O presidente Javier Milei: Argentina terá eleições para o Congresso em outubro (Luis Robayo/AFP/Getty Images)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 06h00.
Em abril, a Argentina adotou câmbio flutuante. Em julho, veio um solavanco: o dólar bateu recorde, sendo cotado a 1.371 pesos. Valor alto, mas dentro da banda autorizada pelo governo, de até 1.460 pesos.
A disparada veio em meio a manobras bruscas na economia e incerteza política. Após a mudança, os argentinos demandaram 12,3 bilhões de dólares, o dobro do que o país recebeu da divisa estrangeira no mesmo período por exportações.
Ao mesmo tempo, o governo acabou com as Letras Fiscais de Liquidez (Lefi), títulos de curto prazo, trocadas pelas Lecaps. Investidores não gostaram e resgataram o dinheiro, o que inundou o mercado com pesos. “O plano carecia de uma estratégia adequada para a gestão de liquidez”, diz uma análise do banco BTG Pactual, do mesmo grupo de controle da EXAME.
A alta do dólar esfriou no começo de agosto, depois que o governo tomou medidas e as colheitas do agro trouxeram dólares. No entanto, esse fluxo se reduzirá nos próximos meses. Além disso, o país terá eleições para o Congresso em outubro, e o cenário incerto deverá aumentar a demanda por dólar.
Apesar do choque, o Fundo Monetário Internacional (FMI) segue proferindo elogios. “Políticas restritivas facilitaram uma transição suave para um regime cambial flexível. A desinflação foi retomada, a economia se expandiu, e a pobreza diminuiu”, disse Kristalina Georgieva, diretora do FMI, em 31 de julho. Em seguida, o fundo liberou 2 bilhões de dólares para a Argentina. Para o país, o desafio é aprender a flutuar na política monetária.