Revista Exame

As verdinhas do hidrogênio verde

Câmara aprova lei que regulamenta a energia eólica offshore, o que anima o mercado de hidrogênio verde. É agora que o dinheiro vem?

 (Julia Jabur/Exame)

(Julia Jabur/Exame)

Rodrigo Caetano
Rodrigo Caetano

Editor ESG

Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 06h00.

Os negociadores ainda chegavam a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para a abertura da COP28, a conferência do clima da ONU, quando a Câmara dos Deputados aprovou um projeto para a regulamentação da energia eólica offshore — quando as hélices são instaladas em alto-mar. Na delegação brasileira, a notícia foi comemorada. “Como é uma matriz de energia limpa, nós temos um ganho de competitividade extraordinário para produzir hidrogênio verde. Grandes empresas estão entrando pesado na produção de hidrogênio verde”, disse um entusiasmado Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O hidrogênio verde é aquele produzido apenas com energias renováveis.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, disse em entrevista à EXAME­, na COP, esperar que o texto seja aprovado no Senado “sem os penduricalhos”. “Será possível transformar aquilo em uma lei muito importante”, afirmou. Essa empolgação é justificada pela expectativa de investimentos no país, que já ultrapassa as dezenas de bilhões de dólares.

Hugo Figueiredo, presidente do Complexo de Pecém, no Ceará, comemora o interesse das empresas em assinar memorandos de entendimento em projetos de hidrogênio verde. Em março, o executivo recebeu a reportagem da EXAME e comemorava, naquele dia, a assinatura de memorandos com três empresas chinesas. Pecém, um porto de grande porte cujo projeto inicial previa a instalação de uma refinaria, que nunca saiu do papel, está se preparando para ser um hub de produção do hidrogênio verde, aproveitando as vantagens naturais da costa cearense. “Temos aqui no Ceará energia solar abundante, além de energia eólica onshore e offshore abundante”, explica Figueiredo.

Governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT) não disfarça o otimismo quanto aos projetos de energia limpa no estado, em especial os de hidrogênio verde. Ele explica que seu estado e o Rio Grande do Norte são apontados como os melhores locais de produção de energia do vento do mundo. “Além disso, nosso mar não é tão profundo, o que faz com que não seja tão complicado colocar a torre”, diz Freitas. Segundo o governador, o que se vê hoje é uma oportunidade não só para o Ceará e o Nordeste, mas também para o Brasil. Ele conta que teve acesso a estudos internacionais que mostram que o hidrogênio verde brasileiro vai custar em torno de 20% do valor do que pode ser produzido fora. O que faltava para o investimento chegar era a regulação, que já passou na Câmara dos Deputados. Agora, só falta o Senado. 

Acompanhe tudo sobre:1258

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda