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Aplicativo de emprendedor canadense quer o fim do e-mail

O canadense Stewart Butterfield virou sensação no Vale do Silício com uma ferramenta de comunicação para empresas avaliada em 3,8 bilhões de dólares


	 Stewart Butterfield, do Slack: o aplicativo recebeu meio bilhão de dólares em investimento em três anos
 (Wikimedia Commons)

Stewart Butterfield, do Slack: o aplicativo recebeu meio bilhão de dólares em investimento em três anos (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2016 às 05h56.

São Paulo — O canadense Stewart Butterfield sempre sonhou em criar uma empresa de jogos online. No começo da década passada, fundou a Ludicorp, que foi um fracasso retumbante. Mas Butterfield aproveitou uma das ferramentas do jogo para lançar em 2004 o Flickr, site de hospedagem de fotos.

O barulho foi tão grande que um ano depois o Flickr foi vendido à empresa de internet Yahoo! por 25 milhões de dólares. Já milionário e vivendo no Vale do Silício, o empreendedor canadense tentou, mais uma vez, criar um jogo online. Para facilitar a comunicação de sua equipe enquanto produzia o game chamado Glitch, Butterfield fez um sistema de troca de mensagens voltado para o mundo do trabalho.

Numa repetição da tentativa anterior, o jogo não deu em nada. Já o sistema de comunicação, batizado de Slack, foi lançado como uma plataforma em 2013 e chamou a atenção de investidores. Em menos de três anos, Butterfield já levantou mais de meio bilhão de dólares — 200 milhões apenas na última rodada, no início de abril. O dinheiro fez a empresa alcançar um valor de mercado de 3,8 bilhões de dólares.

O rápido crescimento atraiu a gigante Microsoft. No começo do ano, a empresa de Bill Gates cogitou fazer uma oferta de 8 bilhões de dólares pela plataforma do canadense e acabou desistindo. O lustre na reputação do Slack, porém, já estava feito. O número de usuários ainda é baixo — 2,7 milhões de pessoas usam diariamente o sistema —, mas seus entusiastas apostam que será o WhatsApp do mundo corporativo.

Entre as grandes empresas que já adotaram o Slack estão a fabricante de eletrônicos coreana Samsung e a agência de publicidade britânica Ogilvy & Mather. À primeira vista, o Slack é apenas mais um programa de mensagem instantânea que permite conversas em tempo real. Mas é mais do que isso. Oferece a opção de troca de arquivos e de chamadas em vídeo para reuniões a distância na mesma plataforma.

Como as mensagens ficam arquivadas em um único lugar, é fácil buscar informações antigas. Outra vantagem é que pode ser usado tanto no smartphone quanto no computador. “Esse tipo de plataforma facilita a organização das equipes porque concentra várias ferramentas”, diz Juan González, diretor de pesquisa em transformações digitais para a América Latina da consultoria Frost & Sullivan.

Para coordenar o andamento de projetos hoje, a maioria dos funcionários de empresas médias e grandes usa o clássico e-mail com vários destinatários. É por lá que também costumam ir os arquivos de Word, Excel, PowerPoint e PDF.

As conversas para acertos menores costumam acontecer no ambiente das plataformas de comunicação das empresas, nos aplicativos de mensagem instantânea e nos de vídeo pela internet. A ambição do Slack é aposentar o e-mail e todas as outras opções de comunicação.

Na fabricante americana de software de gestão financeira Intuit, isso já está acontecendo. “Só usamos o e-mail para as informações oficiais”, diz Árley Moura, diretor de produto da Intuit no Brasil.

As barreiras no caminho

Apesar do entusiasmo de investidores e de alguns clientes, é cedo para dizer se o Slack vai se tornar um fenômeno mundial. Para ganhar mercado, o aplicativo terá de dar mais garantias de que as informações trocadas na plataforma ficarão armazenadas em um ambiente seguro.

Empresas como a fabricante alemã de produtos químicos Basf e a farmacêutica americana Johnson&Johnson proíbem os funcionários de usar o WhatsApp para tratar de assuntos de trabalho justamente por causa da falta de controle sobre a informação trocada. Ainda que consiga driblar essa resistência, o Slack terá pela frente a concorrência de grandes veteranas do mundo digital.

Há anos companhias de tecnologia, como Microsoft, Cisco e Unify, vendem programas de comunicação interna. Mais recentemente, as três deram mais atenção a esse mercado e melhoraram suas ferramentas. “Nenhuma das funcionalidades do Slack é difícil de copiar”, diz Jeffrey Mann, vice-presidente da consultoria Gartner, especializada no mercado de software de comunicação e colaboração.

A Cisco oferece um serviço online chamado Spark. A Unify tem o Circuit. Já a Microsoft tem duas soluções semelhantes ao Slack: Yammer e Skype for Business. O principal objetivo dessas ferramentas é reduzir o fluxo de e-mails e organizar as conversas entre os funcionários. Caso o plano de expansão do Slack fique pelo caminho, Butterfield tem sempre uma carta na manga. Pode voltar à ideia de fazer um jogo online.

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