(Chris Hondros/Getty Images)
Paula Barra
Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 05h59.
Última atualização em 13 de fevereiro de 2021 às 00h52.
Bolhas de ativos fazem parte do mercado há mais de 400 anos, desde a disparada do preço das tulipas na Holanda no fim do século 16. Mas nada parece se comparar ao momento atual. O excesso de recursos no mundo está levando diferentes categorias de ativos a preços recordes simultaneamente, a tal ponto que não são mais vozes isoladas que fazem o alerta de bolhas. O tema é cada vez mais recorrente nos relatórios de bancos e corretoras.
Nos Estados Unidos, os índices S&P 500 e Nasdaq estão em seus recordes históricos, depois de já terem subido 16% e 44%, respectivamente, no ano passado. Os estrategistas do Bank of America alertaram em janeiro que o “avanço extremo” em Wall Street está formando uma bolha nos preços dos ativos e que os excessos podem desencadear uma correção no primeiro trimestre.
O Goldman Sachs disse que há ações nas bolsas americanas com múltiplos tão elevados e acima da média histórica que dificilmente os investidores que estejam com esses papéis vão ter o retorno que desejam. “Claramente, existem ativos com dinâmica de bolha. O caso mais recente é o da GameStop (a ação chegou a subir mais de 2.400% em menos de um mês)”, diz Dan Kawa, executivo-chefe de investimentos da gestora brasileira Tag.
O fenômeno não está restrito ao mercado americano. “Há vários ativos no Brasil que também estão com os preços desconexos dos fundamentos”, diz Bruno Lima, analista-chefe da EXAME Research, citando que não é normal uma empresa subir 100% em um mês.
No mercado doméstico, a forte migração de recursos para a bolsa por causa dos juros baixos contribui para a alta. “Há um fator psicológico. O investidor começa a achar que é difícil as coisas darem errado e passa a usar métricas não convencionais para justificar o preço pago”, afirma.
Mas nem todos os ativos que subiram de forma muito rápida são bolhas. Há teses que podem se provar verdadeiras, como a da Tesla e a do bitcoin. As ações da fabricante americana de carros elétricos valorizaram 740% em 2020, enquanto o bitcoin subiu 303%. “Parece fazer sentido que vamos deixar de usar combustíveis fósseis daqui a alguns anos ou passar a usar moedas digitais”, diz Kawa. Se são apostas acertadas, o tempo vai dizer.