áreas comercial, de operações e de marketing. Todas as ferramentas pertencem à plataforma Salesforce Lightning, que permite personalizações e o aprimoramento da experiência dos colaboradores.

Especializada em computação em nuvem e parceira da big tech, a CbCloud se encarregou da implantação do CRM, que durou dois meses e se fundamentou na metodologia Agile. Desde a implantação, a produtividade da equipe comercial da Mori aumentou mais de 200%, e o tempo do ciclo de vendas diminuiu 90%. 

O relacionamento com os clientes também melhorou sensivelmente. Agora, graças ao registro das jornadas dos consumidores no Marketing Cloud, o time de marketing da Mori consegue fazer comunicações automáticas. “E ainda há muito a ser explorado na plataforma da Salesforce”, declarou Alexandre Azeredo, gerente de TI da Mori. A meta agora é incorporar soluções de inteligência artificial para facilitar as tomadas de decisão estratégicas, melhorar ainda mais a produtividade e contribuir com o bem-estar dos funcionários. 


(Publicidade/Exame)

Acompanhe tudo sobre:exame-ceoHome officeGestão de pessoasprodutividade-no-trabalho

Mais de Revista Exame

Invasão chinesa: os carros asiáticos que chegarão ao Brasil nos próximos meses

Maiores bancos do Brasil apostam na expansão do crédito para crescer

MM 24: Operadoras de planos de saúde reduzem lucro líquido em 191%

MM 2024: As maiores empresas do Brasil