Revista Exame

Visão Global — Economia mundial segue em ritmo acelerado

Os dados divulgados até o fim de abril indicam que o PIB global teve um crescimento anual de 3,5% no primeiro trimestre, o melhor nível em três anos

Nova York: julgamento está previsto para começar no dia 7 de outubro de 2019 (Eduardo Munoz Alvarez/Getty Images)

Nova York: julgamento está previsto para começar no dia 7 de outubro de 2019 (Eduardo Munoz Alvarez/Getty Images)

FS

Filipe Serrano

Publicado em 10 de maio de 2018 às 05h50.

Última atualização em 10 de maio de 2018 às 05h50.

ECONOMIA MUNDIAL

EM RITMO ACELERADO

Depois de registrar no ano passado o maior crescimento em seis anos, a economia mundial continuou aquecida nos primeiros meses de 2018. Os dados divulgados até o fim de abril indicam que o PIB global teve um crescimento anual de 3,5% no primeiro trimestre, o melhor nível em três anos. A boa fase é puxada especialmente pelos países ricos, que vêm registrando aumento nas exportações e nos investimentos. Os números relativos ao emprego também têm sido positivos, favorecendo o aumento do consumo.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa de desemprego caiu para 3,9% no mês de março, o menor número desde dezembro de 2000. No Japão e na Europa, o desemprego também diminuiu. A China, outro motor da economia, vem se beneficiando do aumento da demanda nos países ricos e da expansão do comércio no mundo, apesar de sofrer as ameaças protecionistas do governo de Donald Trump. Agora, enquanto as empresas, os consumidores e os governos se aproveitam do bom momento econômico, muitos analistas se perguntam se ainda há espaço para uma expansão maior da economia ou se ela já atingiu um teto.

A consultoria FocusEconomics, que produz relatórios sobre 127 países, prevê que o ritmo de crescimento global diminuirá nos próximos trimestres, chegando a 3,2% em 2019 — o que ainda é um bom resultado, vale ressaltar. As maiores ameaças a essas projeções são uma escalada das disputas comerciais entre os Estados Unidos e a China e um sobreaquecimento da economia americana. Isso levaria o Fed, banco central dos Estados Unidos, a elevar os juros num ritmo mais rápido do que o esperado, medida que aumentaria o valor do dólar nos países emergentes, como o Brasil.

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ARGENTINA

UMA AMEAÇA PARA MACRI

A rápida valorização do dólar em relação ao peso argentino em 2018 criou uma preocupação adicional para o presidente da Argentina, Mauricio Macri. Mesmo depois de adotar uma série de reformas pró-mercado para reajustar a economia, o governo argentino continua com dificuldades para reduzir a inflação a um nível civilizado. Em março, a inflação anual ficou em 25%, ainda distante da meta do banco central da Argentina, de 15%. O aumento dos preços é consequência de um reajuste que elevou o custo da energia e do gás. A disparada do dólar só pressiona ainda mais a inflação, uma vez que as importações cresceram. O câmbio também é prejudicado por uma queda nas exportações de soja, cuja produção caiu para o menor nível desde 2009 por causa de uma forte seca. Não está fácil para nosso vizinho.

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PAÍSES EMERGENTES

O RISCO DE PERDER VAGAS

Fábrica de biscoitos:a automação ameaça os empregos | Peter Nicholls/Reuters

No debate sobre o impacto da tecnologia nos empregos, uma preocupação tem sido bastante levantada por especialistas: o que acontecerá com os trabalhadores de países emergentes caso as empresas decidam realocar a produção para os países ricos usando robôs? Esse é o tema central de um relatório de 118 páginas feito em conjunto por bancos de desenvolvimento regionais, entre eles o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Para os autores, além de os países emergentes correrem o risco de perder as vagas atuais, também devem ser menos beneficiados pela geração de empregos ligados às novas tecnologias. A razão está na baixa qualidade da mão de obra. Investir em educação é mais urgente do que nunca.

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TURQUIA

SEGUINDO OS PASSOS DO BRASIL?

Recep Erdogan, da Turquia: eleições adiantadas para junho | Turkish Presidency/Zuma Wire/ Fotoarena

Olhando friamente os dados do PIB da Turquia, pode parecer que o país está vivendo um milagre econômico. Em 2017, a Turquia registrou um crescimento de 7,4%, a maior alta em cinco anos. No entanto, o resultado esconde uma realidade muito mais complexa. O crescimento tem sido puxado por uma série de estímulos econômicos do governo do presidente Recep Tayyip Erdogan, como o aumento de incentivos fiscais. O resultado é que as contas públicas da Turquia vêm se deteriorando rapidamente. O déficit primário deve chegar a 1,5% do PIB neste ano, segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional. Num relatório publicado no final de abril, o FMI alerta que a economia turca já dá sinais de sobreaquecimento e há riscos de ocorrer uma rápida desaceleração num futuro próximo. Não é à toa que Erdogan decidiu adiantar para junho deste ano as eleições previstas para novembro de 2019.

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IRLANDA

TRADIÇÃO VERSUS LIBERALIZAÇÃO

Manifestantes em Dublin: um teste para a tradição católica | Szymon Barylski/Getty Images

Nos últimos dois meses, os habitantes de Dublin, capital da Irlanda, acostumaram-se a ver os postes de luz cobertos com cartazes que trazem imagens de fetos e mensagens contra ou a favor ao aborto. A campanha tem relação com um referendo histórico que será realizado em 25 de maio. Os eleitores serão consultados sobre a revogação de uma emenda constitucional, aprovada em 1983, que reconhece o direito à vida dos não nascidos e restringe o aborto apenas aos casos de ameaça à vida da mãe. É uma das leis mais restritivas da Europa. A questão divide os irlandeses. Apesar de a Irlanda ter uma forte tradição católica, a religião já não é tão presente, e o país vem se tornando mais liberal. Em 2015, o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado. E o primeiro-ministro Leo Varadkar é o primeiro homossexual a liderar o país.

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