Drinques servidos no Rosewood London, o 37º melhor bar do mundo: equilíbrio entre sabores e destaque para o doce (Rosewood London/Divulgação)
Repórter de Lifestyle
Publicado em 31 de julho de 2025 às 20h00.
Durante uma única noite no início deste ano, o speakeasy Rabo di Galo, dentro do hotel Rosewood de São Paulo, se transformou no icônico Scarfes, do Rosewood London, eleito o 37o melhor bar do mundo pela renomada lista The World’s 50 Best Bars. Nesse evento exclusivo, foram servidos quatro drinques preparados por Mirko Furci, head bartender do bar londrino. Como era de esperar de grandes bares ao redor do mundo, os coquetéis apresentaram sabores únicos, criativos e autorais. No entanto, o que mais chamou a atenção dos convidados foi o sabor doce, presente de forma marcante.
Entre os drinques, o Paloma, em sua versão chamada Pear Paloma, apresentou um bom equilíbrio entre tequila, cordial de pera clarificada, vinho Moscatel doce e soda, resultando em um sabor mais suave e doce. Outro destaque foi o Zingy Stardust, elaborado no estilo Gimlet (suco de limão e xarope simples), com maçã e capim-limão como base, enquanto o vinho doce Sauternes encorpava o drinque e o Jerez fino adicionava uma camada de complexidade.
A escolha por drinques mais adocicados não foi aleatória. Segundo Mirko Furci, a intenção era mostrar uma onda crescente na cena de coquetelaria de Londres, que está apostando nos sabores mais doces. “De fato, os drinques mais adocicados são uma tendência”, diz o mixologista.
O drink Red Light, seguindo a nova tendência doce (Rosewood London/Divulgação)
Mirko explica que essa mudança no paladar também está ligada à nova geração de consumidores, especialmente a geração Z. Nos últimos anos, havia um consenso de que esse público estava diminuindo o consumo de álcool, mas análises mais recentes mostram outro resultado. Uma pesquisa da IWSR, uma das maiores consultorias de análise do mercado de bebidas do mundo, indica um aumento no consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens, especialmente em mercados como o Brasil. Em 2023, 66% dos consumidores da geração Z nos 15 principais mercados afirmaram ter consumido álcool nos últimos seis meses. Em março de 2025, esse número subiu para 73%.
Uma das explicações da pesquisa é que esse público tem buscado cada vez mais qualidade em suas bebidas. Mas essa não é uma preocupação apenas da geração Z. Os millennials, especialmente nas faixas de renda mais alta, também estão procurando beber melhor, principalmente bebidas como vodca, gim e licores cremosos, diz Richard Halstead, analista da IWSR. Licores, em particular, são ingredientes que têm sido usados para adicionar o sabor doce aos drinques de maneira equilibrada. No restaurante Makoto, em Bal Harbour, nos arredores de Miami — que também possui duas unidades em São Paulo —, o cardápio inclui coquetéis adocicados, como o Martini de lichia, que leva esse licor. “Licores de frutas entregam o sabor de forma direta e intensa”, afirma Ariel Todeschini, do Ponto Gin em Curitiba, eleito o melhor bartender do Brasil no World Class Brasil 2025.
Há quem enxergue esse movimento como incipiente. “Ainda não vejo isso exatamente como uma tendência nos bares brasileiros”, afirma Márcio Silva, do Exímia, em São Paulo. No Brasil, a clássica caipirinha é preparada com uma generosa dose de açúcar, mas a acidez proveniente do limão ajuda a equilibrar o sabor. Um coquetel que tem ganhado popularidade por aqui é o Espresso Martini. Com vodca, café espresso e xarope de açúcar, esse é um bom exemplo de como um coquetel pode ser doce e ainda manter a personalidade.