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Brasil piorou, mas continua ótimo, diz presidente da First Data

Essa é a opinião de Frank Bisignano, presidente mundial da First Data, maior processadora de pagamentos com cartões do planeta

Frank Bisignano, da First Data: "Apesar de tudo, vemos mais oportunidades que ameaças no Brasil" (Germano Lüders/Exame)

Frank Bisignano, da First Data: "Apesar de tudo, vemos mais oportunidades que ameaças no Brasil" (Germano Lüders/Exame)

GN

Giuliana Napolitano

Publicado em 19 de junho de 2017 às 17h30.

São Paulo – O americano Frank Bisignano é um dos executivos mais bem pagos do mundo corporativo. Entre 2015 e 2016, recebeu um total estimado em 65 milhões de dólares por seu trabalho à frente da First Data, maior processadora de pagamentos com cartões do mundo, controlada pelo fundo de investimento KKR (em 2016, a empresa faturou 12 bilhões de dólares).

Ex-executivo dos bancos Citi e JP Morgan, Bisignano esteve no Brasil para se reunir com clientes — e tentar contribuir para a expansão da mirrada operação da First Data no país — dias depois da divulgação das gravações entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista. A EXAME, ele explicou por que, apesar de tudo, continua confiante no futuro do Brasil.

EXAME - O Brasil volta a passar por uma crise política. Isso muda os planos da empresa no país?

Frank Bisignano - De maneira nenhuma. É verdade que a situação econômica piorou, mas o país continua tendo empresas incríveis e ótimas oportunidades de negócio. O crescimento pode não vir exatamente agora, mas as perspectivas são positivas.

EXAME - Uma eventual mudança na Presidência do país não poderia atrasar a recuperação da economia?

Frank Bisignano - As coisas mudam. Ainda que líderes façam a diferença — e isso vale para países e empresas —, há um sistema operacional funcionando todos os dias, e ele pode continuar.

EXAME - A First Data é grande no exterior, mas pequena no Brasil. É difícil competir com as líderes do setor, como a Cielo e a Rede?

Frank Bisignano - Toda complicação gera oportunidades. Quem é persistente acaba ganhando. Nosso histórico mostra isto: saímos do nada e ganhamos espaço num ambiente difícil, de recessão, no qual as regras do jogo favoreciam as grandes empresas. Temos 2,5% de participação em um mercado concentrado.

EXAME - Dá para sair desses 2,5% e chegar a quanto?

Frank Bisignano - Não temos uma meta específica. Queremos contribuir para a expansão dos negócios de nossos clientes. Se tivermos sucesso, vamos crescer. O governo também está determinado a eliminar barreiras à competição. Por isso, apesar de tudo, vemos mais oportunidades que ameaças no país.

EXAME - Não existe uma guerra de preços nesse mercado no Brasil?

Frank Bisignano - Existe, e essa guerra ganha força quando a economia encolhe. Para crescer, é preciso tirar o mercado de alguém, o que pressiona as margens de lucro. Mas é possível fugir disso com produtos e serviços melhores, e é o que vamos fazer no Brasil. Agora que temos massa crítica no país, vamos trazer novas tecnologias.

EXAME - Quais tecnologias?

Frank Bisignano - Temos sistemas inovadores de pagamento, que incluem terminais portáteis — os vendedores podem receber pagamentos em qualquer lugar, por meio de celulares e tablets — e ferramentas de gestão para lojistas.

EXAME - O alvo são pequenas e médias empresas? Outra concorrente, a PagSeguro, vem crescendo bastante nesse segmento. 

Frank Bisignano - São empresas de todos os tamanhos. Achamos que sabemos o que nossos clientes querem e, por isso, estamos criando uma versão para o Brasil de um produto que já existe nos Estados Unidos. Mas, se os clientes pedirem mais mudanças, podemos avaliar. Temos capacidade de entregar.

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