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Na crise, Beira Rio buscou novos caminhos para crescer

Com calçados voltados para a classe C, a Beira Rio evitou subir os preços e foi garimpar clientes em regiões que antes não atendia

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2017 às 05h30.

Última atualização em 10 de agosto de 2017 às 05h30.

É proibido falar em crise perto do empresário Roberto Argenta, presidente da Calçados Beira Rio, da cidade gaúcha de Novo Hamburgo. “Quem quiser trabalhar vai sempre buscar novas oportunidades”, diz Argenta. Foi o que a Beira Rio fez em 2016, quando produziu 85 milhões de pares de calçados, 15% mais do que no ano anterior — a produção nacional avançou pouco mais de 1% no período.

No ano passado, a receita da Beira Rio alcançou 626 milhões de dólares, 8% superior à de 2015. Com calçados voltados para a classe C, uma das mais atingidas pelo encolhimento da renda nos últimos anos, a Beira Rio evitou subir os preços e foi garimpar clientes — seus produtos estão em 25 000 pontos de venda.

“Fomos atrás dos consumidores nas regiões afetadas pelo bom desempenho da agropecuária”, afirma Argenta. “Registramos um bom crescimento no Centro-Oeste, em São Paulo e na Região Sul.” A empresa também foi beneficiada com a migração de consumo de classes mais altas para produtos de custo mais baixo, ganhando clientes da classe B. “Temos um produto com preço competitivo e sintonizado com a moda.” As vendas da Beira Rio concentram-se em calçados com preços entre 59 e 69 reais.

Roberto Argenta, presidente da Beira Rio: voltada para a classe C, a empresa conseguiu atrair também a classe  B por causa da crise | (Germano Lüders/EXAME)

A Beira Rio também aproveitou oportunidades de crescimento nos mercados de países vizinhos, como Paraguai, Bolívia e Equador, cujos consumidores têm gostos parecidos com os dos brasileiros. As exportações, que historicamente representavam 6% das vendas da Beira Rio, aproximaram-se dos 9% em 2016.

A competição com a China, uma pedra no sapato de muitos fabricantes brasileiros de calçados, começa a ser superada. Mesmo com produtos em média 20% mais baratos, os chineses estão ficando para trás. “Somos melhores na criação e conseguimos vencê-los com um produto mais bonito”, afirma Argenta.

Diferentemente dos chineses, que apenas embarcam seus produtos, a Beira Rio tem feito um trabalho de assessoria para os clientes. “Ajudamos o lojista desde a montagem da vitrine até o treinamento das equipes de vendas.”

Se na disputa com os chineses no mercado externo a Beira Rio tem se saído bem, internamente a situação também foi favorável no último ano. A valorização da moeda brasileira levou os chineses a diminuir as vendas no mercado nacional — em 2016, as importações de calçados no Brasil caíram mais de 30% em relação ao ano anterior.

Com 11 unidades fabris, todas no Rio Grande do Sul, a Beira Rio concentra internamente quase toda a produção, ao contrário de outras grandes empresas do setor, que usam muita mão de obra terceirizada. Entusiasta da formação de pessoas, Argenta diz que a Beira Rio gosta de formar toda a sua equipe para criar maior comprometimento dos trabalhadores — nos últimos dois anos, a empresa gerou 1 700 empregos.

Depois de inaugurar uma fábrica em Candelária, no interior gaúcho, em 2015, a Beira Rio está expandindo sua unidade de Sapiranga, a maior de todas. “Precisamos continuar ampliando a produção para crescer, no mínimo, 10% ao ano”, afirma Argenta.

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