Patrícia Tavares, da NeuralMind: receitas de 3,5 milhões de reais filtrando as informações que fazem sentido para cada público (Leandro Ferreira/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 26 de outubro de 2023 às 06h00.
Última atualização em 30 de outubro de 2023 às 10h16.
O poder público brasileiro tem avançado bastante na redução da papelada. Catalisadas pela pandemia, muitas repartições aboliram os documentos físicos em troca de ferramentas digitais para seus despachos. Uma coisa, contudo, ainda não mudou: a profusão de informações geradas por órgãos públicos segue demandando tempo de quem precisa monitorar o que o Estado está fazendo. Cada edição do Diário Oficial da União, publicado pelo governo federal cinco vezes por semana, tem de 200 a 400 páginas.
A montoeira de dados virou um negócio para a empreendedora Patrícia Tavares, de Campinas, no interior paulista. Ela é uma das fundadoras da NeuralMind, startup dedicada a usar IA para organizar grandes quantidades de dados. Numa espécie de versão digital da guru japonesa Marie Kondo, famosa pelo reality show de organização de ambientes domésticos, a ferramenta da NeuralMind exibe as informações mais relevantes para cada tipo de público que vai consultá-las — e filtra o que não faz sentido.
“A ideia é melhorar a eficiência das empresas e otimizar processos”, diz a CEO Patrícia Tavares.
Fundada há seis anos, a partir de pesquisas de Tavares e do sócio Roberto Lotufo na Universidade de Campinas, a NeuralMind recebeu aporte de 1,1 milhão de reais em 2020. Os recursos serviram para desenvolver chatbots capazes de rastrear grandes bases de dados para tornar a rotina de funcionários e clientes mais eficiente.
Órgãos públicos, como a Agência Nacional de Saúde e o Tribunal de Contas da União, já são clientes da NeuralMind, além de negócios privados. “O uso da IA na esfera pública deve crescer bastante e facilitar a vida de milhões de cidadãos brasileiros”, diz ela.
Em 2023, a NeuralMind deve faturar 3,5 milhões de reais, 30% acima do ano passado. Para além de atender clientes no Brasil, a startup quer facilitar a vida em outros países. “Projetamos uma base no Canadá”, diz ela.