Revista Exame

Nas estradas de terra, mas com muito requinte: conheça a nova Ranger

Um em cada cinco carros vendidos no Brasil já é picape. E a Ford quer redefinir o segmento com a nova Ranger

A nova Ranger: acabamento luxuoso no interior, conectividade na palma da mão e preço mais amigável que o da concorrência. (Divulgação/Divulgação)

A nova Ranger: acabamento luxuoso no interior, conectividade na palma da mão e preço mais amigável que o da concorrência. (Divulgação/Divulgação)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 28 de julho de 2023 às 06h00.

Última atualização em 28 de julho de 2023 às 06h46.

Se você não tem esse costume, experimente sair das cidades e dos destinos do litoral e se arrisque pelo interior do país. Viaje pelo cerrado, entre sítios e fazendas, por estradas de terra, entre pedras e lama. A fauna automotiva se transforma, e picapes começam a surgir aqui e ali, a fazer poeira, deixar para trás os automóveis nascidos para o asfalto. O mais recente lançamento do setor chega agora ao mercado com muita expectativa. A nova Ranger promete, segundo a Ford, redefinir o conceito de picape.

O carro foi apresentado em junho a um grupo de 150 jornalistas sul-americanos em Mendoza, a capital do vinho da Argentina. Trata-se do veículo mais global já produzido pela Ford, para mais de 180 mercados. O projeto foi feito de forma conjunta pelos centros de desenvolvimento da Ford, com a engenharia brasileira. Os carros que chegam ao Brasil saem da planta de General Pacheco, a meia hora de Buenos Aires, que recebeu um investimento de 660 milhões de dólares para aumentar a produção em 70% e chegar a 110.000 veículos por ano.

O aporte permitiu, por exemplo, a aquisição de 318 novos robôs que utilizam inteligência artificial para aperfeiçoar processos e dar continuidade ao plano da Ford de tornar os veículos que vende no continente os mais premium de seu segmento. Esse é o diferencial da nova Ranger apontado pela montadora: os atributos de sofisticação, tecnologia e conectividade.

A nova picape está sendo oferecida aqui nas versões de topo XLT e Limited, equipadas com motor a diesel V6 3.0 e transmissão automática de dez velocidades, pelos preços de 289.990 e 319.990 reais, respectivamente. São valores mais baixos do que os da Toyota Hilux SRV, Volkswagen Amarok Highline e Chevrolet S10 STZ, consideradas pela Ford concorrentes diretas da Ranger.

A Ranger é construída sobre uma nova plataforma, com chassi maior e mais robusto. A carroceria de perfil musculoso segue o estilo da família da montadora. O novo motor a diesel V6 3.0 tem o maior torque da categoria (600 Nm), acoplado a uma transmissão automática de dez velocidades, a mesma que equipa a F-150 e o Mustang. É potência suficiente para vencer sem esforços os percalços de uma estrada esburacada, como pudemos constatar no percurso do teste em Mendoza.

Os atributos de uma tradicional picape estão presentes nesse lançamento. O diferencial, segundo a Ford, são dois fatores. O primeiro é o acabamento luxuoso. O interior traz bancos de couro com ótima ergonomia. Oferece painel de instrumentos configurável com tela LCD de 8 ou 12,4 polegadas, multimídia de 10 ou 12 polegadas com conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay e carregador por indução. O ótimo isolamento acústico na cabine foi devidamente testado no percurso da Argentina e merece destaque.

O carro da Ford oferece também um conjunto de tecnologias inédito na categoria, como piloto automático adaptável com stop & go, monitoramento de ponto cego com cobertura de reboque, assistente de cruzamentos e câmeras 360 graus. Mas a grande aposta da Ranger é a conectividade. Uma inovação para o setor é a atualização à distância para aprimoramento contínuo de sistemas do veículo. Esse avanço vem da nova arquitetura elétrica conectada, com 36 módulos que trocam informações de forma integrada. O aplicativo FordPass, presente em outros modelos da marca, permite ao usuário localizar o veículo estacionado, dar partida, acionar o ar-condicionado, verificar o nível de combustível e até a pressão dos pneus remotamente, tudo isso na palma da mão.

A categoria vive um momento único. O segmento de picapes foi o que mais ganhou participação de mercado no Brasil no primeiro semestre, seguido pelos SUVs. O levantamento feito pela Bright Consulting com base nos emplacamentos divulgados pelo Renavam leva em conta automóveis e comerciais leves. O setor respondeu por 19% de todos os licenciamentos nos primeiros seis meses do ano. Ou seja, um em cada cinco veículos. É a maior participação na história desse setor automotivo.

“Dentro desse mercado em ascensão, a tecnologia e os acessórios de luxo fazem com que a nova Ranger não tenha um comportamento só de utilitário”, diz Rogelio Goldfarb, vice-presidente da Ford Brasil. Segundo levantamento da marca, 60% dos donos de Ranger fazem uso pessoal do veículo. Apenas 22% utilizam o carro exclusivamente para fins comerciais. “Nossas picapes são mais vendidas no meio rural. Mas vemos potencial para crescer nas cidades, para um público que gosta do estilo, ou para uso esportivo, para levar uma bicicleta, um jet ski.”

O lançamento da Ranger acontece em um momento de transição de mercado — e da própria Ford. A montadora tem apostado nos modelos movidos a bateria. A Ranger, no entanto, é a diesel. “No meio rural, autonomia é o nome do jogo. Estamos em uma transição de modelo, mas firmes em nosso propósito da eletrificação”, diz Goldfarb. A resposta da montadora dentro do segmento está na nova Maverick, a primeira picape híbrida do país, também recém-lançada. Elétrica ou a combustão, o que fala mais alto aqui é o jeitão de caubói.

O jornalista viajou a convite da Ford

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