Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2017 às 05h29.
Última atualização em 10 de agosto de 2017 às 05h29.
Pelo segundo ano consecutivo, a Sabesp, companhia de saneamento de São Paulo, leva o título de melhor empresa do setor de infraestrutura. O desempenho avaliado foi o de 2016, ano em que a empresa precisou provar para sua rede de usuários em 367 municípios paulistas que o fantasma do desabastecimento hídrico havia sido exorcizado.
Com uma alta de 4% no volume de água e esgoto faturado em 2015, a Sabesp alcançou uma receita líquida de 4,4 bilhões de dólares, com um crescimento de 10,5% em relação ao ano anterior. O lucro líquido, de 1,1 bilhão de dólares, foi recorde — o dobro do registrado em 2015, oferecendo aos acionistas um retorno de 21% sobre o patrimônio.
“Ainda estamos longe do cenário ideal, mas os resultados de 2016 são fruto de esforços para adotar as melhores práticas de gestão e de cultura corporativa do setor privado”, diz Jerson Kelman, presidente da companhia.
Os números dão fôlego à estatal para executar agora sua agenda de investimentos na expansão dos serviços e na redução de desperdícios na rede. Serão destinados 13,9 bilhões de reais de 2017 a 2021, reforçando a posição da Sabesp de maior investidora em saneamento no Brasil — é responsável por cerca de 30% do total aplicado no setor, segundo dados do Ministério das Cidades.
No comando da Sabesp desde 2015, Kelman, um dos maiores especialistas em hidrologia do país, diz que a severidade da estiagem de 2014 não teve precedentes no último século.
“Uma vez instaurada a crise, a Sabesp agiu para planejar e executar uma série de investimentos em redundância e segurança hídrica”, afirma. “Hoje, as obras para garantir o abastecimento futuro, que somaram mais de 3 bilhões de reais em investimentos, estão em fase de conclusão, e podemos voltar o foco para a ampliação e a melhoria dos serviços de água e esgoto.”
Dos investimentos iniciados neste ano, boa parte será aplicada no abastecimento de água e em ações para diminuir as perdas causadas por danos e fraudes. Outra parte, 6,8 bilhões de reais, será investida na coleta e no tratamento de esgoto, com destaque para as obras do Projeto Tietê e do Programa Córrego Limpo, uma parceria com prefeituras para despoluição de córregos e adequação das redes de esgotamento nas cidades.
O modelo operacional da Sabesp tem chamado a atenção lá fora. O próprio Kelman é convidado com frequência a eventos sobre saneamento básico e gestão em empresas públicas. Em maio, por exemplo, ele foi convidado para ser o palestrante principal de um painel sobre saneamento básico numa reunião do Banco Mundial em Washington com a presença de ministros da Fazenda de países em desenvolvimento.
O objetivo era apresentar o caso de sucesso da Sabesp. “Assim como a Sabesp, a maioria das empresas de saneamento do mundo é pública”, diz Anand Hemnani, vice-presidente da americana CG/LA, consultoria do setor de infraestrutura. “Poucas são capazes de reproduzir o modelo da Sabesp, uma empresa com histórico de crescimento de lucratividade sólido, negociada em bolsa no Brasil e em Nova York.”