Ariel Sterngold: “As pessoas querem mais escolhas e conveniência” (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 10h58.
São Paulo - O belga Ariel Sterngold, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Bevyz, empresa europeia dona de uma tecnologia que permite fazer várias bebidas com cápsulas, não para de viajar entre Europa, Estados Unidos e Brasil.
Sterngold está ajudando suas empresas parceiras, a Brastemp no Brasil e a Cuisinart nos Estados Unidos, na preparação do lançamento de uma máquina para uso doméstico, o que está previsto para 2015. Entre uma viagem e outra, Sterngold concedeu a seguinte entrevista a EXAME.
1) EXAME - A Pepsi tem uma participação em sua empresa e a Coca-Cola investe numa companhia que também tem uma fatia da Bevyz. A guerra das colas é coisa do passado?
Ariel Sterngold - Existe uma expressão em inglês que ajuda a entender o que está acontecendo. É frenemy (ou “amigo-inimigo”, numa tradução livre). A Apple e a Samsung são os maiores competidores no mercado de telefones celulares, mas parte dos itens do iPhone é feita pelos coreanos. O mundo mudou.
2) EXAME - O que as duas gigantes veem em sua empresa?
Ariel Sterngold - Hoje, quando alguém quer tomar um refrigerante ou energético, precisa sair de casa, ir ao supermercado, voltar cheio de garrafas e colocá-las na geladeira. No caso da bebida com gás, se quiser tomar apenas um copo, ainda corre o risco de ver a bebida perder a qualidade com o tempo. O que estamos propondo é uma revolução.
3) EXAME - O que sua tecnologia permite fazer?
Ariel Sterngold - Num primeiro momento, teremos sucos, chás, cafés, chocolates quentes e coquetéis. Num futuro próximo, teremos cervejas e até mesmo sopas.
4) EXAME - Que lições o senhor tirou do mercado de café em cápsulas?
Ariel Sterngold - Nosso princípio é semelhante ao das cafeteiras. O xarope do refrigerante, o extrato do chá ou o do suco ficam numa cápsula que, quando acoplada à máquina, determina a temperatura da água e se há gás ou não.
5) EXAME - Há alguns anos se fala no potencial das máquinas de bebidas em cápsulas, mas até agora não há nada comparável ao sucesso das máquinas de café. É mais fácil falar do que conquistar o mercado?
Ariel Sterngold - Até agora ninguém tinha apresentado uma tecnologia capaz de fazer bebidas quentes e frias com a mesma máquina. Nossa vantagem é conseguir extrair o conteúdo da cápsula diretamente para o copo, o que evita a mistura de sabores.
6) EXAME - As grandes fabricantes de cerveja do mundo dizem que sua máquina tem pouca chance de sucesso. O que o faz achar que as pessoas vão trocar as garrafas produzidas pelos fabricantes por bebidas feitas com cápsulas em casa?
Ariel Sterngold - As pessoas querem mais escolhas e conveniência. Isso pode ser observado por todos os lados. Os smartphones estão cheios de novos aplicativos. Hoje, compra-se a música que se quer num clique.
7) EXAME - Quais foram as principais diferenças entre a parceria de vocês nos Estados Unidos e a no Brasil?
Ariel Sterngold - No Brasil, a qualidade da água é um problema, o que exigiu um filtro mais bem-acabado. Nos Estados Unidos, há várias empresas competindo pelo mercado de cápsulas, e isso exige uma política de preços mais agressiva. Em termos de qualidade das bebidas, porém, os produtos serão iguais.