Paulo Henrique Ávila, fundador e CEO da Opacote: "percebi que a forma mais eficaz de crescer seria não competir diretamente com gigantes do varejo" (Divulgação (foto) e Catarina Bessell (Ilustração)/Exame)
Repórter
Publicado em 31 de julho de 2025 às 20h00.
1o lugar da categoria
OPACOTE | São José (SC)
PAULO HENRIQUE ÁVILA | Fundador e CEO
O que faz | Importa e distribui produtos entre os mais buscados nos marketplaces
Receita em 2024 | 7,9 milhões de reais
Ritmo de expansão | 44.524%
Motivo do crescimento | Apostou em tecnologia para descobrir produtos em alta nos marketplaces e criou marcas próprias
Repleto de altos e baixos, o empreendedorismo raramente é uma jornada em linha reta. O fracasso e o recomeço estão na ordem do dia para toda liderança. Geralmente, quem empreende faz isso mais de uma vez.
Entre as lideranças das 470 empresas do Ranking EXAME Negócios em Expansão 2025, 52,4% afirmaram já ter tido outra empresa além da selecionada neste ano. Por isso, apesar de muitos negócios do ranking terem poucos anos de vida, à frente deles podem estar empreendedores com muita bagagem.
Um exemplo é o catarinense Paulo Henrique Ávila, de 29 anos. Apesar da pouca idade, ele é um veterano. Na adolescência, fazia bicos descarregando caminhões numa metalúrgica. Depois que o pai o presenteou com um livro sobre os caminhos para a importação de eletrônicos da China, Ávila procurou fornecedores na internet e, ato contínuo, abriu uma lojinha no Mercado Livre, há 15 anos. De lá para cá, foram anos intermediando mercadorias para lá e para cá. O que começou de maneira informal virou a Opacote, uma importadora com sede em São José, na Grande Florianópolis.
Apesar de vender online, a Opacote não tem um site próprio. “Percebi que a forma mais eficaz de crescer seria não competir diretamente com gigantes do varejo, e sim integrar os marketplaces de forma estratégica”, diz Ávila.
Aberta há dois anos, a Opacote saiu de uma receita de 17.000 reais em 2023 para 7,9 milhões no ano seguinte, uma expansão de 44.545% em 12 meses. Foi o suficiente para colocar a Opacote na primeira posição na categoria Novatas do Ranking EXAME Negócios em Expansão 2025.
O avanço da empresa de Ávila tem muito a ver com o conhecimento adquirido por anos de trato com os clientes online. Um dos diferenciais da Opacote é uma tecnologia para analisar os produtos mais buscados nos marketplaces.
Um time de oito funcionários da empresa na China é responsável por encontrar fornecedores desses itens e desenvolver até cinco versões de cada. A ideia é atender todo tipo de orçamento, dos mais modestos aos sofisticados. Agora, por exemplo, um dos focos da Opacote são artigos domésticos como cuba de cozinha, torneiras, parafusadeiras e camas elásticas.
Enviados ao Brasil, os produtos ficam em centros de distribuição em Santa Catarina e São Paulo. “Em menos de 6 horas conseguimos colocá-los em todos os marketplaces”, diz Ávila. Até o ano que vem, a estrutura deve ser expandida para Espírito Santo, Bahia e Amazonas.
Veronica Taquette, fundadora e CEO da Maravi (Leandro Fonseca /Exame)
2o lugar da categoria
MARAVI | Rio de Janeiro
VERONICA TAQUETTE | Fundadora e CEO
O que faz | Desenvolve uma plataforma para gestoras de fundos de investimento
Receita em 2024 | 2,8 milhões de reais
Ritmo de expansão | 17.916%
Motivo do crescimento | Aperfeiçoou o produto para atender ainda mais as necessidades do público-alvo
Às vezes a jornada não linear ocorre numa mesma empresa. É o caso da Donatti, com sede em Vespasiano, na Grande Belo Horizonte, dedicada à fabricação de tratamentos capilares para salões de beleza.
A empresa foi aberta oficialmente em 2023, após três anos de reestruturação de outra operação, com o mesmo nome, focada em cosméticos. A mudança coincide com a chegada de Leonardo Neves, empreendedor que há 16 anos trocou uma carreira no banco Itaú para empreender no varejo online.
“Quando entrei, não tinha um gerente na empresa nem RH”, diz ele. “Plantamos política de governança, trocamos contabilidade, contratamos pessoas”, diz Neves. O mineiro adquiriu as cotas de um sócio que estava para sair, parcelou o pagamento em cinco anos e virou CEO no início de 2023.
Meses depois, um incêndio na fábrica trouxe um prejuízo de 3 milhões de reais. Foi preciso reconstruir a empresa por dentro e por fora. “Muitos concorrentes foram para o e-commerce, mas nós queríamos manter as nossas origens e, por isso, focamos no salão de beleza”, diz Neves.
A empresa trabalha com uma rede de distribuidores. Para crescer nesse canal, a Donatti passou a investir em tecnologia. Hoje, oferece crédito e uma plataforma para ajudar o distribuidor a escolher a melhor rota para escoar o produto em mãos. A atenção ao distribuidor tem dado certo. Em 2024, a Donatti aumentou a receita em 1.999%, chegando a 2,9 milhões de reais.
Se o normal para muitos empreendedores é uma jornada cheia de curvas e desvios, a trajetória da carioca Veronica Taquette tem o formato de uma montanha-russa. Taquette é fundadora da fintech Maravi, uma fornecedora de tecnologia para cálculos pesados utilizada por gestoras de fundos de investimento até então dependentes de planilhas. É um trabalhão, mas nada com que a empreendedora não esteja acostumada.
Há duas décadas, quando estudava engenharia da computação na Universidade Federal do Rio de Janeiro, a carioca já tentava desenvolver um sistema de pagamento pelo celular. “Aí reprovei em cálculo 2 e pensei ‘pera aí, ainda não está na hora de empreender’”, brinca.
De lá para cá, Taquette trabalhou com a interação entre tecnologia e finanças. No período, abriu duas empresas e virou sócia de outra. Em 2010, na startup Fly, chegou a criar sistemas para empresas de bilhetagem como o Ingresso.com, mas desfez a sociedade após um desacordo com os sócios sobre o público-alvo do negócio.
Na sequência, ela abriu a consultoria em tecnologia VTEC. O empreendimento durou pouco: logo Taquette foi convidada a ser sócia da desenvolvedora de sistemas Inoa, especializado no mercado financeiro. Lá, ficou quase dez anos, até abrir a Maravi com quatro sócios, em 2023. O negócio é 100% focado nas gestoras de fundos.
“É um mercado que exige muita excelência e precisão”, diz ela. “A ideia era construir um produto que fosse a espinha dorsal das operações das gestoras, algo que facilitasse a automação e a eficiência de processos críticos.”
Em 2024, a Maravi faturou 2,9 milhões de reais, alta de 17.916% em 12 meses. Hoje, 40 pessoas trabalham na empresa, incluindo outros 11 sócios. “Queremos ser a primeira opção em tecnologia das gestoras”, diz Taquette. “Ainda não há um vencedor claro nesse setor.”
Veja a lista completa das empresas selecionadas para o ranking aqui.