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Melhores & Maiores — As campeãs em 11 setores do agronegócio

Conheça as empresas do agronegócio que se destacaram em um ano de safra recorde de grãos e baixo retorno para os produtores

DR

Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 11h16.

Última atualização em 21 de agosto de 2018 às 11h32.

agronegócio — ainda bem — continua destoando do restante da economia brasileira. Num ano em que o produto interno bruto do país cresceu apenas 1%, o produto interno bruto da agropecuária — que considera apenas as atividades porteira adentro — aumentou 13%. Se consideradas também as atividades desenvolvidas fora das fazendas, como a produção e a distribuição de insumos e a transformação industrial das matérias-primas fornecidas pelo campo, o agronegócio foi responsável por 23,5% do PIB em 2017, a maior fatia em 13 anos, segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.

Na área de grãos, o clima favorável ajudou o Brasil a colher uma safra de quase 239 milhões de toneladas, a maior da história. Apesar do expressivo crescimento da safra, 2017 foi marcado por queda nos preços de vários produtos, como soja, milho, arroz e feijão. Em média, a cotação dos produtos agropecuários teve recuo de 11,5% no ano. Por um lado, ao produzir mais a preços menores, os agricultores contribuíram para o abastecimento dos mercados e para o controle da inflação. Por outro, a queda dos preços relativos se traduziu em perda de rentabilidade.

No cômputo geral, as 400 maiores empresas do agronegócio do Brasil tiveram uma queda de 0,9% no faturamento, que somou 221 bilhões de dólares em 2017. No entanto, os lucros totalizaram 5,4 bilhões de dólares, um aumento de 41% em relação ao ano anterior. O resultado reflete o trabalho permanente das companhias para cortar custos e também a estratégia, de muitas delas, de focar produtos de maior valor agregado. Nas páginas a seguir, conheça as empresas que, em um ano ainda contaminado pelo cenário político conturbado, conseguiram se destacar em 11 setores do agronegócio.


Pelo segundo ano seguido, a Adufértil, fabricante de fertilizantes de Jundiaí, no interior paulista, teve o melhor desempenho do segmento. Aproveitando a boa safra agrícola, a empresa comercializou no ano passado 615 000 toneladas de adubos, 34% mais do que no ano anterior. A fábrica tem capacidade para produzir 40 000 toneladas por mês e se manteve ocupada boa parte do ano. “Operamos com 85% da nossa capacidade”, diz Daniel Lopes, diretor financeiro. O faturamento cresceu 29%, chegando a 204 milhões de dólares. O lucro, porém, caiu 16%, por efeito cambial — a empresa depende de insumos importados. Ainda assim, o retorno sobre o patrimônio, de 44%, foi o melhor do segmento.


Depois de crescer dois anos acima de dois dígitos, a Broto Legal, beneficiadora de arroz e feijão, sofreu com a queda nos preços dos dois produtos que fazem parte do cardápio de muitos brasileiros. Em 2017, a empresa faturou 106 milhões de dólares, um recuo de 22,5% em relação ao ano anterior. Mesmo assim, lucrou 7,3 milhões de dólares e teve um retorno sobre o patrimônio de 22%, além de manter boa liquidez. “Nossa estratégia é ter um bom capital de giro para não depender do mercado financeiro”, diz Lázaro Moreto, presidente da Broto Legal. No início deste ano, a companhia foi vendida para a Cinel Alimentos, do empresário Washington Umberto Cinel, dono da empresa de segurança Gocil.


A Alibem, produtora de carne suína do Rio Grande do Sul, mudou sua política de estocagem de matéria-prima para ração animal em 2016. Devido aos altos preços do milho naquele ano, ela começou a trabalhar com estoques de curto prazo. A política foi mantida em 2017, dessa vez devido à previsão de que o Brasil colheria uma safra recorde de grãos. A estratégia deu certo. A supersafra fez cair os preços do milho e da soja, reduzindo o custo da produção de suínos. A alta do dólar favoreceu as exportações. “O mercado externo representou 62% das nossas vendas no ano passado, enquanto o interno ficou com 38%. Normalmente, há um equilíbrio”, diz Maximiliano Chang Lee, presidente da Alibem.


A quebra da safra brasileira do café conilon — espécie mais usada na produção de café solúvel — em 2017 elevou os preços da matéria-prima e afetou as vendas da paranaense Cacique, maior exportadora de solúvel do país. O resultado foi a perda de contratos pela Cacique, cujo volume de vendas ao exterior caiu 14% no ano passado. Mesmo assim, a Cacique teve um lucro de 54 milhões de dólares, 26% superior ao registrado em 2016. “O desempenho foi fruto de investimentos em inovação para ganho de eficiência e também da decisão de focar os mercados mais rentáveis, que são os Estados Unidos, a Inglaterra, a Rússia e o Japão”, diz Pedro Guimarães Fernandes, diretor comercial da Cacique.


Com foco em produtos de maior valor agregado, o Frigol, frigorífico paulista de carne bovina e suína, teve em 2017 a segunda maior taxa de retorno do segmento: 53%. A empresa começou o ano com 25 lojas do Programa Açougue Completo — parceria com supermercados pela qual os estabelecimentos só compram produtos do Frigol — e terminou com 40 lojas conveniadas. O frigorífico faturou quase 415 milhões de dólares no ano, dos quais 80% no mercado brasileiro. O destaque foi a venda das carnes das marcas Angus Beef e BBQ Secrets. “São cortes especiais para churrasco com uma demanda crescente”, diz Luciano Castiglioni Pascon, presidente do conselho de administração do Frigol.


No segmento de leite e derivados, vários produtos são vistos como commodities — muitos consumidores tendem a escolher o que comprar levando em conta mais o preço do que a marca. Para se diferenciar nesse mercado, já há alguns anos o Laticínios Bela Vista — dono da marca Piracanjuba — vem lançando produtos com apelo de “algo mais”. “Conseguimos praticar preços 10% acima da média do mercado em função de ações de marketing e da linha de produtos com apelo mais saudável, como o leite com zero lactose”, diz Luiz Cláudio Lorenzo, diretor comercial do Bela Vista. Com essa estratégia, a empresa faturou 894 milhões de dólares em 2017, valor 4,5% acima do obtido no ano anterior.


A Klabin faturou 2,6 bilhões de dólares em 2017, obtendo um crescimento de 16% em relação ao ano anterior. Esse avanço foi impulsionado pela nova fábrica de celulose, localizada em Ortigueira, no Paraná. A unidade teve o primeiro ano completo de operação desde a inauguração em junho de 2016. Com a alta dos preços internacionais da celulose e com o aumento das vendas de papéis para embalagens, a Klabin projeta mais um ano de crescimento forte. O plano agora é investir na ampliação da capacidade de produção de papel kraftliner (fabricado com uma mistura de fibras de celulose curtas e longas), que virá integrada a uma nova linha de produção de celulose de 1 milhão de toneladas por ano.


A Jacto, fabricante de máquinas e equipamentos agrícolas do interior paulista, cresceu 11% e faturou 370 milhões de dólares em 2017. O aumento das vendas é atribuído aos produtos lançados nos últimos dois anos e à demanda reprimida nos anos anteriores. Completando 70 anos em 2018, a Jacto aposta na agricultura de precisão e em tecnologias digitais para continuar a crescer. A empresa participou da criação do primeiro curso no país de big data do agronegócio e anunciou, no início do ano, a criação de uma aceleradora de startups. “Hoje, as máquinas geram muita informação. O desafio é saber usá-las de forma inteligente”, diz Jorge Nishimura, presidente do conselho de administração da Jacto.


A crise econômica e a queda de renda da população afetaram negativamente os negócios do Moinho Anaconda, de São Paulo. Em termos reais, a receita caiu 16% no ano passado, para 175 milhões de dólares. Mesmo assim, a empresa fechou o ano com um lucro de 32,5 milhões, um resultado atribuído à política de compras da companhia e à atenção com os custos fixos. “Temos um caixa forte e aproveitamos as oportunidades de compra de trigo de qualidade e em quantidade adequada para fazer estoque”, diz Valnei Vargas, presidente do Anaconda. Assim, a empresa mantém a regularidade da produção e consegue fidelizar os clientes de farinhas para usos específicos, com maior valor agregado.


No ano passado, os juros do programa de modernização da frota agrícola (Moderfrota) não acompanharam o ritmo de queda da Selic, a taxa básica de juro. Com isso, a M.A. Máquinas — concessionária John Deere com 11 lojas no Paraná, em regiões onde predomina o cultivo de grãos — resolveu treinar a equipe de vendas para buscar novos negócios. “Fizemos um trabalho forte em alguns nichos de mercado, com clientes menores, além da venda de colheitadeiras, que dão uma margem maior”, diz Marcos Antonio Giombelli, diretor da empresa. Apesar da queda de 3,4% na receita, que atingiu 129 milhões de dólares, a empresa teve um retorno de 11,5% sobre o patrimônio, a maior taxa do setor.


Uma das principais fornecedoras de denim (tecido para jeans) do mercado brasileiro, a paulista Capricórnio colheu no ano passado os resultados da ampliação do parque industrial e da modernização da gestão iniciadas em 2016. Apesar do pequeno crescimento da receita, que somou 116 milhões de dólares, a empresa fechou o ano com um lucro de 17,5 milhões e a segunda maior taxa de retorno do setor (24%). “Aumentamos em 7% o preço médio de vendas e em 17% o volume de produção. Além disso, trabalhamos na melhoria de processos e produtos, e isso ajudou na redução das despesas operacionais”, afirma Gustavo Manfredini, diretor executivo da Capricórnio.


1. Vendas estimadas pela revista  2. Vendas informadas por meio de questionário 3. Vendas extraídas da demonstração contábil  4. Vendas em moeda constante  5. Controle acionário em maio de 2018  6. Informações ajustadas calculadas pela revista  7. Data do balanço diferente de 31/12/2017  B. Bônus: Guia Exame de Sustentabilidade/Guia você s/a — As Melhores Empresas para Você Trabalhar  NA – Não aplicável  NI – Não informado  T – Transparência        

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