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Como voltar ao trabalho após a pandemia

A quarentena tem sido um momento de aprendizado, mas as empresas precisam agora planejar a volta ao ambiente fÍsico de trabalho

Ilustração (Ilustração/Getty Images)

Ilustração (Ilustração/Getty Images)

BC

Beatriz Correia

Publicado em 18 de junho de 2020 às 05h15.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 12h38.

Há quem diga que a quarentena tem sido um bom momento para desacelerar. Mas, na visão das empresas, a palavra “aceleração” nunca fez tanto sentido. Rapidamente, muitas organizações foram obrigadas a migrar para o trabalho remoto e a reinventar seus negócios. Home office, digitalização, gestão remota, metodologias ágeis, cuidado com a saúde mental, cultura do aprendizado contínuo e, claro, a tão importante presença da humanização — principalmente nas lideranças!

Ignorar essas tendências de mercado custou muito caro para algumas corporações. No entanto, as que passaram pelo stress test precisam se preparar para uma nova fase: a reabertura das empresas.

Quando voltar ao espaço físico de trabalho

O retorno ao ambiente de trabalho depende, em grande parte, do local em que a empresa está localizada. O presidente Jair Bolsonaro, recentemente, deixou a cargo dos governadores e prefeitos as decisões sobre assuntos ligados ao coronavírus. Assim, estado e município vão decidir o momento que consideram mais seguro para reabrir as empresas. A gestão e o RH precisam estar atentos à legislação de cada cidade.

Home office permanente como opção

Gerenciar equipes à distância foi um tabu por muito tempo. Muitas empresas acreditavam que esse formato de trabalho traria a “perda de controle” sobre os colaboradores. Mesmo em meio à avalanche emocional que os profissionais do mercado tiveram de lidar durante o isolamento, o home office provou ser eficiente. Entre março e abril, minha organização — Grupo Cia de Talentos — realizou a pesquisa Trabalho remoto: como as mudanças relacionadas aos novos cenários aceleraram as transformações no modo de trabalho e descobriu que:

  • 71% dos estagiários, 76% da média gestão, 70% dos colaboradores individuais e 86% da alta liderança ­disseram estar confortáveis com a mudança de ambiente de trabalho;
  • 71% dos estagiários, 66% dos colaboradores indivi­duais, 76% da média gestão e 76% da alta liderança consideram ter a estrutura e os recursos necessários para produzir de casa;
  • 63% dos estagiários, 63% dos colaboradores individuais, 76% da média gestão e 71% da alta liderança afirmaram ter sua produtividade preservada no trabalho realizado remotamente.

Logo, uma das opções para as empresas é, nos setores ou cargos em que isso for possível, manter os profissionais em home office. A prática, além de trazer mais segurança aos colaboradores, também impacta na diminuição de custos das empresas.

As melhores práticas de retorno ao trabalho 

  •  Profissionais do grupo de risco: os que pertencem a esse grupo devem ter seu retorno evitado até que o vírus esteja controlado no Brasil. É importante considerar também um mapeamento dos profissionais que não são do grupo de risco, mas que moram com familiares que sejam. Para deixá-los mais seguros, se possível, recomenda-se que a retomada ao trabalho presencial seja opcional, mantendo-os em home office.
  • As escolas não têm previsão de retorno: muitos pais e mães estão aflitos com a reabertura das empresas, já que não têm com quem deixar os filhos. É importante escutar as necessidades desse público e encontrar soluções viáveis, como o retorno parcial ou a permanência do trabalho remoto. Outra medida é criar um espaço preparado, com os devidos profissionais e segurança, para receber as crianças durante o horário de trabalho.
  • Protocolos de prevenção ao coronavírus: as medidas de segurança incluem higiene (lavar as mãos com frequência), material de proteção (máscaras e álcool em gel), esterilização diária das estações de trabalho e instalações físicas que permitam o distanciamento social. É indicado manter as baias de trabalho separadas, com espaçamento de, no mínimo, 2,5 metros entre elas. O distanciamento também é necessário nas áreas de convivência, como halls, salas de reunião, espaços de lazer e áreas de alimentação. Uma alternativa é criar turnos de trabalho, de forma que a equipe não tenha de dividir o ambiente da empresa ao mesmo tempo ou, pelo menos, criar diferentes horários para as equipes almoçarem.
  • A transparência é sempre bem-vinda: defina protocolos de como a empresa e os profissionais vão proceder e comunicar os casos de suspeita ou de confirmação da ­covid-19 entre os colaboradores.
  • Treinamento online antes do retorno: realize uma reunião coletiva para informar os procedimentos de cuidado que a empresa vai aplicar e como os profissionais devem se comportar no novo formato de trabalho.
  • Saúde mental dos colaboradores — não podemos esquecer que o isolamento e a instabilidade da economia provocaram impactos profundos na saúde mental dos profissionais. Acione a equipe de RH para identificar os colaboradores que possam estar com ansiedade ou depressão e utilize os recursos disponíveis para acolher esse público, como grupos de apoio e a disponibilização de atendimentos psicoterapêuticos.

Por último, cuidado com o otimismo excessivo. A flexibilização do isolamento social não quer dizer que já vencemos a covid-19. Seja responsável e continue seguindo as medidas de segurança necessárias, ok?

Juntos podemos muito!


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