Melhores e Maiores 2019: Berneck (Exame)
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2019 às 04h48.
Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 14h40.
Desde 1976, o empresário Gilson Berneck comanda a Berneck, fabricante de painéis de madeira com unidades industriais no Paraná, em Santa Catarina e em Mato Grosso. Nestes 43 anos como presidente, Gilson deu continuidade ao negócio iniciado pelo pai, Bernardo, um imigrante alemão que fundou a empresa no começo dos anos 50, com uma serraria em Bituruna e uma fábrica de beneficiamento de madeira em União da Vitória, ambas no Paraná. A família Berneck saiu de Büsum, cidade no norte da Alemanha, fugindo da Primeira Guerra Mundial. As condições eram ruins na Europa, e a América do Sul apareceu como oportunidade para iniciar uma nova vida.
Antes de vir para o Brasil, os Berneck moraram por um tempo na Argentina, mas não se adaptaram ali. Decidiram então se instalar no Paraná, onde Bernardo começou a trabalhar com madeira, mesmo sem nenhuma experiência na área. Deu certo, e a Berneck é hoje uma das três maiores fabricantes de painéis de madeira do Brasil — o produto é usado na construção e na reforma de imóveis residenciais e comerciais, além de ser matéria-prima para fabricantes de móveis planejados. No ano passado, a empresa faturou 443 milhões de dólares, um crescimento de 12% em relação a 2017. O lucro foi de 66 milhões de dólares, 28% mais do que no ano anterior.
Um grande passo nos negócios da Berneck foi dado em meados dos anos 60. Com as dificuldades enfrentadas pela economia brasileira na época, Bernardo percebeu que precisaria diminuir a dependência em relação ao mercado interno e apostar nas exportações. Pediu, então, que seu filho Gilson visitasse alguns países que costumavam comprar madeira do Brasil. A iniciativa logo trouxe resultado, com o primeiro embarque para Porto Rico. Desde então, a Berneck não parou mais. Hoje, os painéis de madeira da empresa são comercializados no mundo inteiro — os principais mercados são os Estados Unidos, a China, Israel e países da América do Sul. Nos últimos cinco anos, a receita com as exportações praticamente quadruplicou — de 45 milhões dólares, em 2013, para 176 milhões, no ano passado. No mesmo período, a fatia das vendas externas na receita da companhia subiu de 14% para 40%. “Nosso custo é competitivo, o que torna viável a exportação”, diz Gilson. “O relacionamento também é importante para ser bem-sucedido nas vendas para o mercado externo. Há empresas na China com as quais fazemos negócios faz mais de 20 anos.”
A Berneck só trabalha com madeira proveniente de florestas plantadas. Todos os anos, mais de 6 milhões de árvores são plantadas pela empresa, que protege uma área nativa equivalente a quase metade do território da cidade de São Paulo. “O Brasil tem um diferencial competitivo, pois o ritmo de crescimento da floresta aqui é superior ao da maioria dos países”, diz Gilson. Com o momento complicado da economia brasileira, ele está convencido do acerto da decisão do pai, que morreu em 1996, de mirar cada vez mais o mercado externo. Em 2018, o produto interno bruto da construção civil — um termômetro para as fabricantes de painéis de madeira — recuou 2,5%, o quinto ano seguido de queda. “O mercado interno caiu bastante nos últimos anos e algumas de nossas concorrentes vêm fechando fábricas”, afirma Gilson. A Berneck vive um momento inverso. Em abril deste ano, anunciou o plano de investir 850 milhões de reais na montagem de uma nova fábrica de painéis na cidade de Lages, em Santa Catarina. A previsão é que a unidade seja inaugurada em 2021, gerando até 350 empregos diretos.