Revista Exame

Corte sempre para não ter de cortar nunca

São Paulo - 1. Trabalho numa grande empresa que está passando por um enxugamento, com a queda nas receitas. Muita gente com conhecimento do negócio acabou saindo. Até que ponto esse tipo de movimento é a solução ou um tiro no pé? Trabalho numa grande empresa que está passando por um enxugamento, com a queda […]

10. Não cuidar da gestão de pessoas (Thinkstock)

10. Não cuidar da gestão de pessoas (Thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de março de 2015 às 17h46.

São Paulo - 1. Trabalho numa grande empresa que está passando por um enxugamento, com a queda nas receitas. Muita gente com conhecimento do negócio acabou saindo. Até que ponto esse tipo de movimento é a solução ou um tiro no pé? Trabalho numa grande empresa que está passando por um enxugamento, com a queda nas receitas. Muita gente com conhecimento do negócio acabou saindo. Até que ponto esse tipo de movimento é a solução ou um tiro no pé? Anônimo

A reestruturação e os cuidados com a gestão devem ser constantes em toda empresa. As melhorias, sempre que possível, devem ser contínuas — e não feitas em saltos. Toda empresa deve gerar recursos suficientes para se manter, crescer e remunerar o capital empregado.

Mas, por vezes, novos comportamentos, novos concorrentes com produtos melhores e mais baratos, novas tecnologias, novos materiais ou novos regulamentos governamentais fazem com que o cenário mude de tal forma que os produtos e os serviços oferecidos por uma empresa percam a atratividade. Essas mudanças podem afetar a geração de caixa e, como consequência, a sobrevivência da empresa.

Empresas muito competitivas ontem não têm a garantia de ser competitivas amanhã. Uma empresa excepcional pode, algumas vezes, “dormir nos louros” e ser atropelada pelos fatos. Gestão empresarial não admite passivos.

Ela tem de ser contínua e aplicada. Mesmo assim, as ameaças são constantes. Prefiro ser paranoico por mudanças e melhorias o tempo todo, mesmo nos dias de vacas gordas. Assim pode-se evitar a necessidade de reestruturações dramáticas num momento de revés.

É bom que se diga, no entanto: esses movimentos por vezes são inevitáveis. Eles são sempre feitos para readaptar a empresa às novas condições impostas pelo mercado e garantir sua sobrevivência. Se o passivo se tornou grande, o movimento não tem como ser suave. O que recomendo a todos é: nunca se acomodem. Procurem sempre avançar o máximo possível em gestão. A gestão orienta a empresa na busca de conhecimento e inovação para garantir o futuro.

2. Com a extinção de um dos cargos na empresa, passei a acumular duas funções: além da minha, assumi parte das tarefas de um cargo extinto. Tenho receio de, nessa posição de equilibrista, deixar um prato cair no chão. Como abro o jogo com meu chefe sem parecer que estou querendo fugir de trabalho? Anônimo

Será que as pessoas que acompanham esta coluna já viram, e ouviram, um carro de boi? O carro de boi, quando anda, emite um som que é para mim inesquecível. É uma música. É o canto do carro de boi — cada vez mais difícil de encontrar.

Pois bem, existe um ditado popular que diz: “Carro apertado é que canta!” Esse ditado contém uma sabedoria milenar que se aplica à sua pergunta. Eu lhe aconselharia a enfrentar a situação de peito aberto e com alegria, mesmo que isso possa ser pesado para você. Você vai ficar “apertado”, mas, com o tempo, vai notar que sua produtividade crescerá.

Por força de sua situação, você tentará descobrir novas maneiras de fazer as coisas e ser mais produtivo. Ao final de certo tempo, sua nova função vai lhe parecer natural. Se isso não ocorrer, procure acertar a situação com seu chefe.

Não dá para rejeitar uma situação sem tentar enfrentá-la. Meu pai me criou muito na base do ditado popular. Numa situação como a sua, tenho certeza de que ele me diria: “Meu filho, nunca corra da sombra da onça”. Em outras palavras, antes de fugir de uma situação, tenha certeza de que o perigo está mesmo lá.

3. Estou com 20 anos e vou me formar no ano que vem. Tenho ambição de fazer uma carreira rápida numa grande empresa. O que devo fazer para isso? Alessandro Barreto, do Paraná

Encontre algo que você ame fazer e trabalhe duro. Faça sua parte. Há várias medidas para definir se uma carreira é bem-sucedida. Veja meu caso. Tenho 74 anos e já vivi muitas experiências.

Nunca quis cargos administrativos. Gosto de ser técnico, de estudar, de ir fundo em certas coisas. Até hoje acordo cedo, às 4 horas da manhã, para estudar. Sinto tremenda satisfação quando participo de um projeto que dá certo. Detestaria ter de assinar cheques, receber reclamação de subordinado, apartar brigas e por aí vai. Para mim, falta charme a esses cargos. Cada um de nós vê charme em coisas diferentes.

Charme, para mim, é criar projetos de melhoria, criar desafios com um grupo de pessoas amigas e vencer. Recentemente, num grande projeto, colocamos uma meta considerada “impossível” por outros técnicos. Agora estamos perto de bater o objetivo definido. Isso, para mim, não tem preço. Sinto uma alegria imensurável. Com este depoimento pessoal, quero dizer que muita gente pode ter uma “carreira rápida”. Mas tudo depende do tipo de carreira que você quer. Ser chefe nem sempre é o alvo ideal.

Com o tempo você vai descobrir que a única coisa que interessa na vida é ser feliz. Cada um de nós cria o próprio caminho para a felicidade. Uns encontram e outros não. A vida é assim.

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