Revista Exame

De 150 a 300 milhões de reais: a fase em que o empreendedor vira empresário

Expandir a base de clientes para pequenas e médias empresas levou a Armor Energia para o topo do ranking

Fred Menezes, sócio-fundador da Armor Energia (Leandro Fonseca (foto) e Catarina Bessell (Ilustração)/Exame)

Fred Menezes, sócio-fundador da Armor Energia (Leandro Fonseca (foto) e Catarina Bessell (Ilustração)/Exame)

Publicado em 31 de julho de 2025 às 20h00.


1o lugar da categoria

ARMOR ENERGIA | São Paulo

FRED MENEZES | Sócio-fundador

O que faz | Negocia contratos no mercado livre de energia e oferece gestão estratégica para empresas

Receita em 2024 | 208,9 milhões de reais

Ritmo de expansão | 522%

Motivo do crescimento | Expandiu a base de clientes para pequenas e médias empresas e investiu em fontes limpas de energia


No início de uma empresa é comum o empreendedor fazer um pouco de tudo — vendas, finanças, recursos humanos, marketing... e a lista segue. A figura de fundador e chefe do negócio é uma só. A expansão da empresa torna tudo mais complexo. Fica difícil ter o nome de todos os funcionários na ponta da língua. Há tantas decisões a serem tomadas, que certo grau de autonomia para os times é vital para manter a rapidez do negócio. Nessas horas, muitas empresas investem na contratação de gente gabaritada do mercado para ajudar o negócio a continuar tomando decisões corretas — e, assim, manter o ritmo de crescimento.

Veja o caso da Armor, uma empresa de São Paulo dedicada a inovações no fornecimento de energia a empresas — seja orientando os negócios a migrar para o mercado livre, onde os preços costumam ser mais baixos que os das concessionárias, seja incentivando a construção de usinas solares para aproveitar os benefícios fiscais de uma energia limpa. Fundada em 2020 por Fred Menezes, Luiz Curado, Lucas Kok e Marcos Ávila, profissionais com experiência na compra e venda de energia em outras companhias, a Armor teve resultados excelentes no ano passado. Em 12 meses, multiplicou por seis a receita operacional líquida, para 208 milhões de reais. O desempenho garantiu à empresa a primeira posição no Ranking EXAME­ Negócios em Expansão 2025 na categoria de 150 milhões a 300 milhões de reais.

Por trás do resultado estão mudanças nas regras do mercado livre de energia, agora mais acessível a pequenas e médias empresas. Em paralelo, a Armor investiu em usinas fotovoltaicas para vender energia limpa a empresas. Em meio a tudo isso, para lidar com a maior complexidade das operações, recentemente a companhia criou um conselho consultivo com profissionais experientes, como Marcelo Ávila, que já ocupou a vice-presidência da Comerc, uma das principais comercializadoras de energia no país. “O conselho vai nos ajudar a manter o foco na melhor experiência para o cliente e a visão de longo prazo da companhia”, diz Menezes.

As mudanças na governança podem coincidir com a chegada de novos sócios. É o caso da Motorista PX, empresa de Joinville, no norte de Santa Catarina, que conquistou a segunda colocação entre as empresas de maior crescimento na categoria. Aberta em 2019 para ser uma espécie de superapp para a transportadora fazer a cotação de frete com caminhoneiros autônomos, o negócio voou na pandemia — o avanço do comércio eletrônico aumentou a demanda para todos os elos da logística. Com isso, a Motorista PX atraiu o olhar dos investidores. No segundo semestre de 2024, a empresa captou 45 milhões de reais numa rodada liderada pelo fundo Monashees, além de outros 11 milhões de reais do fundo Caravela Capital. Com os investimentos, a empresa estruturou um conselho com cinco membros. “Conselho não é só para grandes, é para quem quer ser grande”, diz o programador André Oliveira, um dos sócios da Motorista PX ao lado de Djefrei Pasch, que largou a vida de motorista para empreender.

Mateus Queiroz, Mateus Bragattotto e Sérgio Kendy, sócios-fundadores da Amadelli Alimentos (Leandro Fonseca (foto) e Catarina Bessell (Ilustração)/Exame)


11o lugar da categoria

AMADELLI ALIMENTOS | Ibiporã (PR)

MATEUS QUEIROZ, MATEUS BRAGATTO E SÉRGIO KENDY | Sócios-fundadores

O que faz | Beneficia e vende açaí para consumo final com a marca The Best Açaí

Receita em 2024 | 151,3 milhões de reais

Ritmo de expansão | 65%

Motivo do crescimento | Expandiu a rede de lojas e ampliou a linha de produção


O olhar do conselho pode ajudar um negócio a mirar oportunidades invisíveis para os concorrentes. Em boa medida é o que explica o crescimento da Grid Energia, empresa de Belo Horizonte que ficou com o terceiro lugar na categoria de 150 milhões a 300 milhões de reais, com um crescimento de 129% na receita operacional líquida ao longo de 2024. Fundada há 11 anos por quatro engenheiros desiludidos com o baque sofrido pela construção civil na recessão do governo Dilma Rousseff, a Grid cresceu ao oferecer apoio a clientes de Minas Gerais e do Centro-Oeste para a instalação de usinas solares para economizar na conta de luz. “Nossos concorrentes se concentravam no Sul e no Sudeste”, diz Rodrigo Guedes, sócio e CEO da Grid Energia. “Apostamos onde ninguém estava olhando: no agronegócio.” Nos últimos dois anos, a Grid criou um conselho administrativo para aperfeiçoar a tomada de decisão. “Em 2025, vamos incluir os primeiros membros externos”, diz Guedes.

Uma expansão geográfica acertada também está por trás dos motivos para a Amadelli Alimentos, indústria sediada em Ibiporã, no norte do Paraná, investir num conselho de administração. A Amadelli é a fábrica responsável pelo beneficiamento da matéria-prima vendida nas mais de 570 lojas franqueadas da The Best Açaí. Em 2024, a fábrica faturou 151 milhões de reais, alta de 65% em 12 meses. No período, a empresa investiu numa nova linha de produção, mais moderna, para atender à expansão da rede — a The Best Açaí é hoje a 37a maior rede de franquias do Brasil em número de unidades. “O conselho é formado por sócios e executivos externos que guiam o negócio em relação à logística, produção, posicionamento de mercado, entre outros temas”, diz Sérgio Kendy, sócio da Amadelli.

As histórias das empresas selecionadas para o Ranking EXAME Negócios em Expansão 2025 mostram que nunca é tarde para investir em melhoria da governança. Vide o caso da Noronha Pescados, empresa fundada em 1998, em Recife, para distribuição de frutos do mar. No ano passado, a receita da companhia cresceu 20%, para 232 milhões de reais. No período, a empresa diversificou o portfólio para vender também alimentos empanados, como frango. O CEO, Guilherme Blanke, da terceira geração da família à frente da Noronha, decidiu montar um conselho consultivo para preparar a empresa para novos “oceanos de oportunidades”. “Sentimos que estamos mudando de uma empresa média para uma grande, e é preciso adotar políticas de governança compatíveis com o crescimento”, diz Blanke.

Veja a lista completa das empresas selecionadas para o ranking aqui.


Acompanhe tudo sobre:1277

Mais de Revista Exame

As tarifas e a moderação

O Banco do Nordeste quer usar IA para turbinar a agricultura familiar na região

O tempo melhora?

Para ficar de olho: conheça os aplicativos fitness que são 'queridinhos' dos brasileiros