Revista Exame

“3,5 bilhões de dólares em 5 anos”, diz Ricardo Leiman, da Noble

O presidente da trading Noble, um colosso com faturamento de 56 bilhões de dólares, explica como o avanço no Brasil afeta o desempenho global da companhia

Ricardo Leiman, presidente da Noble: “A chegada de brasileiros ao topo de empresas globais não é mais uma surpresa”

Ricardo Leiman, presidente da Noble: “A chegada de brasileiros ao topo de empresas globais não é mais uma surpresa”

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2011 às 17h25.

São Paulo - No início do ano, o grupo asiático Noble, um colosso com faturamento de 56 bilhões de dólares, tornou-se um dos maiores competidores do mercado de açúcar e álcool do país, após comprar a usina Cerradinho, em São Paulo.

O movimento foi liderado — de Hong Kong — pelo presidente da empresa, o executivo paulista Ricardo Leiman. Em visita recente ao Brasil, ele falou a EXAME.

1) EXAME - A Noble surpreendeu o mercado ao desbancar a BP, até então a favorita na disputa pela usina Cerradinho. Como conseguiu?

Ricardo Leiman - Somos uma empresa jovem, com uma forte cultura empreendedora. Nossos executivos têm muita autonomia e conhecem bem o mercado em que atuam. No Brasil, por exemplo, todos os principais executivos são locais.

Isso nos permite tomar decisões em um curto espaço de tempo. No caso da compra de Cerradinho, que custou 1 bilhão de dólares, todo o acordo foi negociado em menos de uma semana.

2) EXAME - De onde vem essa filosofia empreendedora?

Ricardo Leiman - Do fundador da empresa. Apesar de hoje ser uma empresa pública, a Noble nasceu da iniciativa do empreendedor inglês Richard Elman, que começou o negócio há mais de 20 anos, com um investimento de 100 000 dólares. Hoje, a companhia opera em 38 países e fatura 56 bilhões de dólares.

3) EXAME - Quanto o Brasil representa nisso?

Ricardo Leiman - O Brasil é estratégico por ser um grande produtor e exportador de matérias-primas. Desde que decidimos entrar, em 2006, passamos de cinco  para 10 000 funcionários. O Brasil já está entre as nossas cinco maiores operações. Fomos do zero a um faturamento de 3,5 bilhões de dólares em pouco mais de cinco anos.

4) EXAME - A empresa atua em áreas tão diferentes quanto agricultura, mineração e logística. Qual o sentido disso?

Ricardo Leiman - Gostamos de trabalhar toda a cadeia de suprimentos, porque isso nos dá uma tremenda vantagem competitiva. Para exportar nossa produção de açúcar, por exemplo, estamos construindo um terminal ferroviário em Votuporanga, cidade no interior paulista próxima às nossas usinas. Tudo estará integrado ao nosso terminal no porto de Santos. A sinergia entre os negócios é imensa.

5) EXAME - Como o senhor chegou à presidência de um dos maiores grupos de commodities do mundo?

Ricardo Leiman - Sempre fui um cidadão do mundo. Aos 15 anos fiz intercâmbio nos Estados Unidos e decidi que teria uma carreira no exterior. Estudei economia no Brasil e aos 27 anos me mudei para os Estados Unidos. Numa empresa globalizada como a nossa, a chegada de um brasileiro à presidência não é uma grande surpresa.

6) EXAME - O senhor assumiu o posto em 2010, quando o mundo ainda sentia os efeitos da crise mundial. Como enfrentou a situação?

Ricardo Leiman - A crise foi ótima porque nos deu oportunidade de investir mais rapidamente, já que os ativos estavam baratos e havia muita gente boa disponível no mercado.

7) EXAME - O Brasil continuará no papel exclusivo de produtor de commodities? 

Ricardo Leiman - Acreditamos que o país será não apenas um produtor de larga escala de commodities mas também um grande centro consumidor, graças à sua população com cada vez maior poder de compra. Para nós, é uma dupla oportunidade.

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