Revista Exame

Sorveteria de Lajeado vai para parte alta da cidade para escapar de futuras enchentes

A Gemelli Sorvetes, indústria familiar de Lajeado, ficou debaixo d’água três vezes em oito meses

Nelson Gemelli, da Gemelli Sorvetes: “Se eu consegui uma vez, consigo de novo” (Leandro Fonseca/Exame)

Nelson Gemelli, da Gemelli Sorvetes: “Se eu consegui uma vez, consigo de novo” (Leandro Fonseca/Exame)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 24 de abril de 2025 às 06h00.

Nelson Gemelli cresceu entre os potes de sorvete e os palitos de picolé da indústria de sua família, a Gemelli Sorvetes, em Lajeado. A cidade do Vale do Taquari foi uma das mais afetadas pelas enchentes do ano passado.

Fundada em 1970 e desde 1982 no mesmo endereço em Lajeado, a Gemelli enfrentava cheias com frequência — mas nenhuma como as três que vieram entre setembro de 2023 e maio de 2024. A última delas levou praticamente tudo. “Fomos perdendo a fábrica em partes. Cada enchente levava um pedaço”, diz ele.

O fato de ter sofrido com duas cheias anteriores num curtíssimo intervalo de tempo permitiu que Nelson criasse um plano de emergência quando a enchente chegou com tudo no final de abril. A principal ação foi tirar alguns equipamentos e salvar parte do estoque. Também resolveu migrar a fábrica para um local mais alto da cidade. A nova planta, de 1.100 metros quadrados, foi erguida em cinco meses e deve começar a operar em maio.

A empresa, que produz entre 600.000 e 700.000 litros de sorvete por ano e emprega até 60 funcionários, usou linhas de concorrentes da região para seguir fabricando durante esse período e manter o abastecimento. Também contou com o apoio dos próprios clientes que optaram por comprar produtos locais para ajudar os negócios impactados. Ainda assim, o impacto foi severo. Parte da clientela, formada por pequenos comércios e bares à beira do Taquari, simplesmente desapareceu tragada pela força da água.

Mesmo assim, o faturamento de 2024 se manteve equilibrado. A nova planta é só a primeira etapa de uma reconstrução que seguirá por fases: a empresa prevê a construção de um segundo prédio no mesmo terreno para ampliar a operação. A mudança de endereço garante não só mais segurança física como também a continuidade do negócio para as próximas gerações da família Gemelli. “O que nos move não é motivação financeira. É que a gente gosta do que faz”, diz Nelson. “Se você fez uma vez, consegue fazer de novo.”

Negócios em Luta

A série de reportagens Negócios em Luta é uma iniciativa da EXAME para dar visibilidade ao empreendedorismo do Rio Grande do Sul num dos momentos mais desafiadores na história do estado. Cerca de 700 mil micro e pequenas empresas gaúchas foram impactadas pelas enchentes que assolam o estado desde o fim de abril do ano passado.

São negócios de todos os setores que, de um dia para o outro, viram a água das chuvas inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, de acordo com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Neste especial, veja histórias de empresas que foram impactadas pela enchente histórica e, mais do que isso, de que forma elAs são uma força vital na reconstrução do Rio Grande do Sul daqui para frente.

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