Revista Exame

“Em 2017, 50% do mundo terá acesso ao 4G”, afirma Vestberg

Para o presidente mundial da Ericsson, os celulares serão apenas uma categoria de eletrônico num universo de 50 bilhões de aparelhos conectados até 2020

Vestberg: “A cada 10% de acréscimo no uso de banda larga, há um aumento de quase 1% no PIB” (Kevork Djansezian/Getty Images)

Vestberg: “A cada 10% de acréscimo no uso de banda larga, há um aumento de quase 1% no PIB” (Kevork Djansezian/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2012 às 10h37.

São Paulo - O sueco Hans Vestberg, presidente mundial da Ericsson, foi o responsável por fazer a empresa abrir mão de seus negócios mais tradicionais, os telefones celulares. A Ericsson vendeu sua participação para a Sony no ano passado por 1,5 bilhão de dólares.

O foco da empresa voltou-se para os equipamentos usados nas redes de telefonia móvel, como roteadores e cabos de fibra óptica. Segundo Vestberg, o mundo está dando os primeiros passos rumo ao 4G — e isso vai aumentar a demanda por infraestrutura de telecomunicações.

1) EXAME - Como será a próxima geração de redes móveis?  

Hans Vestberg - Até 2017, 50% da população mundial terá acesso a redes 4G. Ainda falamos muito em celulares, são 6,2 bilhões de assinantes de serviços móveis no mundo. Mas as redes vão além disso. Hoje, há eletrodomésticos, automóveis, semáforos e aparelhos médicos ligados à rede. Até 2020 deveremos ter 50 bilhões de aparelhos conectados no mundo.

2) EXAME - Não corremos o risco de um apagão cibernético?

Hans Vestberg - Dois fatores são essenciais para que essas redes não parem. O primeiro é a velocidade. Na Suécia, há testes com conexões de 1 Gbps (1 000 vezes mais veloz do que o 3G). Além disso, como não há mais espaço para grandes centrais de transmissão nas cidades, a tendência é que pequenas centrais sejam criadas em empresas e até em condomínios.

3) EXAME - O senhor acredita na promessa de que o 4G poderá desafogar as redes de celulares no mundo?  

Hans Vestberg - As redes de telefonia foram construídas para o tráfego de voz. Hoje, voz é uma das funções de um smartphone. Com o 4G, é possível ter um gerenciamento mais eficiente de todo esse conteúdo. São as chamadas redes inteligentes.

4) EXAME - Como funcionam essas redes inteligentes?

Hans Vestberg - O 4G, por exemplo, permite que as operadoras saibam que tipo de conteúdo cada usuário está acessando, para disponibilizar a conexão mais adequada. Se é um vídeo em alta resolução no YouTube ou se é uma simples consulta de e-mail.

Elas sabem que tipo de site e em que horário a pessoa acessa. A tecnologia também permite priorizar o acesso a serviços essenciais caso a rede fique sobrecarregada, como a comunicação com hospitais e delegacias.

5) EXAME - O Brasil está atrasado em relação ao 4G?

Hans Vestberg - Por enquanto, as redes 4G estão presentes apenas nos países ricos, como Estados Unidos e Coreia do Sul. O Brasil está junto com a maior parte dos emergentes, onde muitas operadoras não tiveram o retorno do investimento em redes antigas. Por aqui, ainda há muito espaço para o crescimento do 3G. Mas a evolução para o 4G é inevitável.

6) EXAME - O que impede uma adoção mais rápida do 4G?

Hans Vestberg - Um fator que dará vida longa ao 3G é o preço dos aparelhos. Eles custam, em média, 100 dólares. Os smartphones 4G são quatro ou cinco vezes mais caros.

7) EXAME - Qual é o impacto financeiro do uso da banda larga móvel por smartphones e tablets no mundo?

Hans Vestberg - Para cada 10% de acréscimo no acesso à banda larga móvel, há um aumento de quase 1% no PIB de um país. Além disso, a cada 1 000 novos usuários de banda larga, 80 empregos são criados.

Os governos podem usar o acesso rápido para melhorar a produtividade, a educação digital, a saúde e para fazer uma gestão de trânsito mais eficiente, para ficar em apenas quatro exemplos. Tão importante quanto ter metas de qualidade de transmissão é saber usar a tecnologia.

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