Revista Exame

Este pequeno país está entre os mais inovadores do mundo

O líder da agência de ciência e tecnologia de Singapura explica como um país de 5 milhões de habitantes está entre os mais inovadores do mundo

Lim Chuan Poh: “O Brasil precisa fazer um grande estudo para definir áreas prioritárias” (Foto:/Divulgação)

Lim Chuan Poh: “O Brasil precisa fazer um grande estudo para definir áreas prioritárias” (Foto:/Divulgação)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 1 de maio de 2017 às 05h55.

Última atualização em 1 de maio de 2017 às 05h55.

São Paulo – Singapura, um país com uma área menor do que a da cidade de São Paulo, está em sexto lugar no ranking Global Innovation Index, que mede a inovação em diferentes partes do mundo. (O Brasil ocupa a 69a posição.) Para Lim Chuan Poh, presidente do conselho da Agência de Ciência, Tecnologia e Pesquisa, ligada ao governo de Singapura, a receita é centrar os investimentos em setores com grande impacto econômico em vez de tentar atirar para todos os lados. Em uma viagem recente a São Paulo, Poh concedeu a seguinte entrevista a EXAME.

EXAME - 1) Como Singapura chegou ao topo do ranking de inovação?

Lim Chuan Poh - Conseguimos graças aos investimentos do governo em ciência e educação. A agência que comando foi criada em 1991 e, desde então, tem seu orçamento ampliado todos os anos. Nossa prioridade é manter pesquisas relevantes no setor industrial, responsável por cerca de 20% de nosso PIB.

EXAME - 2) Como o país escolhe os investimentos em inovação?

Lim Chuan Poh - Estamos constantemente nos perguntando: qual o futuro dessa tecnologia? O que vai criar mais valor? Sabemos que não podemos fazer tudo, mas escolhemos setores em que somos fortes ou em que queremos ser fortes nos próximos anos. Todos os anos fazemos mais de 1 000 projetos — 55% são com multinacionais, 38% com pequenas e médias empresas de outros países e 7% com empresas locais.

EXAME - 3) Quais são os segmentos prioritários?

Lim Chuan Poh - Avançamos bastante na área aeronáutica. Um de nossos parceiros antigos é a fabricante brasileira de aviões Embraer. Atualmente estamos começando a trabalhar num projeto de automatização da linha de produção da companhia aqui no Brasil. Também investimos muito na área biomédica e em soluções para as cidades inteligentes do futuro.

EXAME - 4) Como o país atrai talentos?

Lim Chuan Poh - O importante é ter as portas abertas. Qualquer um que puder contribuir será bem-vindo. Temos uma mentalidade oposta à de Trump. Enquanto o Ocidente se fecha, a Ásia se abre.

EXAME - 5) Qual o papel da educação?

Lim Chuan Poh - Nossa agência oferece bolsas de estudo para pessoas de Singapura estudarem fora e também para estrangeiros estudarem lá. Temos um grande programa sobre o vírus da zika e queremos atrair estudantes brasileiros. As pesquisas em microcefalia feitas aqui podem ser valiosas para nós.

EXAME - 6) Qual é o grau de interação entre as várias esferas do governo envolvidas com inovação?

Lim Chuan Poh - É muito grande. Os projetos costumam dar certo quando trabalhamos em conjunto. Antes de fazermos pesquisa com veículos autônomos, por exemplo, conversei com o ministro dos Transportes. A partir disso, as regulações foram mudadas rapidamente e hoje Singapura é referência nessa área.

EXAME - 7) Como o Brasil pode aprender com a experiência de Singapura?

Lim Chuan Poh - Fazemos o que é apropriado para Singapura. O Brasil precisa realizar um estudo profundo para entender as próprias necessidades. Antes de tudo, o país precisa de vontade política para fazer acontecer. Estudei os casos de Holanda, Suíça, Suécia, Japão e Coreia do Sul. Cada um encontrou seu caminho. Em comum, eles têm vontade política e foco para saber em que áreas do conhecimento investir.

Acompanhe tudo sobre:EducaçãoSingapura

Mais de Revista Exame

Invasão chinesa: os carros asiáticos que chegarão ao Brasil nos próximos meses

Maiores bancos do Brasil apostam na expansão do crédito para crescer

MM 24: Operadoras de planos de saúde reduzem lucro líquido em 191%

MM 2024: As maiores empresas do Brasil