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Cidade segura atrai bons negócios, diz ex-prefeito de NY

Segundo Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York, o combate à criminalidade é a melhor forma de tornar as cidades brasileiras mais atraentes para os negócios


	Nova York: queda da criminalidade e isenções fiscais tornaram a cidade atrativa para os negócios
 (Mike Segar/Reuters)

Nova York: queda da criminalidade e isenções fiscais tornaram a cidade atrativa para os negócios (Mike Segar/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2015 às 05h56.

São Paulo — O ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani deixou o cargo há mais de uma década, mas não passa um dia sequer sem falar de sua experiência à frente da metrópole. Durante seus dois mandatos, de 1994 a 2001, o republicano criou uma série de medidas duras para o combate ao crime, apelidadas de políticas de tolerância zero.

Com a queda da criminalidade que se seguiu e uma política de isenções fiscais, Nova York tornou-se um polo de atração de novas empresas, sobretudo de tecnologia. É sobre essa experiência que Giuliani falará num evento da empresa HSM em Brasília em setembro.

EXAME - Nova York tem criado milhares de empregos no setor de alta tecnologia. É possível replicar essa experiência nas cidades brasileiras?

Rudolph Giuliani - Claro. Assim como São Paulo e Rio de Janeiro, Nova York sofria por ser uma cidade insegura, com altas taxas de criminalidade. Isso acabava afugentando investimentos. Depois de se tornar mais segura, Nova York voltou a ser atraente para os investidores.

EXAME - Foi só uma questão de segurança pública?

Rudolph Giuliani - Também demos incentivos fiscais a quem estava criando uma nova tecnologia e ajudamos empreendedores a encontrar fundos de venture capital.

EXAME - O senhor acredita que a política de tolerância zero poderia ser implementada no Brasil?

Rudolph Giuliani - É preciso deixar claro que não existe uma política de tolerância zero. É impossível ter uma ação preventiva em 100% dos crimes. O que existe é a teoria das janelas quebradas, criada por dois professores da Universidade Harvard, que defende que não se pode ignorar pequenos delitos, como roubos de baixas quantias ou depredações de propriedades. Eles são a porta de entrada para crimes maiores.

EXAME - De acordo com alguns críticos, essa política incentiva um comportamento truculento por parte da polícia. O senhor concorda?

Rudolph Giuliani - Não. A polícia de Nova York tem sido muito criticada. Por isso, os policiais estão mais relutantes. O resultado é o recente aumento dos índices de criminalidade na cidade.

EXAME - Um programa da prefeitura de São Paulo dá emprego e renda a viciados em crack sem exigir que abandonem as drogas. O que o senhor acha disso?

Rudolph Giuliani - Essa é uma política destrutiva. Um viciado precisa de tratamento médico, não de dinheiro para comprar mais drogas. Só um governo tolo subsidiaria o vício em crack. O Brasil não construiu estádios bilionários para a Copa do Mundo? Com uma parte do dinheiro da Olimpíada, daria para investir no tratamento médico dos viciados e reduzir à metade o problema das drogas no Brasil.

EXAME - Grandes eventos esportivos, como a Olimpíada, são uma bênção ou uma maldição para uma cidade?

Rudolph Giuliani - Depende. Se as pessoas chegarem ao Rio de Janeiro no próximo ano e constatarem que houve redução da criminalidade, isso trará um incentivo à economia local. A Olimpíada de Pequim mostrou ao mundo um país mais moderno. Na Grécia, diferentemente, foi um desperdício de dinheiro.

EXAME - A Copa do Mundo no Brasil foi um bom exemplo?

Rudolph Giuliani - O Brasil deixou uma boa impressão, apesar das obras superfaturadas. O país tem potencial para ser mais relevante, mas perde muito com a corrupção em todas as esferas.

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