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Brasileiras listadas tiveram o maior ganho da América Latina

As empresas brasileiras são as que mais valorizaram nos últimos 12 meses na América Latina, aponta uma pesquisa para MELHORES E MAIORES

Agência do Bradesco: banco já investiu 6 milhões de reais por meio do seu programa de inovação aberta (Omar Paixão/Exame)

Agência do Bradesco: banco já investiu 6 milhões de reais por meio do seu programa de inovação aberta (Omar Paixão/Exame)

RS

Raphaela Sereno

Publicado em 19 de maio de 2017 às 05h55.

Última atualização em 19 de maio de 2017 às 05h55.

São Paulo — As bolsas de valores costumam servir de termômetro da economia de um país. Mais do que uma fotografia do momento, elas mostram as tendências e as expectativas que se desenham para o futuro. E, a julgar pelos indicadores recentes da BM&F Bovespa, há sinais positivos de retomada da confiança dos investidores no país. Nos últimos 12 meses, o valor de mercado do conjunto das companhias brasileiras de capital aberto subiu quase 30%, o que correspondeu a um aumento de 179 bilhões de dólares — a maior alta entre as bolsas da América Latina.

Segundo analistas, o mercado reagiu positivamente à mudança de governo — Dilma Rousseff foi afastada da Presidência e substituída por Michel Temer há um ano — e deixou para trás a fase mais aguda de incertezas políticas e de crise econômica. Entre as empresas da América Latina com as maiores altas em valor de mercado no período, sete são brasileiras: Itaú, Vale, Bradesco, Petrobras, Santander, Banco do Brasil e Eletrobras. Os dados são da consultoria Economatica e serão apresentados com mais detalhes na edição de MELHORES E MAIORES 2017, que chegará às bancas no final de junho.

A lista das empresas latino-americanas que mais valorizaram nos últimos 12 meses é puxada por bancos brasileiros. O topo é ocupado pelo banco Itaú, que agora vale 75 bilhões de dólares, 22 bilhões mais do que há um ano. O Bradesco é o segundo banco que mais valorizou no período, com alta de 14 bilhões de dólares.

“Esse desempenho é reflexo dos bons resultados que alcançamos, conjugados com a estratégia de completar o crescimento orgânico com alianças e aquisições selecionadas, como a do HSBC Brasil, finalizada em 2016”, diz Alexandre Gluher, vice-presidente do Bradesco. Em um ano de queda na demanda por crédito e de aumento das provisões em razão da inadimplência, o Bradesco adotou um controle mais rigoroso de custos e diversificou as receitas. “A operação de seguros representa agora um terço de nosso resultado e serve de esteio para reduzir a volatilidade.”

A mineradora Vale e a estatal Petrobras recuperaram parte das enormes perdas que tiveram em períodos anteriores. A cotação de mercado da Vale subiu 60% nos últimos 12 meses, atingindo 44 bilhões de dólares. “As ações da Vale acompanharam a alta do preço do minério de ferro e os esforços de gestão da companhia”, diz Luiz Francisco Caetano, analista da corretora Planner.

Depois de ter sofrido quedas acentuadas em 2014 e 2015, o preço do minério de ferro subiu 81% no ano passado. Além disso, a Vale reduziu custos e vendeu ativos. Na Petrobras, o valor de mercado aumentou 28% em 12 meses, chegando a 58 bilhões de dólares no final de abril. “A companhia corrigiu erros do passado que comprometiam seu caixa e arrumou sua política de preços”, afirma Caetano. Os preços dos combustíveis, antes ditados pelo governo, passaram a refletir os valores praticados no mercado internacional.

O movimento de alta das empresas brasileiras contrasta com o de baixa das companhias mexicanas, que até alguns anos atrás estavam entre as mais valorizadas da América Latina. Das dez empresas de capital aberto da região que tiveram maiores quedas em valor de mercado nos últimos 12 meses, nove são do México, entre redes de varejo, companhias de alimentos e bebidas, de telecomunicações e de siderurgia. As ameaças feitas pelo presidente americano, Donald Trump, como a de taxar as importações do México, geraram um clima de incerteza nos investidores

“O fator Trump influenciou para pior o desempenho das empresas mexicanas”, afirma Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economatica. O estudo da consultoria mostra também que, apesar da reação positiva das principais bolsas da América Latina graças, sobretudo, ao bom desempenho do Brasil, o mercado de capitais da região ainda é insignificante em comparação com o dos Estados Unidos. “A Apple vale 748 bilhões de dólares. Com esse dinheiro, é possível comprar quase o conjunto das 273 empresas brasileiras listadas na bolsa”, diz Rivero. Só a Microsoft vale mais do que o total das 120 companhias abertas mexicanas.

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