Revista Exame

Carta de EXAME | As crises. E as retomadas

Os impactos do coronavírus na economia global vão da incerteza ao desespero, podendo levar, em um cenário extremo, a um recuo de 1,5% em 2020

As crises nas capas históricas da EXAME: retratar as crises e seus desdobramentos, e trazer lições para o Brasil sair mais forte delas, é uma de nossas missões nestes 52 anos /  (Exame/Exame)

As crises nas capas históricas da EXAME: retratar as crises e seus desdobramentos, e trazer lições para o Brasil sair mais forte delas, é uma de nossas missões nestes 52 anos / (Exame/Exame)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2020 às 05h00.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 15h39.

A esta altura do ano você já deve ter ouvido falar do coronavírus Covid-19, que surgiu no interior da China e contaminou mais de 120.000 pessoas mundo afora no início de 2020. Os impactos na economia global vão da incerteza ao desespero. Como mostra a reportagem de capa desta edição da EXAME, num cenário mais extremo, com uma pandemia de longa duração, a economia global poderá recuar 1,5% em 2020, segundo a consultoria McKinsey.

Seria o suficiente para 4 trilhões de dólares sumirem do PIB global por causa de um vírus que provoca uma síndrome respiratória com sintomas semelhantes aos de uma gripe ­— mas que pode ser fatal para pacientes mais velhos e com saúde fragilizada. A reação é exagerada? A reportagem desta edição mostra que a percepção de risco costuma ser resistente a especialistas. Assim, temos mais medo de um novo vírus do que de doenças conhecidas.

Segundo o psicanalista Jorge Forbes, ouvido pela EXAME, o pânico é natural numa sociedade cada vez mais horizontal que está constantemente em busca de identidade — que pode ser conquistada até com o uso de uma máscara de proteção. O Brasil, infelizmente, está acostumado a tragédias — sejam elas importadas ou autoimpostas. Retratar crises e seus desdobramentos, e trazer lições para que possamos sair mais fortes delas, é uma das missões da EXAME em seus 52 anos de história.

Pelas páginas da revista e por nossos canais digitais, executivos, empresários e formadores de opinião se informaram sobre dramas tão variados quanto o confisco de Fernando Collor, a tragédia da aids, o Bug do Milênio (lembra-se dele?), o 11 de Setembro, a derrocada de Dilma Rousseff. Como boa parte desses eventos, a epidemia de coronavírus — e o choque do petróleo por ela estimulado — levou a bolsa brasileira a uma sucessão de reveses.

No dia 9 de março, o Ibovespa caiu 12%, em seu pior pregão neste século. Para além da Faria Lima, a crise de saúde tem provocado constantes revisões para baixo a previsão de crescimento da economia brasileira em 2020, um ano que era para ser marcado por uma consistente retomada. A retomada, infelizmente, ficará para depois. Mas, para além do caos generalizado, há oportunidades. A queda do Ibovespa traz chances de compra, assim como empresários tentam aproveitar o momento para reduzir a dependência de fornecedores chineses, mitigando riscos futuros.

Para o governo, as medidas de curto prazo, como um novo provável corte de juros, não podem mascarar a necessidade de manutenção da agenda de reformas econômicas. A EXAME vai continuar estampando as grandes crises em suas reportagens — sobretudo para continuar contribuindo para que o Brasil e seus empresários estejam mais preparados para as próximas. Seja de dentro do Palácio do Planalto, seja dos confins da China, as crises continuarão  acontecendo. E, quando a máscara voltar para a gaveta, os desafios de todos os dias continuarão tão reais quanto em 2016, 2001, 1990…

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