Revista Exame

CEB, uma luz à frente

Num mercado em transformação, a CEB quer se aproximar da comunidade

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2011 às 19h44.

Antônio Alves* tem 31 anos e trabalha com carteira assinada numa prestadora de serviços de reparo e manutenção. Seu dia é tomado pelos trabalhos de marcenaria e limpeza. À noite, é a vez da filosofia. Alves está no 1o ano de faculdade.

A escolha que fez no vestibular talvez o ajude a entender seu tortuoso caminho até aqui: hoje, é trabalhador elogiado pelo chefe e estudante dedicado -- depois de cumprir cinco anos de cadeia. "No futuro, quero prestar um concurso e ter uma vida normal, como qualquer cidadão", diz ele, ainda em liberdade condicional.

Alves foi um dos beneficiados pelo convênio CEB/Funap (Fundação de Apoio ao Trabalhador Distrital Preso), que tenta trazer detentos de volta ao mercado de trabalho.

O convênio começou em 1996, mas agora faz parte do Programa CEB Solidária e Sustentável, iniciado em 2001. Trata-se de uma iniciativa para aproximar a Companhia Energética de Brasília (CEB) da comunidade e prepará-la para a abertura do mercado de distribuição de energia elétrica, em 2006. Estão em andamento projetos sociais, ambientais e de relacionamento com funcionários e clientes.

"Envolver a empresa em trabalhos assim é uma forma de mudar a gestão", afirma Flávio Mesquita da Silva, coordenador dos projetos sociais. "Empresas do mercado de energia sempre causam algum impacto. Temos de retribuir, principalmente nas áreas social e ambiental", diz Rogério Carvalho, presidente da CEB, empresa de economia mista com faturamento de 802,8 milhões de reais em 2001.

A companhia está em pleno processo de transformação. "Eles estão cada vez mais abertos a críticas e suges tões", afirma José Maria de Jesus, representante do setor industrial no conselho de consumidores da CEB. A empresa sofre com uma distorção: pela proximidade física, os moradores de Brasília reclamam muito mais à Aneel, a agência reguladora e fiscalizadora do setor, do que o resto dos brasileiros.

Carlos Cunha, representante do Procon, afirma que o atendimento está acima da média nacional. Na área ambiental, a responsabilidade da CEB aumenta rapidamente, com a compra de ativos em geração de energia, atividade mais agressiva que a distribuição, seu negócio original. As ações ainda não cresceram na mesma medida e concentram-se em Brasília -- por exemplo, no monitoramento de qualidade de água do Lago Paranoá.

Só os projetos sociais exigiram investimento de 195 000 reais no ano passado. Um dos principais projetos da empresa é o Luz das Letras, reproduzido da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Seu foco é a alfabetização de adultos. Outro é o Gente de Sucesso, que se propõe a mudar radicalmente a vida de crianças de 6 a 11 anos em situações extremas -- de abandono, miséria e violência.

A Vara da Infância, parceira no programa, indica crianças em dificuldades. A CEB e a ONG Integra entram em ação, matriculando a criança, fornecendo material escolar, uniforme, atendimento de saúde e alimentação adequada. A família inteira é assistida, e os pais são convidados a se tornar parceiros do projeto. "Às vezes é bem difícil. Há mães que batem na criança porque ela sujou o uniforme ou que querem o filho fora do programa para não precisar ir às reuniões", diz Marina Soares, voluntária e funcionária da CEB. "Mas a gente vê uma evolução impressionante nessas crianças."

PONTUAÇÃO POR CRITÉRIO
  Notas*
Valores e transparência 92,3
Funcionários e público interno 71,1
Meio ambiente 47,5
Fornecedores 68,8
Consumidores/ clientes 100,0
Comunidade 87,0
Governo e sociedade 83,3
*Num total de 0 a 100
Acompanhe tudo sobre:BrasíliaCEBcidades-brasileirasEmpresasEmpresas estataisEnergiaEnergia elétricaEstatais brasileirasFilantropiagestao-de-negociosServiçosSetor de educação

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda