Kenneth da Nóbrega, embaixador do Brasil na Índia: “Relação é antiga e sem passivos” (Divulgação/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 26 de junho de 2025 às 06h00.
Nova Déli* - Na sala do embaixador do Brasil na Índia, uma maquete toda branca reproduz a futura embaixada brasileira. O projeto almeja atender a uma demanda crescente: em quase dois anos, foram 72 missões brasileiras no país, cerca de três vezes mais do que a média para o mesmo período, conta Kenneth da Nóbrega, representante no país desde 2023.
Quinta maior economia do mundo, a Índia está entre os grandes parceiros brasileiros, com algo em torno de 12 bilhões de dólares na corrente comercial. O Brasil é grande fornecedor de commodities, enquanto o setor farmacêutico indiano aumenta investimentos por aqui.
O que tem motivado o crescimento das relações entre os dois países?
A relação com a Índia é antiga e sem passivos. A Índia busca relações internacionais que ajudem na sua ascensão. O Brasil está entre os países que interessam à Índia como uma relação estratégica, com foco em conteúdo econômico e tecnológico. Com 1,4 bilhão de habitantes, o país só conseguirá resolver os problemas sociais por meio do crescimento econômico. Hoje, a Índia é uma grande economia mundial, mas a renda é baixa. Eles veem o crescimento como uma necessidade material, não ideológica. Há um termo: o “Viksit Bharat”. É a visão de uma Índia desenvolvida até 2047, quando o país completará 100 anos de independência.
Quais setores são mais promissores nessa relação?
A agricultura é um setor-chave, especialmente coma exportação de leguminosas como feijão e grão-de-bico. A Índia é um grande produtor agrícola, mas a produtividade ainda é um desafio, o que abre oportunidades para o Brasil exportar tecnologia. Outro setor promissor é a defesa, onde o Brasil tem produtos competitivos, como no setor aeroespacial, com a Embraer oferecendo aviões de alto nível. Além disso, a Índia está interessada em diversificar suas fontes de energia.
*A repórter viajou a convite da Iata.