Revista Exame

Negócios em Expansão 2024: 142 empresas que cresceram na categoria 5 a 30 milhões; veja ranking

A Hopy Pay, de Santos (SP), passou a criar tecnologia de pagamentos sob medida para outras empresas

Brunno Panfilo, fundador e CEO da Hopy Pay (Leandro Fonseca/Exame)

Brunno Panfilo, fundador e CEO da Hopy Pay (Leandro Fonseca/Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de julho de 2024 às 06h00.


EMPRESA QUE MAIS CRESCEU

Hopy Pay: Santos (SP) | Brunno Panfilo: Fundador e CEO | O que faz: Desenvolve infraestrutura de pagamentos para empresas digitais | Receita em 2023: 15,5 milhões de reais | Ritmo de expansão: 4.337,79% | Motivo do crescimento: Passou a criar tecnologia de pagamentos sob medida para outras empresas


Da mesma maneira que entrar numa dieta ou seguir uma rotina de atividades físicas, muito raramente o ato de empreender é algo linear, cuja execução é fiel ao planejamento. Pelo contrário: o usual é muita bateção de cabeça, frustrações e ajustes de rota até aparecerem os resultados. Que o diga o empreendedor paranaense Ycaro Azevedo.

Com mais de dez anos na compra e venda de automóveis, Azevedo decidiu usar todos os macetes do ramo para abrir um negócio inovador. A ideia era montar uma rede de vendedores autônomos dedicados a cadastrar gente interessada em vender o próprio veículo e, ao mesmo tempo, buscar concessionárias que quisessem comprar esses carros usados. Apelidada de “imobiliária de carros”, o negócio sofreu para ter quórum. O jeito foi fechar as portas em 2019.

O fracasso não fez Azevedo desistir da ideia de ser empreendedor, mas o obrigou a revisar o projeto. Em vez de depender de vendedores autônomos, o catálogo de veículos usados passou a ser de responsabilidade do próprio time montado por Azevedo. A expansão seria por meio de franquias.

“O franqueado tem o ponto físico e um time de vendas, que faz toda a captação dos clientes que querem vender na região”, diz Azevedo. “A venda para as concessionárias é feita pela franqueadora.”

O foco passou a ser empresas como lojas em busca de mais frota ou concessionárias dispostas a ampliar o portfólio. Nasceu, assim, a Vaapty, um negócio que faturou 8,3 milhões de reais em 2023, alta anual de 1.737%. O desempenho conferiu à Vaapty a segunda colocação entre as empresas que mais cresceram na categoria de 5 milhões a 30 milhões de reais.

Muitas vezes o empreendedor enxerga só uma parte de todas as oportunidades possíveis com um negócio. Foi o caso do programador Gabryel Ferreira e do designer gráfico Brunno Panfilo. Em 2021, ambos tinham 22 anos e uma ideia: ganhar dinheiro com o boom do comércio eletrônico causado pela pandemia.

O caminho desenhado foi abrir uma fintech para liquidar pagamentos por compras fechadas em lojas virtuais, um mercado também disputado por gigantes como PagSeguro, PayPal e Mercado Pago. Em conversas com pequenos varejistas online clientes dos concorrentes, Ferreira e Panfilo viram o interesse de muitos em trocar as soluções oferecidas pelas grandes empresas, não raro onerosas para operações enxutas como as do varejo, por tecnologias próprias.

“Vimos aí a real oportunidade desse mercado de meios de pagamentos”, diz Panfilo. Assim cresceu a Hopy Pay, empresa de Santos, no litoral paulista, que fornece tecnologia para quem deseja gerenciar pagamentos online.

“A infraestrutura própria traz confiança aos lojistas e taxas competitivas ao cliente”, diz ele.

Em dois anos, os sócios conquistaram 60 clientes, entre e-commerces e marketplaces. Em 2023, a empresa faturou 15,5 milhões de reais, alta anual de 4.337,79%, conferindo à Hopy Pay o recorde de crescimento na categoria de negócios de 5  milhões a 30 milhões de reais.

Denise de Oliveira, da Fitinsur: troca de uma carreira bem-sucedida pelos desafios de liderar um negócio de tecnologia (Leandro Fonseca/Exame)

Sapatos e milkshakes

Além de mapear oportunidades adicionais em mercados já existentes, empreendedores costumam ter o faro aguçado para golpes de sorte. Foi o caso do pernambucano Edisio Pereira Neto, um dos nomes à frente do Z.ro Bank, uma das primeiras instituições financeiras focadas em auxiliar pessoas físicas a desbravar o mercado das criptomoedas.

Fundado em 2019, o Z.ro Bank esteve por algum tempo à mercê do vaivém alucinante da cotação de moedas como o bitcoin. A proteção veio com uma aposta pesada de Pereira Neto no Pix, tecnologia para pagamentos implantada pelo Banco Central no fim de 2020. Em  pouco tempo, o Pix suplantou meios como TED e DOC.

Há três anos, o Z.ro criou uma tecnologia para empresas fazerem pagamentos com altíssima recorrência via Pix.

“O Pix transformou a forma como o brasileiro faz transferências bancárias, e novas funcionalidades estão surgindo, o que fortalece nossa tese no crescimento do pagamento eletrônico”, diz Pereira Neto.

O retorno da aposta no Pix foi imediato. No ano passado, o Z.ro teve receita operacional líquida de 25,7 milhões de reais, alta anual de 1.579%, a terceira maior na categoria de 5 milhões a 30 milhões de reais.

Às vezes é preciso mudar tudo para encontrar o caminho do sucesso. Por uma década o goiano Lohran Soares teve fé no futuro de uma loja de sapatos masculinos que possuía em Goiânia. Só que tudo andava de lado.

“Acumulei dívidas e quando sobrava algum lucro tinha de reinvestir tudo para ampliar o estoque”, diz ele.

Foi em meio à rotina exaustiva de fechar o caixa da loja todo dia que ele conheceu Paulo Sérgio da Silva, um cliente que propôs a ele uma sociedade num espaço ocioso de um shopping. Mais uma loja de sapatos? Nada disso. A ideia era uma lanchonete de milkshakes. “A loja tinha fila na porta desde o primeiro dia”, diz -Soares.

“A operação simples, com produto fabricado por terceiros, chamou a atenção de investidores.” As lojas coloridas, cujas paredes têm estampada de vaca, começaram a pipocar Brasil afora por meio de franquias.

No ano passado, a rede faturou 26 milhões de reais, alta anual de 300%, colocando a Milky Moo na 12a posição entre as empresas de 5 milhões a 30 milhões de reais que mais crescem.

O próprio ato de empreender representa para alguns a ruptura de uma carreira linear — da base ao topo. A paulistana Denise de Oliveira construiu uma dessas trajetórias ao galgar cargos executivos na área de tecnologia em grandes empresas, como IBM e EY.

Depois de trabalhar por um tempo numa seguradora global, Oliveira entendeu a carência de tecnologia para quem estava querendo mudar o jeitão de fazer negócios no setor de seguros, onde a força da papelada por muito tempo travou a inovação. Foi o estopim para a Fitinsur, uma provedora de tecnologia para quem quer operar seguros.

“Somos uma insurtech as a service”, diz ela, frisando que as grandes empresas do setor abriram os olhos para a tecnologia e muitas viraram clientes.

“Somos especializados em atender a área de TI das seguradoras.” Em 2023, a Fitinsur faturou 5,48 milhões de reais, alta anual de 39,47%. 

Veja a lista completa das empresas selecionadas para o ranking aqui.

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