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De Karl Marx a Camila Coutinho: quem controla os meios de produção?

A influenciadora digital Camila Coutinho lançou sua marca de cosméticos, a GE Beauty, e agora rivaliza com gigantes tradicionais do mercado de beleza

Camila Coutinho: a marca recém-lançada ameaça gigantes do mercado de cosméticos (Germano Lüders/Exame)

Camila Coutinho: a marca recém-lançada ameaça gigantes do mercado de cosméticos (Germano Lüders/Exame)

Felipe Giacomelli

Felipe Giacomelli

Publicado em 27 de agosto de 2020 às 08h59.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2021 às 16h46.

Quem controla os meios de produção? A base do pensamento do sociólogo alemão Karl Marx, e de revoluções mundo afora, acredite, é atual como nunca. Não por causa do embate extremista e atrasado entre comunismo e capitalismo, mas por uma revolução acelerada pela pandemia de ­covid-19. A reportagem de capa desta edição exemplifica este momento. A influenciadora digital pernambucana Camila Coutinho lançou sua própria marca de cosméticos, a GE, e — acredite — rivaliza com gigantes tradicionais do mercado de beleza.

A Fenty, fundada pela cantora Rihanna, já vale 17 bilhões de dólares. As redes sociais permitem que a GE Beauty e a Fenty se conectem diretamente com milhões de consumidoras. A logística nunca foi tão desenvolvida. A fabricação pode ser em qualquer lugar. Logo, qual é a vantagem competitiva das grandes fabricantes de cosméticos — o fosso em torno de seu castelo, como diz o investidor Warren Buffett — no duelo com Camilas e Rihannas? A digitalização, claro, já estava em curso, mais foi intensificada nos últimos meses.

A pandemia também impulsionou o uso dos pagamentos digitais e acelerou uma batalha ampla no mercado financeiro. Outra reportagem desta edição mostra como o Pix, o sistema de pagamentos instantâneos, vai mudar a vida de milhões de brasileiros. Numa analogia de um executivo do Banco Central, os donos dos meios de produção não serão mais os donos dos canos, mas aqueles que oferecerem o melhor uso para a água que chega à casa dos consumidores. Nesse contexto, startups que ainda nem nasceram poderão bater de frente com instituições para lá de tradicionais.

Outra reportagem mostra como o avanço das startups no Brasil tem criado uma nova geração de investidores — os empreendedores de sucesso, que agora buscam os novatos mais promissores. Sua chegada dinamiza o mercado e aumenta a chance de pequenas empresas virarem gigantes em poucos anos. Por fim, mostramos como 30.000 pequenos vendedores se digitalizaram por mês durante a pandemia plugados nas plataformas de marketplace de grandes empresas de tecnologia. Eles precisam pagar um pedágio para ter direito a usar esse novo canal — mas têm acesso a um mundo impossível poucos meses atrás. Camila Coutinho, fintechs, pequenos vendedores — todos eles de alguma forma controlam o meio de produção que importa: a internet.

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