Revista Exame

Comerc prospera vendendo energia elétrica no mercado livre

A paulista Comerc surgiu para comercializar energia elétrica no mercado livre. Deu tão certo que, em 15 anos, entrou na lista das 500 maiores empresas do Brasil

Cristopher Vlavianos, da Comerc: a empresa é responsável pela gestão de 15% da energia vendida no mercado livre no Brasil (Germano Luders/Exame)

Cristopher Vlavianos, da Comerc: a empresa é responsável pela gestão de 15% da energia vendida no mercado livre no Brasil (Germano Luders/Exame)

Valéria Bretas

Valéria Bretas

Publicado em 26 de outubro de 2015 às 04h56.

São Paulo — O mercado brasileiro permite hoje duas formas de compra de energia elétrica. No ambiente regulado, os consumidores recebem a energia das concessionárias de distribuição e pagam a elas tarifas controladas pelo governo. No ambiente de contratação livre, os consumidores adquirem energia diretamente de empresas geradoras ou comerciali­zadoras, negociando os preços, a quantidade, os prazos e outras condições.

Foi para atuar nesse segundo ambiente, o mercado livre, que o economista Cristopher Vlavianos fundou em 2001, em São Paulo, uma empresa de comercialização de energia, a Comerc. O empreendimento deu tão certo que ela já figura entre as 500 maiores empresas do país, com um faturamento de 487 milhões de dólares em 2014 — 33% mais do que o obtido no ano anterior.

Seu lucro líquido, de quase 30 milhões de dólares, significou um excelente retorno de 66% sobre o patrimônio. Por ter indicadores como esses, a Comerc desponta pela primeira vez como a melhor do setor de energia de MELHORES E MAIORES. O mercado livre representa 25% do setor elétrico brasileiro, movimentando 19 bilhões de reais por ano.

A Comerc é a maior gestora do mercado livre, respondendo por 15% da energia comercializada nessa modalidade. Entre seus clientes estão empresas de setores como metalurgia, têxtil e alimentos. “O mercado livre tem se mostrado atraente para nossos clientes”, afirma Vlavianos, que preside a Comerc e tem 21 sócios.

“Além de reduzir os custos, as empresas podem se planejar melhor, evitando a instabilidade de preços do mercado tradicional.” A energia no mercado livre é mais barata porque nesse ambiente não há a figura da distribuidora, que fica com cerca de 25% do que é cobrado na tarifa. Apesar das vantagens do mercado independente, as regras atuais não têm estimulado sua expansão.

Um dos obstáculos é o fato de que, para participar do mercado livre, é preciso adquirir uma potência mínima de 3 megawatts, nível consumido só por empresas grandes. É possível contratar menos, a partir de meio megawatt, se a energia for proveniente de fontes alternativas, como eólica, biomassa e solar. É a esse nicho, chamado de consumidores especiais, que a Comerc vem dando mais atenção.

“Nosso foco está no grupo mais promissor, de consumidores que querem apenas energia renovável”, diz Vlavianos. “Em cinco anos, o número desses clientes cresceu mais de 400%.” A ligação da Comerc com energias alternativas não para por aí. Desde 2011, mantém parceria com uma consultoria de gerenciamento de energia, a Sinerconsult, de São Paulo.

Juntas, criaram uma certificação de energia renovável, que mede a emissão de gases de efeito estufa e quanto gás carbônico as empresas deixam de lançar na atmosfera a cada ano.

Já foram emitidos mais de 1 200 certificados — é como se 8 milhões de árvores tivessem sido plantadas. A iniciativa tem rendido bons frutos. “Muitas empresas nos procuram para obter a certificação”, diz Vlavianos. Livre e renovável, eis uma combinação que deve continuar a prosperar.

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