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De olho no escolhido, Xi Jinping

Aos olhos de quem não entende o funcionamento da máquina do Partido Comunista Chinês, a escolha do desconhecido Xi Jinping para o igualmente desconhecido cargo de vice-chefe da Comissão Militar Central parecia repleta de irrelevância. Xi, um político de 57 anos, foi nomeado para o cargo em outubro. Para quem sabe das coisas, porém, a […]

Xi Jinping: o futuro comandante da China é um mistério para o mundo (Hannah Johnston/Getty Images)

Xi Jinping: o futuro comandante da China é um mistério para o mundo (Hannah Johnston/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h40.

Aos olhos de quem não entende o funcionamento da máquina do Partido Comunista Chinês, a escolha do desconhecido Xi Jinping para o igualmente desconhecido cargo de vice-chefe da Comissão Militar Central parecia repleta de irrelevância. Xi, um político de 57 anos, foi nomeado para o cargo em outubro.

Para quem sabe das coisas, porém, a promoção foi o maior acontecimento político da história chinesa recente. Pela tradição do PCC, a tal vice-chefia é o último estágio a ser percorrido por um integrante até atingir o topo — o comando do partido, do Exército e do país. Xi deve assumir as rédeas da segunda maior economia do mundo em 2013, quando o atual comandante, Hu Jintao, se aposentar.

Xi é um dos “pequenos príncipes”, como são chamados os burocratas que descendem de figurões veteranos do PCC. No campo político, suas posições são um mistério. Seu pensamento econômico — felizmente — é um pouco mais conhecido. Ele criou fama de defensor da iniciativa privada ao ocupar cargos de liderança nas regiões mais prósperas e globalizadas do país. Mas é sobre o tamanho do desafio que Xi enfrentará ao assumir a presidência que se sabe muito.

Após as quase duas décadas de acelerado crescimento econômico, a China passa por um momento decisivo: será necessário aumentar o consumo das famílias para equilibrar as fontes internas de crescimento e diminuir os efeitos nocivos do excesso de investimentos, como a poluição. O problema é que essa transição vai doer — aumentos salariais já começam a atrapalhar a competitividade chinesa.

Finalmente, há o componente político do desafio de Xi. Há indícios recentes de que nem o PCC tem convicção monolítica a respeito do polêmico tema das reformas políticas. O primeiro-ministro Wen Jiabao fez em 2010 uma série de comentários sobre sua importância. Mas, embora poderoso, Wen não dá a palavra final na China. Se tudo ocorrer como planejado, Xi Jinping ocupará o posto de número 1 por dez anos. De que lado ele estará? A partir de 2011, vai ficar mais fácil saber.

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