Andrew Carnie: “Casa longe de casa” (Soho House/Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 25 de abril de 2024 às 06h00.
Desde que foi anunciada a chegada da Soho House a São Paulo, no começo do ano, muitas festas aconteceram na cidade para promover a inauguração do espaço. Para entender o que é a Soho House, porém, é preciso esquecer a ideia de um clube convencional. Sem quadras de esportes, piscinas, áreas abertas ou crianças tomando sorvete aos domingos. Enquanto para os brasileiros essas premissas norteiam o conceito de um clube, em outras partes do mundo existem propostas diferentes. Na Inglaterra, por exemplo, há diversos outros modelos. Como a própria Soho House, fundada há 30 anos por Nick Jones.
Com mais de 40 casas pelo mundo, o clube chega agora à América do Sul, em São Paulo, na Cidade Matarazzo. Ainda que esteja localizado em um dos locais mais luxuosos da cidade, que abriga o hotel Rosewood, o Aya Hub e mais 35 experiências que serão inauguradas ainda neste ano, o novo espaço se propõe a ser um lugar acessível, como uma segunda casa, aos seus membros. “Queremos mostrar que somos acessíveis e que estamos realmente focados em trazer criativos de toda a cidade”, diz Andrew Carnie, CEO da Soho House, em entrevista à Casual EXAME.
O ambiente terá 32 quartos de hotel, será aberto a hóspedes e não hóspedes, e contará com academia, spa, pool bar no terraço, restaurantes, bares e espaços para trabalho e, principalmente, networking. Para se tornar membro, no entanto, é necessário pagar uma taxa anual e fazer parte de um métier criativo. Arquitetos, artistas plásticos, músicos, jornalistas e estilistas são algumas das profissões aceitas.
A adesão custará 20.650 reais por ano para ter acesso às 43 Soho Houses no mundo ou 8.150 reais para acessar apenas a casa paulistana.
A seguir, Carnie conta os planos do projeto no Brasil, que será inaugurado em junho.
Como a Soho House planeja adaptar sua proposta de clube para o Brasil?
Não somos como um clube campestre ou antiquado. Somos um espaço social, onde as pessoas podem se divertir e socializar. Seja na piscina, seja no bar, seja nos eventos que promovemos.
Como a Soho House pretende se diferenciar no cenário cultural e de entretenimento em São Paulo?
A casa será local. Ou seja, temos um comitê de pessoas influentes que vivem em São Paulo, que vão falar sobre a Soho House e nossa filosofia de ser “uma casa longe de casa”. Todos os nossos membros do comitê vêm de diferentes origens. Adoraríamos ter uma mistura de criativos em nossa casa. Então não estamos focando nenhuma indústria específica, mas uma mistura de áreas, como música, moda, arte, arquitetura, eventos. Não somos luxuosos, somos acessíveis. São Paulo é uma cidade criativa fantástica, é por isso que estamos abrindo uma casa aqui. Somos um lugar onde as pessoas se reúnem e se divertem. São Paulo é definitivamente importante para nós e reflete o que estamos tentando fazer globalmente ao abrir em cidades criativas e vibrantes ao redor do mundo.
A Soho House não é um clube de luxo, mas está localizada em um dos pontos mais exclusivos da cidade. Por que escolheram a Cidade Matarazzo?
Porque nós amamos o prédio, sempre amamos prédios interessantes. Se eu pensar em todas as casas que abrimos nos últimos 30 anos, a maioria delas está em prédios interessantes como o prédio de São Paulo. E conhecíamos o Alex [Allard, proprietário da Cidade Matarazzo]. Não foi sobre estar em uma área de luxo, mas sobre criar uma casa incrível.
Quais são os principais serviços oferecidos aos membros da Soho House?
Os membros podem vir às 8 e sair às 3 horas. Podem começar o dia trabalhando em nossos espaços, socializar, ter diferentes opções de alimentação dentro da casa, ao mesmo tempo que podem ir à academia, ficar no terraço e na piscina. Teremos eventos de bem-estar, tanto mentais quanto físicos. Vamos oferecer uma série de eventos de networking para ajudar nossos membros a prosperar no trabalho.
Quais são as expectativas da Soho House em relação à resposta e adesão dos brasileiros?
Queremos que nossos membros visitem a casa de três a quatro vezes por semana. Todos os eventos são gratuitos. Então queremos que nossos membros realmente aproveitem ao máximo nossa casa e passem a maior parte do tempo conosco. Gostaria de terminar o ano com 1.000 a 2.000 membros em São Paulo, considerando que é uma casa realmente grande. No final gostaríamos de ter cerca de 5.000 ou mais membros usando nossa casa. Isso deve acontecer nos próximos anos.
Como funcionam as adesões?
Em São Paulo temos mais de 30 membros do comitê que são bem conectados e que encontram pessoas que chamamos de fundadores, que normalmente são de dois a quatro de seus amigos que se encaixam em nossa comunidade em São Paulo. Nessa casa teremos cerca de 500 fundadores, que convidarão um ou dois amigos para serem membros. Considerando a diversidade social e a cultura da cidade, que é enorme, queremos garantir que o grupo seja inclusivo e acessível para uma ampla gama de pessoas. Boa parte dos membros do comitê não se conhece, e isso tem funcionado muito bem ao longo de nossa história de 30 anos.