Renato Feder: ex-executivo da Multilaser hoje se dedica à educação pública (EXAME/Exame)
Lucas Agrela
Publicado em 30 de julho de 2020 às 05h52.
Última atualização em 3 de agosto de 2020 às 06h15.
Renato Feder, secretário estadual de Esporte e Educação do Paraná, ganhou projeção nacional ao ser indicado para o cargo de ministro da Educação no governo Bolsonaro, em julho. Com carreira mista de professor e empresário, Feder prometia gestão técnica no MEC e acredita que o país poderá ter ensino de qualidade em cerca de dez anos.
Como surgiu o convite para assumir o Ministério da Educação?
O convite surgiu devido ao bom trabalho no Paraná. O estado tem feito aulas remotas de excelente qualidade. Só 1% dos alunos da nossa rede está fora das aulas remotas. Conseguimos isso transmitindo aulas em quatro canais de TV, que são pagos pelo estado. Assim, não há o gargalo de tecnologia para ter acesso às aulas. Também temos um aplicativo de sala de aula virtual e publicamos aulas no YouTube. Fora isso, recebemos mais de 10.000 matrículas entre maio e julho de alunos que trocaram o ensino privado pelo público em razão da qualidade.
Você é conhecido como um dos sócios da Multilaser. O que o levou para a política?
Meu primeiro emprego foi como professor de matemática. Já dei aulas na Universidade Mackenzie e fui diretor de escola por oito anos. Sempre amei a educação. Depois de 17 anos na Multilaser, fundei duas startups de educação, mas ambas quebraram. Depois decidi ir para a educação pública. Hoje, sou acionista minoritário na Multilaser e não me envolvo nos negócios da empresa.
Por que declinou o convite para assumir o ministério?
A proposta era levar ao MEC a gestão técnica e pedagógica que adoto no Paraná. Acho que não era o momento certo. Foi nessa hora que declinei o convite.
Em sua visão, a educação tem ideologia?
Esse questionamento tira a atenção da educação de qualidade. Se o aluno aprende as disciplinas, isso é importante. A história pode ter alguma ideologia. Mas isso não pode ser o foco da discussão.
Quanto tempo seria necessário para elevar a qualidade da educação no Brasil?
Com políticas firmes e gestão técnica, levaríamos de oito a dez anos para chegar às primeiras posições no Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Infelizmente, estamos entre as últimas colocações desde o começo dos anos 2000.