Evans, Johnson e Pascal: estrelas em um triângulo amoroso (Sony Pictures/Divulgação)
Repórter de POP
Publicado em 31 de julho de 2025 às 20h00.
Quando o assunto é relacionamento, ter mais de 1,80 metro de altura, salário com muitos dígitos e uma aparência atraente são requisitos desejáveis para um bom match. Funciona bem para a vida real, e mais ainda em Amores Materialistas, nova aposta de Celine Song, diretora de Vidas Passadas (2024), no cinema. Dessa vez com as estrelas mais desejadas de Hollywood no momento.
O apelo é forte. A produção da A24 aposta em uma espécie de triângulo amoroso entre John (Chris Evans), Harry (Pedro Pascal) e Lucy (Dakota Johnson), personagem principal da história. Ela trabalha como uma espécie de casamenteira profissional em uma agência que funciona quase como um aplicativo de relacionamentos. A ideia é conectar as pessoas com base em uma série de características pré-selecionadas — com o diferencial de um acompanhamento do processo antes e depois do primeiro encontro.
Solteira após a separação do ex-namorado cheio de sonhos, porém falido (John), e com a certeza de que sabe tudo sobre a arte do relacionamento, ela se vê em uma situação inédita. Lucy conhece Harry, o homem unicórnio, dez de dez, que atende a todos os requisitos que uma mulher poderia desejar. Em especial o financeiro.
O roteiro tinha tudo para ser mais um filme clichê de Hollywood: um triângulo amoroso com muita gente bonita, uma protagonista dentro do padrão, cenários de alto luxo e um final que todo mundo meio que já prevê desde a primeira interação do elenco. E ele até é mesmo, um pouco. Mas a temática do relacionamento amoroso, um dos pontos mais fortes da escrita de Song, ganha aqui um tom ímpar de cinismo. Estampado ali no título do longa, o materialismo amoroso está escancarado na tela para além da curiosidade em saber com quem Lucy vai terminar a história.
Não bastasse a crítica aos relacionamentos modernos, o filme ainda acrescenta um viés importante sobre quanto a cultura do match pode ser um espaço fértil para a violência de gênero. Escancara, nas preferências dos clientes de Lucy, um discurso de ódio silencioso que, por vezes, pode culminar em uma situação de abuso e perseguição, como acontece com uma das mulheres que usam os serviços da protagonista.
Se atualmente o romantismo é visto como cafona, e o material importa bem mais que o sentimental, porque ninguém tem tempo a perder e tudo na vida é encarado como investimento, Song propõe pensar fora das convenções, com personagens mais realistas. Relacionar-se com base em um algoritmo, mesmo que mais humano, pode trazer mais sofrimento do que a imprevisibilidade do amor. Até mesmo quando quem deu um match em seu perfil foi o Pedro Pascal.
Amores Materialistas | A24, com Dakota Johnson, Chris Evans e Pedro Pascal nos cinemas.