Revista Exame

Papel e Celulose Klabin segue embalando o futuro

Com a ajuda de sua maior fábrica, a KLABIN quer acelerar a geração de caixa e investir ainda mais em seu maior negócio: embalagens

DR

Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2018 às 11h14.

Última atualização em 17 de agosto de 2018 às 11h46.

Klabin iniciou suas atividades, em 1899, importando produtos de papelaria e produzindo artigos para escritório. Hoje, a marca talvez ainda não seja reconhecida facilmente pelos consumidores, mas de seu parque de 18 fábricas saem três tipos de celulose que dão origem a uma extensa gama de produtos do dia a dia, de papel de escrever  a papel higiênico, fraldas e absorventes. Há alguns anos, para reduzir os efeitos da flutuação dos preços globais de celulose, a Klabin vem apostando na área de embalagens, que já responde por 70% de sua receita. Em 2017, tinha 40% do mercado brasileiro de papéis kraft e 50% do suprimento de papel-cartão, ambos usados na fabricação de embalagens. Além disso, detinha metade do mercado de sacos industriais e 18% do de caixas de papelão. “O DNA da Klabin é de uma indústria de embalagens”, diz Cristiano Teixeira, diretor-geral da empresa. “Concluímos que a nova fábrica é a forma mais rápida de gerar caixa e voltar para os investimentos na área de embalagens de papel, que acreditamos ser a grande tendência nos próximos anos.”

Cristiano Teixeira, diretor-geral da Klabin: investimento em novas aplicações para o papel | Leandro Fonseca

A fábrica a que Teixeira se refere é a unidade de Ortigueira, no Paraná, inaugurada em junho de 2016, fruto de um investimento de 8,5 bilhões de reais que dobrou a capacidade de produção da Klabin. A expectativa para 2017 era alta, por ser o primeiro ano cheio de operação desde a abertura da fábrica. De fato, o faturamento da Klabin cresceu quase 16%, somando 2,6 bilhões de dólares. Mas não foi um ano fácil. A empresa teve lucro de 207 milhões de dólares, ante quase 900 milhões no ano anterior. Com isso, o retorno sobre o patrimônio caiu de 34% para 9%. Os resultados foram afetados pela depreciação do real em relação ao dólar — da dívida total no fim do ano passado, 72% eram em moeda americana. Ainda assim, o conjunto de indicadores da empresa a destaca como a melhor do setor de papel e celulose. Segundo um relatório da agência de classificação de risco Fitch, divulgado no início deste ano, a expectativa de geração de caixa operacional “substancialmente mais forte” da Klabin nos próximos anos a coloca em uma posição “bastante confortável” para absorver investimentos elevados.

O plano da companhia é intensificar a atuação no mercado de embalagens nas próximas décadas, por acreditar que o papel será cada vez mais usado como um substituto de menor impacto ambiental em comparação ao plástico, em especial para alimentos. Para aumentar a competitividade nessa área, a Klabin reestruturou seu departamento de inovação, que reúne mais de 100 funcionários e recebeu 70 milhões de reais nos últimos três anos. Em 2017, a empresa inaugurou seu centro de tecnologia em Telêmaco Borba, no Paraná, com equipes dedicadas à produtividade florestal e à criação de novas aplicações para celulose e papel.

Entre as linhas de pesquisa destacam-se os “bioprodutos”, que podem substituir materiais de origem fóssil, como os plásticos, na fabricação de embalagens. Outro passo na mesma direção foi dado no início deste ano quando a Klabin adquiriu 12,5% da startup israelense Melodea, especializada em tecnologia de extração de celulose nanocristalina. O objetivo é usar esse tipo de celulose, produzida integralmente com fontes renováveis, na criação de papéis e embalagens mais resistentes. “Estudos sobre outros usos da celulose, como biocombustível e insumo industrial, estão na prateleira de todas as fabricantes de papel e celulose”, diz Luciano Sampaio, da consultoria PwC. “Nos próximos cinco anos, isso ainda será um negócio marginal, mas a tendência é de crescimento.”

Acompanhe tudo sobre:KlabinMelhores e MaioresPapel e Celulose

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda