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Copa do Mundo ao estilo brasileiro

Especialista em negócios do esporte, o professor americano Kenneth Shropshire afirma que o Brasil deve assumir suas características e fazer a Copa de 2014 sem copiar outros países

Kenneth Shropshire, diretor da Wharton Sports Business: "Não importa o que os outros pensem ou queiram do Brasil: sejam vocês mesmos e façam a festa" (Divulgação/The Wharton School)

Kenneth Shropshire, diretor da Wharton Sports Business: "Não importa o que os outros pensem ou queiram do Brasil: sejam vocês mesmos e façam a festa" (Divulgação/The Wharton School)

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Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2013 às 09h52.

São Paulo - Kenneth Shropshire é um americano apaixonado por esportes. Acompanha desde criança o beisebol, o basquete e o futebol americano. Mas o futebol — disputado com os pés — só entrou na sua lista de interesses recentemente: os filhos jogavam na escola e o apresentaram ao “soccer”. Autor de oito livros sobre negócios no esporte, o diretor da Wharton Sports Business, um departamento da Universidade da Pensilvânia, começou a estudar o futebol há cinco anos.

O primeiro trabalho foi na Copa do Mundo da África do Sul. Agora, ele acompanha de perto os preparativos para o torneio de 2014. Ele espera que a festa seja realmente inesquecível e que o Brasil — onde já esteve duas vezes — comece a acreditar que é possível fazer uma Copa com o jeito brasileiro, e não uma cópia de outros países. 

EXAME - A Copa do Mundo foi positiva para a África do Sul? 

Kenneth Shropshire - Sim, os sul-africanos conseguiram inúmeros avanços com a Copa. Eles tinham problemas graves e específicos em infraestrutura. É um país que precisava de mais investimento para fazer mudanças. Parte do que foi prometido não aconteceu porque algumas políticas demoraram  a ser definidas e as ações ficaram no papel. Mas é preciso entender que nem tudo pode ser feito por um evento esportivo. Em comparação com o Brasil, a África do Sul tinha mais necessidades.

EXAME - É possível comparar os dois países?

Kenneth Shropshire - Não, eles são totalmente diferentes. As pessoas falam muito sobre como é possível medir o sucesso de um grande torneio como a Copa do Mundo. Não é uma tarefa simples. Mas há várias maneiras de dizer se foi bom ou ruim, como a festa e o envolvimento criado com o evento esportivo. É isso que conta, afinal.

EXAME - O Brasil pode fazer um bom evento?

Kenneth Shropshire - Não importa o que os outros pensem ou queiram do Brasil: sejam vocês mesmos. O país tem sua própria história, e a Copa do Mundo vai acontecer de qualquer maneira. As pessoas tendem a destacar os aspectos negativos. Mas tanto o Brasil como a África do Sul são países festeiros, e as pessoas têm de demonstrar isso. Não é preciso copiar o que outros paí­ses fizeram. 

EXAME - Mas qual é o legado que pode ficar para a população? 

Kenneth Shropshire - Na África do Sul, as mudanças eram muito mais necessárias. Era preciso fazer duras transformações em infraestrutura para a população. A Copa do Mundo serviu para ajudar a impulsionar essas mudanças, principalmente nos aeroportos. A segurança foi um ponto positivo. O Brasil também precisa de mudanças, mas parte de outro patamar. 

EXAME - A Copa do Mundo vai incentivar a prática de esportes no Brasil?

Kenneth Shropshire - A Copa do Mundo é uma chance de torcer, e o interesse pelo esporte vai crescer naturalmente. Mas não dá para transformar a prática de esportes sem uma política específica. Só um grande torneio não basta para uma mudança. 

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