Reed Hastings, fundador da locadora de vídeos Netflix (Jason Kempin/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h40.
Poucos empresários foram visionários — ou humildes — o bastante para admitir a decadência do modelo de negócios que foi a razão de existir de suas companhias. Ainda mais raros são os que ousaram fazer isso enquanto esse negócio ainda era lucrativo. O americano Reed Hastings, de 50 anos, faz parte desse escasso grupo.
Fundada há 12 anos, sua Netflix se tornou a maior locadora de DVDs dos Estados Unidos. Mas o próprio Hastings percebeu que esse negócio não teria futuro. Com a evolução tecnológica, os consumidores não tolerariam esperar pelos DVDs que chegavam pelo correio — e iam querer baixá-los com apenas um clique. Hastings começou, então, a transformar a Netflix numa empresa de transmissão de vídeo, rompendo com o próprio modelo de negócios. Foi um sucesso. A distribuição eletrônica de filmes e seriados fez com que as ações da Netflix valorizassem mais de 200% em 2010. A empresa vale, hoje, 8 bilhões de dólares.
Ao vender vídeos pela internet para 17 milhões de clientes, a Netflix começou a amedrontar gigantes. Os primeiros a se preocupar foram os estúdios de Hollywood, que pressionam Hastings a pagar mais por seu conteúdo. As redes de TV a cabo também estão em pânico. Com medo de que mine o modelo de negócios da TV paga, a HBO não liberou suas séries originais para a Netflix. Em 2010, o número de assinantes de TV a cabo nos Estados Unidos sofreu a maior queda em 30 anos. Culpa de Hastings? Difícil dizer. Mas que ele atrapalha, atrapalha.